quinta-feira, 25 de abril de 2013

Nação


A Nação, é o Candomblé propriamente dito “dança africana”, é o lado da religião onde se cultuam os Orixás...
A palavra Nação, descende da palavra “natio”, que significa “nascer”, por sua vez ”natio”, descende do substantivo em latim, "nationen" cujo significado é “raça" ou “casta”. Seria então, a ligação:
(nascer) + (raça) = (sua raça de origem)

Já a palavra Orixá, é na verdade a junção das palavras:
(ORI) + (XÁ)
(ORI) = Cabeça
(XÁ) = Senhor ou Luz
então:
(ORI) + (XÁ) = Senhor ou Luz de sua cabeça

Em nossa religião, é fundamental que ocorra uma grande integração com a natureza, pois quanto maior o contato com a natureza, maior será seu desenvolvimento, sua energia, seu axé, e portanto, maior será o cordão (elo) de ligação com seus Orixás.

Dentro da religião, todas as pessoas teriam pelo menos 3 (três) Orixás:
Orixá de cabeça, Orixá de corpo e o Orixá das pernas.

O Orixá da cabeça, é sempre o seu principal, aquele que da suas características pessoais, físicas e morais...
OBS: o único Orixá que pode chegar algum dia no mundo, é seu Orixá de cabeça.

O Orixá do corpo, sempre vai fazer par, casal com seu Orixá de cabeça. Ex: se seu Orixá de cabeça for homem seu Orixá do corpo será mulher, e vice versa...

O Orixá das pernas, é o responsável pelos seus caminhos, por suas conquistas, tanto materiais como espirituais.
OBS: Aqui no RS, é comum, sempre se usar o Orixá Bará para as pernas das pessoas, pois Bará um Orixá ligado diretamente com os caminhos... (como veremos a seguir)

A Nação, tem a sua origem na África, na cidade de Ifé, e foi trazida para o Brasil pelos negros Iorubas (até nos dias de hoje, ainda se vê Orixás chegarem no mundo e falarem em Ioruba).
O pai ou a mãe de santo é a autoridade máxima dentro do Candomblé. Eles são escolhidos pelos próprios Orixás para que os cultuem na terra. Os Orixás os induzem a isto, fazem com que as pessoas por eles escolhidas sejam naturalmente levadas à religião, até que assumam o cargo para o qual estão destinadas. Uma pessoa não pode optar se quer ou não ser um Pai ou Mãe de Santo, se não, acontece durante sua vida fatos que a levem a isto. São pessoas que de alguma forma são iluminadas pelos Orixás para que cumpram seu destino.
Orixás, regentes do mundo terrestre, são divindades intermediárias entre o Deus supremo (Olorum), e o mundo terrestre...
Os Orixás se comunicam com os seres humanos através de vistosos e complexos rituais de origem africanos. As historias são conhecidas através de rezas (cânticos), “porem cantados em africano”, suas comidas, no ritmo de seus toques, e suas cores em determinadas partes da natureza.
Nossa tradição Ijexa, guarda o axé (força) de seu orixá em um Okutá (pedra), que é colocada em uma saboneteira junto com as “ferramentas” especificas de seu Orixá, que ficam sobre a guarda do Babalorixa (pai de santo) ou da Yalorixa (mãe de santo), mais a força maior esta solta na natureza, apenas parte dela, simbolicamente esta no Okutá.
Babalorixas ou Yalorixás mais humildes, não usam o termo "Pai ou Mãe de Santo", e sim o termo "Zelador ou Zeladora de Santo"...

Os Orixás cultuados no Brasil são 12 (doze), (Bará, Ogúm, Oyá, Xangô, Odé, Otí, Ossãnha, Obá, Xapanã, Oxúm, Yemanjá e Oxalá), mais ainda tem outros 5 não muito cultuados, que seriam Oxumaré, Naná Buruke, Ewa, Logun Edé e Osalufan... Todos eles, intercedem em nossas vidas de acordo com o domínio que cada um exerce na natureza...


Nas cerimônias para convocar os Orixás, tradicionalmente, é utilizado o toque de tambores e ages para acompanhar os canticos, onde cada Orixá tem o seu e com sua batida especifica.

Durante essas cerimônias, que normalmente acontecem cerca de 2 (duas) vezes ao ano, são oferecidos presentes, oferendas (comidas típicas de cada Orixá), e sacrifícios que envolvem desde animais de quarto pés a aves. Tirando a parte dos Orixás, toda a carne é consumida pelos participantes e assistência do terreiro. Sendo feito um Amalá (comida do Orixá Xangô, feita basicamente de farinha de mandioca, aguá e muitos temperos), e com as carnes dos sacrifícios é feito um molho bem temperado que acompanha o Amalá no prato. Por ser uma comida de Orixá, não pode ser usado talheres para o consumo desta comida, por respeito. É servido no prato, e comido apenas com a mão.
São feitas outras comidas que também são consumidas pelos participantes, como por exemplo o Atã (uma salada de frutas bem colorida).
Pelo sincretismo correto da religião, apenas uma pessoa é instruída a preparar as comidas no centro (apenas uma pessoa coloca a mão).

Tambor: instrumento musical criado a partir de um cano (largo) ou um tubo onde suas pontas são tampadas com pele de cabra.
Age: instrumento musical criado a partir de um porongo contornado por pequenas miçangas.



A festa de Nação, é feita normalmente a noite. As rezas são tocadas em uma certa sequencia, e toda reza de cada Orixá tem sua saudação (palavra), e um certo gesto que se faz também para salda-lo.

Vamos falar um pouco sobre cada Orixá e as características dos filhos de cada um...
OBS: É muito difícil uma pessoa ter todas as característicasOrixá, normalmente se tem apenas algumas...

Bará
Bará é o Orixá Próprio de Movimento e Interligação. O Mensageiro dos Orixás. Bará pode ser o mais benevolente dos Orixás, se é tratado com consideração e generosidade. Ele é dono das chaves dos portais, encruzilhadas e caminhos. Suas saudações, obrigações e cortes, devem sempre ser feitos em primeiro lugar.
Os filhos de Bará possuem um caráter ambivalente, ora são pessoas inteligentes e compreensivas com os problemas dos outros, e ora são bravas, intrigantes e ficam muito irritados quando são contrariadas. As pessoas filhas de Bará não têm paradeiro, gostam de viagens, de andar na rua, de passear,  e de estar em movimento. Quase sempre estão envolvidas em intrigas e confusões. Guardam rancor com facilidade e não aceitam ser vencidas. Por isso para ter-se um amigo filho de Bará, é preciso que se tenha muito jeito e compreensão ao tratar-se com essa pessoa...

Ogum
Ogum é o Orixá da Lei e seu campo de atuação é a linha divisória entre a razão e a emoção. É O guardião dos procedimentos dos seres em todos os sentidos. Ogum é o Orixá da guerra, da demanda, da luta material e espiritual.
Seu filho carrega em seu gênio todas as suas características. É pessoa de tipo esguio, e procura sempre manter-se bem fisicamente. A sua impaciência é tão marcante que não gosta de esperar. É afoito. Tem decisões precipitadas. Inicia tudo, sem se preocupar como vai terminar e nem quando. Está sempre em busca do considerado o impossível.
Ama o desafio. Não recusa luta e quanto maior o obstáculo mais desperta a garra para ultrapassá-lo. Como os soldados que conquistavam cidades e depois a largavam para seguir em novas conquistas, os filhos de Ogum perseguem tenazmente um objetivo: quando o atinge, imediatamente o larga e parte em procura de outro. É insaciável em suas próprias conquistas.

Oyá
O maior e mais importante rio da Nigéria chama-se Níger, é imponente, e atravessa todo o país. Espalha-se pelas principais cidades através de seus afluentes, por esse motivo tornou-se conhecido com o nome Odò Oya, já que ya, em iorubá, significa rasgar, “espalhar”. Esse rio é a morada da mulher mais poderosa da África negra, a mãe dos nove orum, dos nove filhos, do rio de nove braços, a mãe do nove, Ìyá Mésàn, Iansã (Yánsàn), Oyá...
Oyá é a mulher guerreira que, em vez de ficar no lar, vai à guerra. São assim os filhos de Oyá, que preferem as batalhas grandes e dramáticas, ao cotidiano repetitivo do dia-a-dia. Costumam ver guerra em tudo, sendo portanto competitivos, agressivos e dados a ataques de cólera. os filhos de Oyá costumam ser mais individualistas, achando que com a coragem e a disposição para a batalha, vencerão todos os problemas.
É uma forte característica, ser filhos da deusa, aquelas pessoas que repentinamente mudam todo o rumo da sua vida por um amor ou por um ideal.
Para os filhos de Oyá, viver é uma grande aventura. Enfrentar os riscos e desafios da vida, são os prazeres dessas pessoas, tudo para elas é festa. Escolhem os seus caminhos mais por paixão do que por razão. Em vez de ficar em casa, vão à luta e conquistam o que desejam.
São pessoas extrovertidas e diretas, que jamais escondem os seus sentimentos, seja de felicidade, seja de tristeza. Entregam-se a súbitas paixões e de repente esquecem, partem para outra, e o antigo parceiro, é como se nunca tivesse existido. São extremamente fiéis à pessoa que amam, mas só enquanto amam.

Xangô
Orixá da justiça e do conhecimento (estudo de maneira geral), equilíbrio das forças de um modo geral, ligadas a questões de Justiça. Xangô seria o Orixá do juízo final, o Orixá supremo da justiça, ele, e apenas ele, é quem teria a autoridade de nossos julgamentos (no dia da morte).
Os filhos de Xangô são extremamente enérgicos, autoritários, gostam de exercer influência nas pessoas e dominar a todos, são líderes por natureza, justos, honestos e equilibrados, porém quando contrariados, ficam possuídos de ira violenta e incontrolável. Os filhos de Xangô são tidos como grandes conquistadores, são fortemente atraídos pelo sexo oposto, e a conquista sexual assume papel importante em sua vida.

Odé
É o orixá caçador, que vive nas florestas e nas terras verdes. Esta associado a lua e a noite, por ser o melhor momento para a caça. Sua técnica consiste em esperar, pacientemente, a preza aproximar-se, para então dar seu tiro certeiro. Orixá poderoso, encantado do maior respeito, suas festas são de grande beleza.
Seus filhos são pessoas espertas e com iniciativa, gostam de descobertas e novidades. São místicos e muito intuitivos, mais sempre esperam a hora certa para agir. O lado emocional é sua característica mais marcante, pois é carismático e carinhoso. Costumam ser indecisos e inseguros, mas adoram se apresentar em público e ser o centro das atenções.

Obá
Obá é um Orixá ligado à água, guerreira e pouco feminina. As suas roupas são cor de rosa bem claro, usa um bracelete no braço como escudo, uma espada e uma coroa de cobre. Usa também um turbante na cabeça para esconder a orelha cortada.
0 tipo psicológico dos filhos de Obá, constitui o tipo da mulher de forte temperamento, terrivelmente possessiva e carente. É mulher de um homem só, fiel sempre, nas horas boas e ruins. São combativas, impetuosas e vingativas. Os filhos de Obá não tem muito jeito para se comunicar com as pessoas, chegam a ser duros e inflexíveis. Têm dificuldade em ser gentis e estabelecer um canal de comunicação afetiva com os outros, às vezes são brutos e rudes afastando as pessoas. Isso deve-se ao fato de que os filhos de Obá, na maioria das vezes, sofrerem um certo complexo de inferioridade, achando que as pessoas que se aproximam querem tirar proveito de alguma coisa. De fato, isso tende a acontecer com os filhos de Obá.

Ossãnha
É a divindade das folhas e das plantas medicinais. Considerado o Orixá médico. Conhecedor de todas as ervas e plantas medicinais, Ossãnha é o responsável por esse equilíbrio entre a natureza e o homem.
Os filhos de Ossãnha são calmos, ingênuos e pacíficos. Defendem a ecologia. Os filhos de Ossãnha, são de um modo geral, pessoas equilibradas, controladas, tanto em suas emoções, como em seus sentimentos. Agem de maneira racional, não deixando que a amizade, a inimizade ou opiniões próprias suas, interfiram em suas decisões para com os outros, e sim do que de fato é direito de ser. Possuem grande capacidade e eficiência. De modo geral, normalmente filhos de Ossãnha estão sempre com alguma dor. Filhos de Ossãnha, não sentem fascinação de geito nenhum pelo mar (o respeitam).


Xapanã
Obaluaiê, Omulu ou Xapanã, o mesmo Orixá cultuado com nomes diferentes. Pai bondoso e fraternal para aqueles que se tornam merecedores, através de gestos humildes, honestos e leais (sempre deve ser cultuado). Um dos mais temidos Orixás, comanda as doenças, e consequentemente, a saúde. Assim como sua mãe Nanã, tem profunda ligação com a morte. Tem o rosto e o corpo cobertos de palha da costa, em algumas lendas para esconder as marcas da varíola, em outras já curado não poderia ser olhado de frente por ser o próprio brilho do sol. Seu símbolo é o Xaxará - um feixe de ramos de palmeira enfeitado com búzios.
Seus filhos são obstinados e honestos, mas por outro lado são rancorosos. Gostam muito de prestar ajuda aos outros e são extremamente sensíveis. Tem rosto anguloso, tronco pequeno, e na maioria das vezes são magros, com algumas manchas no corpo.

Oxum
Oxum é adora às margens do rio que tem o seu nome, e desagua na lagoa de Olobá, rente ao golfo de Guiné, após atravessar o território de Ijexá. Por esse motivo, o toque dos atabaques, que acompanha sua dança no candomblé, é denominado ijexá. A dança de Oxun é mímica da mulher faceira, que se embeleza, exibindo com orgulho colares, pulseiras e seu belo cabelo. Diante do espelho, sorri, vaidosa e feliz, por se ver tão linda e sedutora. E é com muita sensualidade que ela se abana com o abebé.
As mulheres filhas de Oxum, são marcadas com forte energia, é muito imponente, delicada, graciosa, geralmente bonitas, feminina, sensual, ingênua, dócil e infantil, desejosa de curar, ajudar e cuidar dos fracos. Marcadas pela afetividade, familiaridade, concordância, maternidade, altruísmo, mas no sentido inverso podemos ter a maledicência. As filhas de Oxum, são pessoas justas, com seu pensamento próprio. Podem ser grandes lideres. Possuem uma grande capacidade de criação de projetos, redações e descursos. Normalmente são pessoas calmas, amigas e extrovertidas. São pessoas que não suportam injustiças, tendo a oportunidade, interferem, tentando ajudar com suas ideias próprias.

Yemanjá
Iemanjá é a rainha do mar. Seu Axé é constituído por pedras marinhas e conchas. Considerada a mãe dos outros Orixás, tem o aspecto de uma matrona, de seios enormes, símbolo da maternidade fecunda e nutritiva.
Ela é mais ligada as águas salgadas do mar, do que as águas doces dos rios, que é domínio de Oxum. Grande mãe, que em alguns terreiros é sincretizada como a mãe da origem e de muitos os outros Orixás, e em outros como mãe com grande coração que teria adotado e criado alguns Orixás como seus próprios filhos...
Os filhos de Yemanjá são sempre sensíveis, emotivos, e podem ter dupla personalidade. São metódicos, aceitam com revolta seu destino, sentem fascinação por tudo que seja oculto. São de estatura forte, amáveis, porém vingativos. Tendência a um único casamento, pois raramente se apaixonam. Filhos de Yemanjá, normalmente são felizes no amor, apenas com outros filhos de Yemanjá ou de Oxalá. Sua revolta intensa é comparada as ondas do mar, num constante vai e vem por toda a vida. Num momento dóceis e amáveis, e de uma hora pra outra, quando não gosta de algo, se transformam rapidamente. Comparado com o mar, que de uma hora pra outra pode começar uma ressaca. Muito amigo, colocam sempre uma amizade verdadeira a cima de TUDO na vida. Tendência a obesidade, câncer de mama (mulheres), problemas de coluna e no estômago.
Seus filhos sentem-se donos da verdade, passam a aparência de calmos, polidos, meigos, humildes, mas no fundo são muito arrogantes quando querem ser, e você nunca sabe o que na realidade estão pensando. O aspecto físico é marcado pelo corpo e a ossadura grande, ancas largas, seios generosos (mulheres). Calmos, sérios, cheios de dignidade, sensuais e fascinantes.

Oxalá
Oxalá é o Orixá associado à criação do mundo e da espécie humana. Oxalá é o detentor do poder procriador masculino. Todas as suas representações incluem o branco. Assume duas formas: OXAGUIÃ jovem guerreiro, e OXALUFÃ, velho apoiado num bastão de prata (APAXORÓ). Oxalá é alheio a toda a violência, disputas, brigas, gosta de ordem, da limpeza, da pureza, a sua cor é o branco (paz).
Os filhos de Oxalá não gostam de pedir ajuda aos outros, são introvertidos, tranquilos e reservados. Uma característica marcante é a honestidade. Alguns possuem uma leve sobressalência nas costas (corcunda). Os filhos de Oxalá são calmos, responsáveis, reservados e de muita confiança. Seus ideais são levados até o fim, mesmo que todas as pessoas sejam contrárias a suas opiniões e projetos. Gostam de dominar e liderar as pessoas. São muito dedicados, caprichosos, mantendo tudo sempre bonito, limpo, com beleza e carinho. Respeitam a todos mas exigem ser respeitados. Para um filho de Oxalá, o dialogo resolve tudo na vida.


A última reza da noite, é conhecida por reza do Alá (pano branco de Oxalá), é a reza de Oxalá, onde é levantado um pono branco no salão, onde todas as pessoas ali presentes, passam em baixo com as mãos erguidas, agradecendo a Oxalá por tudo de bom que a vida tem lhe dado (um momento de agradecimento e reflexão).