terça-feira, 2 de abril de 2013

Superar dificuldades

Superar dificuldades

Você se considera uma pessoa vencedora? Como você encara as dificuldades na sua vida? Espero que você não seja do tipo reclamão, que se acha injustiçado. O sofrimento é diretamente proporcional às reclamações; ou seja, quanto mais você reclama, mais você sofre. Além disso, ninguém gosta de pessoas que vivem reclamando.
Eu sei que você sabe que cada um tem o que merece. Você sabe, não sabe? Cada um colhe o que plantou. Mas só saber não adianta, é preciso aceitar. Se você aceita o fato de que tudo o que acontece na sua vida foi provocado por você, então não há motivo pra revolta, não há do que reclamar.
Algumas pessoas nascem com mais comodidades que as outras. São uma minoria, mas existem. Você provavelmente conhece alguém nessas condições. Alguém que nasce num lar bem estruturado, ganha bons brinquedos e boas roupas na infância, estuda nos melhores colégios, escolhe uma faculdade com a anuência e o apoio dos pais, arranja uma bela noiva ou noivo, se casa e monta um belo e luxuoso consultório ou escritório. Depois de muitas viagens pela Europa e muito convívio com a alta sociedade, vem um ou dois filhos muito rechonchudos e sadios e todos são felizes para sempre.
Pessoas assim são privilegiadas? Aos olhos da Terra, sim. Mas se levarmos em consideração o processo reencarnatório, essa é só mais uma experiência na matéria, como qualquer outra. Pelas facilidades que essas pessoas encontram em suas vidas, sua responsabilidade é maior. Sem contar que para essas pessoas é mais difícil perceber e reconhecer suas fraquezas e falhas de caráter. São naturalmente menos experimentadas pela vida.
A maioria de nós encontra sérias dificuldades desde o começo de nossas vidas. Famílias frágeis, dificuldades econômicas, contato com o trabalho desde cedo, estudo precário, companhias duvidosas, sem falar em doenças, às vezes graves… a lista das dificuldades é imensa.
Essa maioria de pessoas é obrigada a se superar pra conseguir alguma coisa na vida. Se você é bom observador e costuma analisar a si mesmo, sabe exatamente quais são as principais dificuldades que você precisa superar neste estágio na Terra.
A sua vinda pra cá foi planejada, você se comprometeu consigo mesmo a vencer a si próprio. Você desafiou a si mesmo, se propôs a superar seus principais pontos negativos. Para isso você teve que se sujeitar a reencarnar em determinadas condições. Você nasceu exatamente na família a que devia pertencer, no lugar e na época mais favoráveis e nos meios e condições mais propícios para realizar o que você veio realizar.
Não reclame da vida. Você tem a vida que merece. Você traz em você mesmo todas as condições necessárias para o seu próprio melhoramento. Há milhões de pessoas que gostariam muito de viver a sua vida, de estar no seu lugar. Existem bilhões de espíritos desencarnados que fariam grandes sacrifícios pra poder reencarnar na situação em que você reencarnou. Você mesmo, quando esteve em grandes dificuldades, quando passou por um período depressivo, desejaria muito viver o momento que você está vivendo agora.
Quando não estamos num bom momento, muitas coisas que ouvimos parecem simples consolos. Mas isso, por exemplo, não é consolo, é uma verdade incontestável: É na dificuldade que você busca forças dentro de si mesmo que de outra forma não encontraria. É a superação dos obstáculos que fortalece o seu caráter, que faz de você um vencedor. Ou você acha que pra ser um vencedor é preciso ser rico e famoso?
O maior vencedor é o que vence a si mesmo, e isso só é possível a quem conheceu muitas dificuldades, a quem tomou muitos tombos e aprendeu a levantar sempre. Sei que isso não é muito fácil de se colocar em prática. Mas você pode pelo menos reconhecer que as dificuldades são as melhores oportunidades da sua vida. Você cresce e se desenvolve moralmente a partir das dificuldades. Cada uma delas é uma lição que a vida lhe proporciona. A sua parte é aprender. Reclamar não adianta. Reclamar é para os fracos

A Lei de causa e efeito e as suas escolhas

A Lei de causa e efeito e as suas escolhas
 
 
Seja sincero: Você acredita que tudo vai dar certo pra você? Você confia em Deus, na Vida, em você mesmo? Você acha de verdade que a tendência é tudo dar certo sempre? Espero que sim.
Você conhece a Lei de causa e efeito. Você sabe que tudo o que você plantou no passado, você está colhendo agora; e o que você plantar agora vai colher no futuro. Isso é inquestionável. A Lei de causa e efeito é lei de Deus, é parte da justiça de Deus. Aliás, o que conhecemos de Deus são suas Leis. Justas e imutáveis.
Por conhecer a Lei de causa e efeito, algumas pessoas pensam que seu destino está praticamente traçado. Não é nada disso! Acreditar que o destino esteja escrito é determinismo. Isso não existe.
O que você plantou você tem que colher. Mas o modo como você fará a colheita é você quem determina. Os resultados da Lei de causa e efeito podem ser vistos como uma conta corrente. Você tem alguns débitos, mas também tem créditos. Você está um pouco endividado, mas pode ganhar o suficiente pra quitar suas dívidas e ficar com o saldo positivo.
Então você está vendo que não existe azar. Não existe fatalidade, não existe destino traçado. Você faz o seu destino a todo instante, está fazendo neste momento. Vou repetir a pergunta lá de cima: Você acredita que tudo vai dar certo pra você? E por que alguma coisa não daria certo pra você? Desde que seja algo honesto e bom, o normal é que dê certo.
Mas, me permita dizer isso, o seu pior inimigo é você mesmo. Na verdade, no fim das contas, o seu único inimigo é você mesmo. É claro que se você é uma pessoa amorosa e confiante, você não tem inimigos, nem você mesmo. Mas o que eu quero dizer com isso é que somos nós que nos boicotamos. Somos nós que jogamos contra. Somos nós que enchemos nossa mente com pensamentos negativos e inseguros.
É só isso o que pode atrapalhar tudo o que fazemos. O pensamento é criador. O que você pensa com força acontece. As primeiras máquinas fotográficas,  lá em meados do século dezenove, precisavam ficar focadas alguns instantes para captar a imagem. Tudo tinha que ficar imóvel, senão saía borrado.
A sua mente é assim. O pensamento que fica imóvel em sua mente é o que predomina. O pensamento que predomina em sua mente, o pensamento que forma um padrão, é o que determina o que será atraído para você. Se você sente raiva, rancor, revolta, durante alguns minutos, as pessoas à sua volta inevitavelmente serão influenciadas por essas vibrações e talvez até queiram brigar com você. Se você sente amor, alegria, confiança e otimismo, as pessoas à sua volta certamente serão influenciadas por essas vibrações e irão sorrir, talvez tentar se aproximar e conversar com você.
É você quem determina o que acontece em sua vida. Você acha que seria possível que você nascesse destinado a sofrer, destinado a ver tudo na sua vida dar errado? Isso é ridículo! Essa crença na desgraça era tolerável tempos atrás, quando não tínhamos tanto acesso à informação e ao conhecimento. Os deturpadores do cristianismo nos deixaram acreditar em azar, em fatalidade. Isso servia aos seus interesses, dessa forma dominaram a maior parte da população por séculos e séculos.
Mas hoje é um primarismo imperdoável acreditar que as coisas estão fadadas ao fracasso. Você nasceu pra realizar, você nasceu pra criar, você nasceu pra ser feliz e inteligente! A vontade de Deus é que sejamos todos felizes. O destino do espírito imortal é a felicidade. Todos caminham para isso. O tempo que essa caminhada vai demorar depende de cada um de nós. Você decide por você. Você escolhe o que você quer sentir, pensar, falar e fazer na sua vida

O fundo do poço

O fundo do poço
 
 
Você acredita na força que você tem? Você acredita que tem uma capacidade imensa de realização? Se você já enfrentou momentos de grande dificuldade você já teve provas da sua capacidade de superação. Talvez você pense que é nos momentos de dificuldade, que é nos momentos mais complicados que você se fortalece. Isso não deixa de ser verdade. Mas não é preciso chegar ao fundo do poço para usar a sua força.
Não fomos educados para aproveitar nossos recursos interiores. As noções de religiosidade que herdamos ensinam a buscar apoio e consolo numa fonte externa, num Deus longínquo e nem sempre acessível.
Toda a força de que você precisa está dentro de você mesmo. Você tem ao seu dispor uma força potencialmente infinita. Foi isso que Jesus indicou quando nos disse que nós somos deuses.
Por que parece que só temos força quando chegamos ao fundo do poço? Porque é preciso sair de lá. Você é obrigado a isso. Ninguém aguenta ficar muito tempo no fundo úmido e frio do poço. Enquanto tudo vai bem, você não faz questão de perceber que você é muito mais do que aparenta ser, que você é espírito imortal vivendo mais uma experiência na Terra, buscando aprendizado e aperfeiçoamento moral. Quando as coisas não andam da forma como você gostaria que andassem, sua tendência é culpar alguém por isso, esperar que as coisas se resolvam por si mesmas ou delegar a solução dos seus problemas a alguém do seu convívio ou a algum santo ou ao espírito protetor.
Mas quando você não vê mais solução no horizonte, quando se esgotaram as possibilidades, quando não há mais chance de que as coisas mudem sem que você mude, então você se decide a mudar. E daí tudo muda.
Na hora do aperto você muda o seu padrão de pensamentos. Você se torna subitamente responsável e dinâmico. Abandona a inércia mental, deixa de lado as ideias comodistas e negativas, põe em movimento a sua vontade, determina para si mesmo o que você quer e age neste sentido.
Agir é importantíssimo, é a ação que produz resultados. Mas de nada vale ação sem direção definida, de nada vale agir sem planejamento. Não adianta nada agir se você não sabe qual é a sua vontade. Isso parece tão simples que chega a ser banal. Mas na maior parte das vezes não sabemos qual é a nossa vontade, não direcionamos nosso querer num fluxo contínuo e firme.
Por isso você encontra forças nos momentos de maior dificuldade. No fundo do poço a sua vontade se torna bem definida: sair do poço! O seu pensamento não vacila; não há tempo pra isso. O desconforto do ambiente é tão grande que não há espaço pra comodismo ou medo de não dar certo. Você quer sair, você quer erguer-se, você quer respirar o ar puro da superfície, você quer sentir na sua pele os raios do sol lhe aquecendo.
Entao você tem vontade firme e forte. De um momento pro outro, você é um estrategista veterano. Planeja e pratica, quase simultaneamente. O resultado é rápido e inquestionável. De onde surgiu essa força que fez você se movimentar com tanta facilidade? De você, é óbvio. Mas essa força não surgiu graças à dificuldade. Essa força sempre esteve em você. Essa força está em você agora, essa força estará sempre em você.
Essa força é Deus que age através de você, essa força é você, essa força é Deus, essa força é! Você pode usar essa força sempre, em todos os momentos da sua vida. Não precisa esperar que um período mais difícil de sua vida obrigue você a acessá-la. Acretite em si mesmo, em sua capacidade. Desenvolva a sua vontade exercitando-a com pequenos objetivos. Trace metas fáceis e cumpra-as. Conforme você for adquirindo confiança em si mesmo, conforme você conseguir dominar seus pensamentos, objetivos maiores estarão ao seu alcance. Não espere chegar ao fundo do poço pra  utilizar sua força interior…

 

A solução está em você

A solução está em você


Você aprendeu que deve amar a Deus sobre todas as coisas. Mas você sabe que muitos entendem isso como simples adoração, como se Deus precisasse ser paparicado por nós. Gastar os joelhos no chão não resolve as questões realmente importantes da sua vida. Os problemas, os anseios, as dúvidas que você tem no seu íntimo dispensam qualquer ato exterior.
As suas lágrimas, as suas súplicas só têm valor se partirem de você acompanhadas da resolução firme de uma nova postura. Sua tristeza, seu nervosismo, seu medo, nada disso tem valor algum. Pelo contrário. Essas sensações impedem você de se ligar com o mais alto, impedem você de elevar sua vibração.
Amar a Deus é amar o que existe de sublime na sua vida, é amar o que você tem de melhor dentro de si, é amar até o que você não tem mas acredita firmemente que terá. Para vivenciar seu amor a Deus você deve ser grato a tudo o que lhe acontece. Aproveite as coisas boas que ocorrem na sua vida e procure tirar lições das contrariedades. Sempre há alguma coisa a aprender nos momentos difíceis de nossas vidas.
Deus está dentro de você, não se esqueça disso. Não busque forças fora de você. A força que você precisa está em você. Mesmo a ajuda externa que pode vir a você, através dos espíritos trabalhadores, só terá acesso a você com a sua permissão. Nenhum auxílio vindo de fora chegará até você se você não estiver disposto a recebê-lo. Essa disposição compreende purificar seus sentimentos, limpar os pensamentos imundos que encontram acolhida em sua mente.
Deus está em você e tudo o que você precisa para resolver os seus problemas está dentro de você. Não falta absolutamente nada. Você só precisa permitir. Essa permissão acontece quando você perdoa, quando você compreende, quando você passa por cima do seu orgulho, do seu amor-próprio ferido, esquece sua vaidade e aceita que tudo isso é ilusão. Você não é nada disso que o incomoda, você não é esse poço de egoísmo e rancor. Você é apenas uma das manifestações de Deus.
Todos nós reencarnamos cheios de compromissos e bons propósitos. Voltamos à matéria com um monte de tarefas a cumprir. Alguns de nós impõe a si mesmos verdadeiras missões. Só que a maioria falha. E falhamos porque nos distraímos com a matéria, com os prazeres, com as mesquinharias.
Qualquer sentimento baixo que você cultive já é o suficiente para bloquear seus melhores valores internos e impedir que o socorro espiritual chegue até você com eficácia. Raiva, mágoa, rancor, inveja, essas falhas de caráter nos mantém em vibrações baixas, nos prendem cada vez mais aos problemas de que gostaríamos de nos ver livres.
Por isso a reforma íntima é tão urgente. Precisamos estar realmente convencidos de que a mudança interma é necessária. E não devemos esquecer nunca que estamos na Terra para agir. Rezar não adianta nada se não houver ação. É através do trabalho, da atividade produtiva e útil que nós progredimos, que nós encontramos oportunidades de colocar em prática o que vamos aprendendo.
Amar a Deus sobre todas as coisas não é se humilhar em frente a uma imagem, se debulhar em prantos, se queixar da sorte e esperar milagres. Você é um milagre. Um ser feito à imagem e semelhança de Deus, um ser consciente de si mesmo e que sabe o que deve ser feito. 

Criar expectativas sobre as pessoas


Você conhece um materialista de verdade? Eu conheço alguns ateus, todos eles pessoas inteligentes, mas não são do tipo que pesquisa argumentos para refutação de ideias contrárias às suas. Materialista, mesmo, não conheço nenhum.
O materialismo nega a existência de um princípio inteligente independente da matéria. Para eles, inteligência e sentimentos são atributos da matéria. Para os materialistas, a consciência nasce com o desenvolvimento do sistema nervoso no feto e morre junto com o corpo. Os materialistas dizem que a mente é uma secreção do cérebro, do mesmo modo que a bile é uma secreção do fígado, o suco gástrico é uma secreção do estômago e a urina é uma secreção dos rins.
Você sabe que você tem poder sobre o seu cérebro. Você é espírito imortal de passagem pela matéria revestindo um corpo físico. Você comanda um automóvel, você comanda um computador. Eles fazem o que você determina, dependendo do seu conhecimento sobre o funcionamento deles. Com o seu cérebro acontece o mesmo. Você comanda o seu cérebro. O cérebro humano tem uns cem bilhões de neurônios e uns cem trilhões de conexões entre eles. Há mais conexões entre os seus neurônios do que em toda a internet, no mundo todo.
E é você quem comanda tudo. Só que, ao contrário do automóvel ou do computador, o seu cérebro não vem com manual de instruções. Você aprende a usá-lo na prática. E o seu cérebro é apenas o modem da sua mente…
Não é o seu cérebro que vai determinar o que você sente, o que você fala, o que você faz. Você escolhe o seu pensamento. O seu padrão de pensamentos gera seu sentimento dominante. Seus sentimentos criam seu comportamento.
Você perdoa seu automóvel ou seu computador quando eles não correspondem às suas expectativas? Ou você fica profundamente magoado com eles? Nunca vi alguém rancoroso em relação a uma máquina. Se você admite falhas numa máquina com mecanismos e funções limitadas, como exigir que um ser humano aja sempre corretamente? Como esperar que um espírito em fase incipiente de evolução, como nós somos, seja isento de erros? Como querer que um ser estruturado na matéria a partir de um cérebro complexo e desconhecido seja sempre senhor de suas ações?
Quando você lida com um automóvel ou um computador, você sabe o que pode esperar deles. Dependendo do modelo, da potência, do tempo de uso, você pode criar expectativas sobre o seu desempenho. Isso não se aplica às pessoas. Você não pode criar expectativas sobre as pessoas. Se elas mesmas não se conhecem a fundo e não sabem do que são capazes, como criar expectativas em torno delas? Por acaso você sabe exatamente do que você é capaz? Por acaso você sabe tudo o que você é capaz de fazer ou deixar de fazer?
O máximo que você pode esperar de uma pessoa são possibilidades. Elas podem ou não concretizar as possibilidades que você reserva a elas. Se não concretizam de uma forma, podem concretizar de outra. Diferente da expectativa. Se você cria expectativas você pretende ter o domínio sobre alguém que não é você. Já é uma coisa fabulosa ter domínio sobre si mesmo; como esperar que outros ajam como determinamos?
Expectativa frustrada causa mágoa, decepção. Ninguém merece isso. Você não merece ser decepcionado. E a pessoa que não correspondeu às suas expectativas não merece ser tratada como culpada só porque não agiu conforme você esperava que ela agisse. Acho que você concorda com tudo isso. Se você concorda, só resta a você perdoar a quem não correspondeu às suas expectativas. Perdão não é demonstração de bondade. Quem é bom não perdoa. Quem é bom nem sequer se ofende, logo, não há o que perdoar. Perdão é demonstração de inteligência. Aceite que as pessoas falham, assim como você falha. E que ninguém obrigou você a criar expectativas sobre outra pessoa. Você fez isso porque quis. No fundo, a falha foi sua. E, perdoando ao outro, você estará perdoando a si mesmo por ter falhado…

Isso também passa… 

Isso também passa...
Isso também passa…
 
Dizem que Chico Xavier costumava ter sobre a sua cama uma plaquinha onde estava escrito: “Isso também passa…”. Quando se fala em Chico Xavier, hoje, é difícil saber o que é verdade e o que é lenda. Isso provavelmente é verdade, há textos recitados por ele com esse tema.
A placa servia para lembrá-lo de que os momentos de dificuldade passam, vão embora, mais cedo ou mais tarde. E que os momentos de felicidade e entusiasmo não são permanentes, não se pode iludir com uma satisfação momentânea. Tudo é passageiro em nosso estágio evolutivo.
Eu acredito que podemos ser felizes a maior parte do tempo, aqui na Terra. A felicidade completa não está ao nosso alcance, mas todos nós merecemos e queremos ser felizes. Claro que para que isso aconteça, precisamos valorizar o que temos.
E nos momentos de maior dificuldade, como você faz? Você costuma agir com frieza ou se deixa levar pelas emoções? Você é do tipo que se desespera ou procura se acalmar e esperar que a tempestade passe?
Esse é um planeta de provas, lembra? Somos constantemente provados. Sempre que adquirimos novos saberes, novas capacitações, a Vida nos oferece provas de acordo com o nosso grau de adiantamento e maturidade. É assim na vida de relação, no cotidiano, em tudo. Uma criança aprende a ler e a escrever, aprende as operações básicas de aritmética e é submetida a provas para testar seu aprendizado. Se não aprendeu o suficiente para passar de nível, fica estacionada.
As provas continuam em todo o Ensino Fundamental, no Ensino Médio e no Ensino Superior. No âmbito profissional também, conforme você vai aprendendo, vai sendo apresentado a funções mais complexas. No lar acontece a mesma coisa. As responsabilidades são atribuídas conforme o grau de capacitação de cada membro familiar.
Nossa vida em sociedade apenas imita, timidamente, Leis cósmicas imutáveis que regem o universo. A combinação de algumas dessas Leis faz com que sejamos sempre testados em nossos aprendizados. Esses testes não podem ser vistos como castigos ou como caprichos do destino. São os meios que o universo nos faculta, nos oferece, nos disponibiliza, para que possamos subir, degrau por degrau, a longa escada de nosso progresso individual.
Por isso perguntei a você como é a sua reação, o seu comportamento nesses momentos de provação. Os menos otimistas dizem que “uma desgraça nunca vem sozinha”. Negativismo à parte, é mais ou menos assim que acontece. Tudo que plantamos, temos que colher. Às vezes cometemos um erro que se desdobra em mais de uma consequência. E essas consequências se apresentam todas de uma vez só, praticamente ao mesmo tempo. Por isso geralmente o problema não vem sozinho. Há outros problemas de alguma forma relacionados entre si que derivam de um mesmo erro, de uma mesma falha inicial.
Além disso, você não pode esquecer da Lei de atração. Quando algo de muito positivo acontece com você, a sua mente subconsciente ativa a Lei de atração, desencadeando outros acontecimentos que combinem com o seu estado se espírito. O mesmo processo ocorre quando algo de ruim lhe acontece. Você fica tão abalado pelo problema que lhe surgiu que seu estado de ânimo negativo impressiona sua mente subconsciente, ativando a Lei de atração. Por isso mais e mais problemas vão aparecendo…
Falta de fé, esta é a questão. Porque problemas sempre vão existir, e a solução para eles também. Mas falta fé para lidar com o problema quando ele surge. Se tivermos em mente que “isso também passa” e não nos deixarmos abalar, não atrairemos outros problemas. Se nos focarmos em descobrir qual a lição que este problema está nos proporcionando, aprenderemos com ele e o superaremos com mais facilidade. E aquele ditado que diz que “a desgraça não vem sozinha” perderá o sentido, será apenas uma expressão pessimista.
Espiritismo e livre-arbitrio

Espiritismo e livre-arbítrio
Espiritismo e livre-arbítrio


Você é responsável pelos seus atos. Você tem a liberdade de pensar. Ninguém é capaz de impedir ou controlar os seus pensamentos. É através do pensamento que você manifesta a sua liberdade. Se você é livre para pensar, é igualmente livre para falar e agir.
Você pode ser momentaneamente impedido de falar o que gostaria ou de agir de acordo com a sua vontade. Mas esses impedimentos são circunstanciais. Como ser individual que você é, como espírito imortal criado à imagem e semelhança de Deus, portanto, perfectível, você tem ampla liberdade de escolha. Você é o construtor do seu destino.
De acordo com o seu grau de adiantamento moral, você pode se sentir compelido a praticar determinadas ações. Quanto menos adiantado, mais propenso a obedecer aos seus instintos. Conforme você vai se desenvolvendo moralmente, os instintos vão perdendo a autoridade sobre você, sobre suas escolhas. Porque, mesmo aqueles que se deixam guiar pelos instintos, mesmo eles poderiam resistir aos apelos instintivos, se essa fosse a sua vontade. Ninguém é obrigado a ceder aos seus desejos e caprichos.
O livre-arbítrio é a característica que faz de você co-criador com Deus. Nós herdamos de Deus a capacidade de criação. E exercemos essa capacidade pelo nosso poder de escolha. Podemos fazer ou deixar de fazer de acordo com a nossa vontade. Isso nos torna responsáveis pelos atos que praticamos e pelos atos que poderíamos praticar e não praticamos. Responsáveis pelo mal que fazemos e pelo bem que deixamos de fazer.
 Somos influenciados constantemente. Influenciados pelos nossos pais, pela família, pela mídia, pelos livros, pelos ambientes em que vivemos e desenvolvemos nossas atividades. Mas isso não diminui a nossa responsabilidade. Cada um de nós é uma consciência pensante dotada de livre-arbítrio. Sempre temos condições de aceitar ou não as influências que chegam até nós. Ninguém implanta ideias em nossas cabeças sem a nossa permissão. Não existe espírito encarnado ou desencarnado com poder de nos ditar o que pensar, o que falar e o que fazer. Para isso é indispensável o nosso consentimento.
A compreensão do livre-arbítrio nos dá a dimensão real da consciência do que fazemos. Podemos enganar as pessoas, podemos burlar as leis, podemos mentir, enganar, disfarçar, lesar muitas pessoas sem que ninguém perceba. Mas nós sabemos. Nossa consciência está acompanhando tudo. Nossa consciência é a partícula de Deus que nos cabe. E não há como enganar a Deus.
Antes de você reencarnar, você provavelmente tomou resoluções e participou do planejamento das características principais da sua vida atual. Mas isso não quer dizer, de maneira alguma, que tudo esteja escrito em sua vida. Você planejou aspectos importantes como o seu lar, o seu ambiente, as condições em que se deram os seus primeiros anos, algumas questões relacionadas ao corpo físico. Mas você tem pleno poder de modificar o rumo da sua vida, para melhor ou para pior.
O seu livre-arbítrio é o seu poder de escolha. É a sua capacidade de ser o comandante de sua própria existência. Você manda. Você decide. Cada decisão sua produz uma consequência. Sempre. E você tem que arcar com as consequências dos seus atos.

Pedi e obtereis

Pedi e obtereis
Pedi e obtereis


A Vida é uma experiência maravilhosa. Todos os dias temos oportunidade de aprender coisas novas, de fortalecer virtudes, de aperfeiçoar nossos traços de caráter, de desenvolver nossa inteligência. Às vezes essas oportunidades se apresentam disfarçadas de grandes problemas, e nem sempre sabemos como agir com os problemas que nos desafiam.
Na maior parte das vezes em que alguém me pede conselhos, eu não tenho conselhos a dar. A não ser este: Ore. A oração é o recurso universal de contato com Deus. Se você acha que Deus não ouve suas orações, porque você é insignificante demais para ocupar o tempo de Deus, você esqueceu que Deus está dentro de você. Deus está no seu íntimo, nos recônditos do seu ser. Sempre. Basta você perceber isso e se dispor a contatá-lo.
Minha mãe orava sempre antes das refeições. Orava tanto que, quando terminava, a comida já estava fria. Lembro que já na infância eu me questionava se era realmente necessário orar a Deus. Pois não diziam que Ele sabia tudo? Se Deus sabe tudo, qual a importância da oração?
Deus sabe o que precisamos, Deus sabe o que é melhor pra cada um de nós. E sempre disponibiliza o melhor pra nós. Nós é que não O acessamos. Nós não vamos até Ele. Para que contatemos com Deus, é preciso nos desligarmos das preocupações terrenas, das picuinhas que tanto nos atormentam.
Como contatar com Deus? Pela oração. É para isso que serve a oração. Quando oramos, seja pedindo, seja agradecendo, estamos nos colocando em sintonia com Deus, estamos nos tornando receptivos a Deus. Ele está sempre com você. Você é que nem sempre está com Ele. Quando pedimos em oração estamos preparando o campo para ser semeado.
Não podemos entender Deus como se Ele fosse humano como nós. Ele não exige que nós peçamos muitas e muitas vezes. Nós é que precisamos pedir muitas e muitas vezes para conseguirmos alcançar um estado de receptividade. Lembra do que Jesus dizia no Evangelho? Pedi e obtereis, buscai e achareis, batei e abrir-se-vos-á. Temos que ser insistentes. O ideal é que aprendamos a viver em estado de oração. Permanentemente receptivos às dádivas de Deus, que são infinitas.
Mais importante do que pedir é agradecer. A gratidão é o sentimento mais belo e genuíno que eu conheço. Quando estamos em estado de gratidão estamos prontos para receber o que pedimos. Nossa mente subconsciente não sabe diferenciar o que é, o que foi e o que será. Nossa mente subconsciente não diferencia o sim e o não. Nossa mente subconsciente não distingue a verdade da mentira. Para ela é tudo uma coisa só. Toda imagem que chega a ela é tida como real, e tende a se manifestar como realidade material.
Por isso é melhor agradecer do que pedir. Quando pedimos, se estivermos pensando na carência, pensando no que nos falta, é isso o que obteremos: mais carência. Ao agradecermos, nos colocamos numa disposição de receptividade e confiança que atrai mais e mais daquilo que agradecemos.
Não há remédio melhor para os nossos males morais, para os problemas do cotidiano, para a superação de nossas fraquezas e falhas de caráter.
Ainda não damos o devido valor ao que somos, filhos de Deus, feitos à sua imagem e semelhança, portanto, perfectíveis. Nós temos o poder de Deus, nós herdamos de Deus o poder creador. Tudo no Universo é perfeito, tudo obedece a uma ordem preestabelecida e inalterável. Milênio após milênio, a Terra continua girando ao redor do Sol. Nós também somos sujeitos a Leis cósmicas eternas e imutáveis, mas temos algo que se chama livre arbítrio, que nos dá o poder. O poder de escolha, o poder de modificarmos a nós mesmos e ao nosso ambiente. Nosso poder é tanto que não sabemos o que fazer com ele, não sabemos usá-lo. Nada melhor que a oração para começarmos a canalizar esse poder, para usá-lo a nosso favor. Ore. Sintonize-se com o que há de melhor em você. 
Quem fala oque quer


Acredito que você esteja em busca do autoaperfeiçoamento, da reforma íntima. Você comete erros, como eu cometo, como todo mundo comete, mas a sua intenção é melhorar a si próprio.
Nessa procura da verdade, nessas tentativas de equilíbrio, nos deparamos com as mais variadas opiniões e conceitos. Todos os dias surgem soluções miraculosas pra tudo. Dentro do próprio espiritismo há pessoas com posicionamentos muito diversificados.
Nós sabemos que as doenças são causadas por nós mesmos, pelas nossas emoções desreguladas. Muitas doenças são provocadas por sentimentos não externados, como a mágoa, o rancor, a raiva, a tristeza. Se nós não as externamos, se nós não sabemos como agir com elas, o corpo se encarrega disso. O corpo procura purgar, pôr pra fora essas emoções que funcionam como um veneno para o corpo físico. Assim nascem as gastrites, as úlceras, as alergias.
Parece não haver dúvida de que devemos externar os nossos sentimentos e emoções. Não podemos guardar dentro de nós mesmos tudo o que sentimos. Você concorda? Só que algumas pessoas levam isso às últimas consequências, e falam tudo o que passa em suas cabeças. São pessoas que se apresentam como sinceras, francas, diretas.
Acontece que não dá pra ser sempre sincero. Que direito eu tenho de ferir alguém com a minha sinceridade? Como querer ser verdadeiro em todas as ocasiões? Foram precisos milênios de evolução para que a nossa espécie desenvolvesse a fala. Você sabia que o ser humano, por natureza, não tem nenhum órgão especial para a fala? Nenhuma parte de nosso corpo serve exclusivamente para falar. Foi preciso um gigantesco esforço de adaptação. Graças à fala, podemos selecionar os nossos pensamentos, escolher os pensamentos que merecem ser externados.
Você acha que tem o direito de botar pra fora tudo o que você pensa? A pretexto de ser verdadeiro, de ser franco, de não guardar emoções, você acha que pode sair por aí dizendo o que bem entende?
A sinceridade é uma qualidade maravilhosa. Mas nem todas as virtudes são boas o tempo todo. Até bondade demais é prejudicial. Uma mãe ou um pai excessivamente bons para o seu filho o estão prejudicando. Até para as virtudes deve haver equilíbrio.
Não, você não pode dizer sempre tudo o que você quer dizer. Aliás, eu acho que muita, mas muita coisa deve ficar guardada. Entre uma doença psicossomática e um monte de pessoas feridas pelo verbo solto, acho preferível a doença. Dos males, é o menos egoísta.
Você acha que pode dizer pra uma mulher que o novo corte de cabelo dela ficou esquisito? Ou que o vestido novo é muito extravagante? Ou que a maquiagem que ela usa fica melhor em mulheres mais jovens? Você pensa que pode dizer para um homem que ele é muito inseguro? Que ele não tem pulso firme? Você pensa que pode falar pra alguém numa situação grave, de doença ou problema familiar, que o causador de tudo é ele mesmo?
Foram precisos milênios de civilização para chegarmos aonde chegamos.  E um dos motivos de a civilização ter se afirmado foi o respeito à hierarquia e à ordem. A hierarquia e a ordem nos dão noções de comportamento em sociedade que devem ser seguidos. E o resumo desse comportamento é o respeito. Respeito pelo professor porque sabe mais e pelo colega inexperiente porque sabe menos. Respeito pela mãe e pelo pai por suas responsabilidades e respeito pelos filhos por sua imaturidade. Respeito pelos que ensinam e pelos que aprendem, pelos que falam e pelos que calam, pelos que aparecem muito e pelos que quase não aparecem. Antes de dizer o que você pensa, pergunte a si mesmo se isso não vai magoar ou incomodar alguém. Na maioria das vezes vale mais a pena ficar calado.
Falar mal dos outros


Falar mal dos outros é um erro nojento. “O espírita é reconhecido pelo esforço que faz para sua transformação moral e para vencer suas tendências para o mal.” Esta definição de Allan Kardec descreve aquilo que deve ser nosso propósito diário, habitual.
Um efeito colateral da busca constante pelo aperfeiçoamento é a consciência cada vez mais clara de nossas imperfeições, das falhas que cometemos indiscriminadamente, sem pensar. Não me refiro aos grandes dilemas existenciais, característicos de cada um, bagagem que cada um de nós carrega como responsabilidade sua. Falo das pequeninas coisas, picuinhas que normalmente nos passam despercebidas, mas que, quando nos habituamos ao autopoliciamento, tornam-se visíveis para nós, acionam o sinal de alerta da consciência.
Durante a maior parte da vida tentei ser conciliador, quase sempre sem sucesso e muitas vezes sem muita ênfase. O ser humano, pelo menos a classe à qual pertenço, tem o costume pérfido e grotesco de falar dos outros pelas costas. Já me causou muito desgosto ouvir um amigo ou colega falando mal de outro. Depois esse outro fala mal do um. E seria ingenuidade pensar que ambos não falam mal de mim. Muitas vezes tentei evitar, contrabalançar os defeitos apontados com qualidades notórias ou nem tanto, mas a verdade é que nunca me empenhei realmente para isso.
A verdade é que esse é um costume tão arraigado à sociedade que chega a ser bem aceito, e não é tão simples dizer a todos que se quiserem falar mal dos ausentes que o façam em suas respectivas presenças. Certamente todos se melindrariam e quadruplicariam a falação relativa a mim. Isso se não se ofendessem abertamente com tamanha desfeita.
Sei que há pessoas que lidam melhor com esse tipo de situação; são pessoas com tato, que sabem dizer as coisas com brandura e um sorriso nos lábios, seja o assunto que for; pessoas que não se exaltam com facilidade e têm o dom da persuasão. Ainda não é o meu caso. Mas eu chego lá. Já é uma grande coisa eu não ter esse hábito. Quer dizer, não tão arraigado. Um dia desses tive uma recaída. Talvez em outro período de minha vida isso passasse despercebido, ou, se percebesse, não se tornaria num incômodo. Mas tenho me policiado, prestado atenção aos meus pensamentos, palavras e ações. Nesse dia escapou. E não foi nada grave; também não estou morrendo de remorso. Mas percebi. Notei um erro, um erro que recrimino nos outros e que me dá nojo. É que às vezes adotamos, mesmo que não deliberadamente, um estado de espírito em que nos permitimos extravasar um pouco de nossas mazelas, como se tivéssemos o direito de perturbar o ambiente com pensamentos desarmoniosos ou de fazer os ouvidos alheios de penico.
Sejamos mais fortes que isso. Tenhamos sempre em mente que somos pequenina peça de uma engrenagem colossal. Isso o torna menos importante aos seus próprios olhos? Saber que você é um entre incontáveis outros como você o diminui? Claro que não. Somos perfectíveis, temos uma infinidade de possibilidades dentro de nós, uma melhor que a outra. Façamos a nossa parte. Se o melhor de mim é pouco, que ao menos eu me detenha antes de praticar o que há de menos bom em mim. Não é porque um mau hábito é aceito sem discussão que temos o direito de compartilhar dele. Rebaixamos-nos, ao fazer algo que intimamente execramos. E nada é mais degradante do que pegar nojo de si mesmo.
Sexo no Espiritismo



Você acha que o sexo é importante num relacionamento amoroso? Você considera o sexo como uma maneira de amar? Sabemos que o espírito imortal não tem sexo, podendo reencarnar como homem ou mulher. Sabemos também que, conforme vai se depurando, se desmaterializando, o espírito imortal é menos sujeito à necessidade sexual.
Se a tendência é nos libertarmos do desejo sexual com o progresso do espírito, quer dizer que o sexo seja condenável? Claro que não. Conforme formos nos desenvolvendo e aprimorando moralmente, nossos desejos vão diminuindo. Isso vale para a alimentação, para a posse material, para o sexo, para tudo que envolva desejo.
Em nossa cultura milenar judaico-cristã, o sexo sempre foi visto como pecado, tentação, perdição. Talvez pela poderosa carga emocional que o acompanha. Nenhuma outra atividade aciona tão profundamente nossas emoções como o ato sexual. Nada ativa de maneira tão nítida a nossa capacidade de visualização e imaginação.
Não acho que seja digno de questionamento o que vale e o que não vale em matéria de sexo. Estabelecer o que pode e o que não pode era algo que Moisés fazia, mil e quinhentos anos antes de Cristo. Já passamos dessa fase. Sexo não é pecado, você sabe disso. Mas há que se levar em consideração alguns fatores.
Você sabe que os espíritos desencarnados estão por toda parte. A maneira como nós os atraímos é através do pensamento. Nosso pensamento sintoniza com pensamentos semelhantes. Por isso é muito mais importante o cuidado com os pensamentos do que com o ato sexual em si. É preciso ser vigilante com os pensamentos. O que os corpos fazem durante o ato sexual não tem nada de degradante se o pensamento não estiver poluído.
O sexo é uma atração física que pode envolver amor. Supõe-se que se pratique sexo quando há desejo suficiente de parte a parte. Desejo de um pelo outro, atração magnética. Se não há desejo, ou se este não é suficiente, entra em jogo a fantasia sexual. A fantasia sexual é produzida pela imaginação (ação de criar imagens). Imaginação é pensamento. O pensamento é criador. Qualquer fantasia que envolva outra pessoa, mesmo que fictícia, é um convite para que um espírito qualquer junte-se ao casal. Qualquer fantasia que prescinda de terceiros, mas que envolva situações de posse, domínio, dor, humilhação, pode trazer à tona personalidades que animamos no passado, em outras reencarnações, o que não é recomendável.
Se você tem vida sexual ativa, provavelmente vai pensar sobre isso. O poder do sexo é tão grande que um assunto como esse fica mais tempo em sua cabeça. Não se descuide. Na antiguidade já se falava em súcubos e íncubos. Hoje há verdadeiras organizações umbralinas especializadas em vampirização sexual. A palavra “vampirização” pode dar uma conotação de superstição, mistério. Mas não há nada disso. Na verdade o que querem é sua energia. Para se manterem no astral, sem precisar reencarnar, espíritos trevosos precisam da energia dos encarnados, é só isso.
Não chegamos ao estágio evolutivo de abrir mão do sexo. Também não acho que o sexo tenha como finalidade única a reprodução para perpetuação da espécie. Mas é bom lembrar que devemos ser vigilantes também nessas horas. Ou você acha que eu estou exagerando?


Reforma íntima parece ser um termo tipicamente espírita, desses que, quando são ditos, revela a identidade de quem disse para aqueles que lhe ouviram.
            Nos núcleos de estudos espíritas, os frequentadores mais antigos e principalmente os palestrantes espíritas estão tão acostumados com o termo que nunca se lembram que o mesmo pode ser desconhecido para os recém chegados, criando dúvida. A resposta a essa dúvida real motivou o texto abaixo.
            Antes, porém, quero reafirmar que não me configuro um porta voz do espiritismo, simplesmente exponho a minha opinião de estudante, na tentativa de responder a essas duas questões, o que é reforma íntima e qual a melhor maneira de realizá-la.
           
            A REFORMA ÍNTIMA é a reforma o nosso eu, nosso íntimo. É a mudança para melhor, é elevar-se na condição humana deixando de ser egocêntrico (que se considera o centro do universo) e se tornando altruísta. É trocar atitudes erradas por atitudes corretas, erros por acertos que um dia se tornarão virtudes.

            Aqui cabe uma nova pergunta. Porquê se fala tanto da necessidade de reforma íntima, no meio espírita?
No texto Os Bons Espíritas, item 4, capítulo XVII, de O Evangelho Segundo o Espiritismo, Allan Kardec diz “Reconhece-se o verdadeiro espírita por sua transformação moral e pelo esforço que faz para dominar suas más inclinações”. Ora, para vencer as más inclinações, deve-se trocar o errado pelo correto, isso é reforma íntima e é o objetivo de todos que se consideram espíritas.

Qual a melhor maneira de realizar a reforma íntima?

            No Evangelho Segundo o Espiritismo, Santo Agostinho nos dá uma pista, dizendo que o método utilizado por ele era, ao chegar a noite, repassar mentalmente os fatos ocorridos durante o dia e se perguntar se não teria feito mal a alguém, se fez todo o bem que poderia ter feito e assim definir novos padrões de conduta para si.
            O Exemplo de Santo Agostinho, que era estudioso de Platão e Sócrates, reflete uma frase escrita em uma parede reservada do templo grego de Delfos: “Conhece-te a ti mesmo”.
            Das diversas formas de se conhecer a si mesmo, talvez a descrita acima não lhe agrade tanto, vamos citar outra, proferida por Divaldo Franco em uma de suas palestras mais ou menos nesses termos.
            (…) Anote os erros que você tem e já percebe, faça uma lista (“aquele que se julga infalível está bem próximo de cometer uma falha.”). Escolha um desses erros para trabalhar (combater) durante a semana e vá combatendo um a um até que não mais existam e você possa enxergar outros.
            A base para a reforma íntima é o auto-conhecimento, quanto mais nos conhecermos maiores as chances de sucesso.
Espiritismo e relações amorosas

Você acredita que nos encaminhamos para um novo tempo, em que as coisas serão melhores? Você é capaz de perceber que as mudanças já começaram? Nós vivemos durante muitos séculos com o mesmo modelo de sociedade, com o mesmo formato de família, em que cada um tinha o seu papel muito bem definido. Hoje há formatações familiares e amorosas para todos os gostos.
A maior evidência de que estamos atravessando um período de transição é a velocidade com que os costumes e as opiniões estão mudando. A Terra está deixando de ser um planeta de provas e expiações para se tornar um planeta de regeneração. Para isso você e eu estamos nos regenerando. Você sabe que é espírito imortal e que já reencarnou muitas e muitas vezes neste nosso planeta Terra. Pois agora é o momento de abandonarmos nossos velhos preconceitos, nossos padrões culturais ultrapassados.
Não sabemos exatamente como vai ser. Não sabemos qual a estrutura da nova sociedade que vai surgir. Justamente por não sabermos é que a sociedade atual vai testando todos os meios possíveis de se alcançar mais liberdade, mais harmonia, mais amor. Para os mais conservadores os novos modelos familiares parecem o caos. Mas é dessa bagunça que virá a solução.
Todos estão procurando a melhor maneira de viver um relacionamento amoroso e familiar. Há uma tentativa desesperada de vivenciar o amor, e com isso antigos padrões vão sendo derrubados e surgem novas possibilidades. Metade das crianças tem os pais separados. É uma pena, pois você sabe que a criança perde a inocência quando se dá conta de que seus pais se separaram. O modelo padronizado, que estamos acostumados a seguir há séculos, é pai, mãe e filho. É o modo natural de formar referências.
Mas é claro que isso funciona quando o relacionamento é o ideal, e a maioria não é. Nunca houve tantas tentativas de se formar um lar, e nunca houve tantos lares desfeitos. Todos têm se permitido testar, casando e descasando, assumindo filhos do parceiro ou juntando filhos de suas uniões anteriores.
Sabemos que grande parte dos relacionamentos amorosos acontece entre espíritos conhecidos de há muito tempo, que voltam a se encontrar na tentativa de consertar antigos estragos, com o propósito de harmonização, perdão e aprendizado. Quando um casal se separa está na verdade interrompendo esse processo de reajuste, adiando para outra oportunidade o reajuste necessário. O problema é que da próxima vez pode ser em piores condições…
Por outro lado, sabemos que há uniões em que se torna impossível a convivência harmônica, e que por questões de segurança física, mental ou emocional estão fadadas ao fracasso. Pela primeira vez em nossa trajetória espiritual neste planeta há uma liberdade tão grande na escolha de parceiros, e isso deixa claro que todos buscam o amor. Mas essa busca ainda é imatura, pois para amar é preciso entrega, e não é isso o que se vê. Ainda se quer mais ser amado do que amar…
Também nunca se viu tanta solidão. Mesmo em pessoas que se relacionam com outras, se observa a solidão íntima, pois não há entrega de parte a parte, talvez por medo de se tornar dependente emocionalmente de alguém, talvez por esperar que possa aparecer alguém mais interessante, talvez por desacreditar que ainda possa existir amor verdadeiro.
Dessa bagunça de filhos de pais separados, de segundos e terceiros casamentos, de padrastos e madrastas e enteados, de pais e mães solteiros, de casais homossexuais buscando reconhecimento e respeito em suas tentativas de formar núcleos familiares, vai surgir uma nova sociedade. As experiências que se mostrarem erradas não serão repetidas; os modelos familiares que não derem certo serão deixados de lado; a liberalidade vai virar liberdade.
Todo aprendizado se dá pelo amor ou pela dor. Quem conseguir amar e ser amado, quem encontrar harmonia no meio dessa sociedade em ebulição, terá aprendido a lição. Quem não conseguir amar, aprenderá pela dor. E você sabe, eu sei, todo mundo sabe que brincar com sentimentos dói. Quem se perde nessa aventura de sexo livre e procura interminável pelo parceiro ideal, fere muitos sentimentos alheios. E quem fere será ferido…
Estamos construindo o amanhã. E o amanhã é para nós mesmos. No nosso próximo passeio pela Terra vamos conferir o resultado de tantas experiências!

 planetária e mudanças nos costumes  

Transição planetária e mudanças nos costumes
Em nenhum outro momento da História houve uma mudança tão rápida nos costumes e nas regras da sociedade. Sabemos que isso se deve ao fato de vivermos em pleno período de transição planetária. A Terra está deixando de ser um planeta de provas e expiações para se tornar um planeta de regeneração.
Alguns mais afoitos pensam que o mundo vai acabar. Outros torcem para que isso aconteça (!) Mas a mudança se processa sem que seja preciso desligar tudo pra depois ligar tudo de novo. A transformação está ocorrendo, cada vez mais depressa.
Talvez você não saiba, mas a civilização humana tem entre seis e vinte mil anos, dependendo das fontes. E em todo esse tempo, vigoraram praticamente as mesmas regras. Modelo familiar patriarcal, com o homem no comando absoluto da família ou do clã familiar. As profissões e ocupações passavam de pai pra filho, sem possibilidade de escolha. Se o pai fosse comerciante, o filho seria comerciante. Se o pai fosse lavrador, o filho seria lavrador. Se o pai fosse sapateiro, o filho seria sapateiro. Se o pai fosse escravo, o filho seria… você sabe.
A mulher, na sociedade, exercia papel secundário. Isso até cinquenta, quarenta anos atrás. Havia muitas regras a serem seguidas. E que deviam ser seguidas, pois não havia a liberalidade de hoje. Em maio de 1968, na França, tornou-se conhecido o lema “é proibido proibir”. A intenção pode ter sido boa, muitos costumes arcaicos foram abolidos, muitos abusos tiveram fim. Mas o resultado é o que está aí…
Ao lado da liberdade de expressão, o abuso e o desrespeito com o próximo. Quantas vezes você já ouviu falar de agressões a professores por parte dos alunos? Você já parou pra pensar que tipo de cidadãos a sociedade está formando?  E a sociedade somos nós, você, eu e os outros. Por mais adiantado e esclarecido que seja o espírito reencarnante, se ele for mal orientado, não conseguirá desenvolver sua potencialidade.
Estamos formando uma geração inteira de adultos mimados e mal acostumados. Quando uma criança bate o pé e consegue controlar os pais, o que esperar dela no futuro? Paciência? Tolerância? Compreensão?
Sou totalmente favorável à liberdade. Mas descobri que a liberdade está no cumprimento do dever. Como a geração atual terá noção disso se os professores dão provas fáceis aos alunos com medo de represálias? Se os pais não impedem os filhos de nada para evitar “traumas”?
Não, não estou sendo pessimista. Como observador da História, sei que estamos melhores do que nunca em muitos aspectos. Mas espiritualmente nossa responsabilidade é enorme. Em nosso próprio interesse. A geração que está surgindo agora vai implantar as bases do novo modelo de sociedade que encontraremos em nossa próxima reencarnação. Isso mesmo. Em seu próximo passeio pela Terra, você vai encontrar aqui o fruto do que você está plantando hoje. E você terá que colhê-lo…
Nós precisamos saber, e precisamos ensinar à nova geração, que não existem culpados pelas coisas que nos acontecem. Nós somos responsáveis por nossas escolhas, por nossos destinos.
Se o aluno tira notas ruins, o culpado é o professor? Se o trabalhador ganha pouco, o culpado é o governo? Se o bandido comete crimes, a culpa é da sociedade? Se o jovem usa drogas, a culpa é dos pais? Tudo influencia no todo. É claro que estes fatores exercem influência. Mas quem determina o que será de nossas vidas somos nós mesmos.
Não me desespero, de jeito nenhum. Mesmo com todos os problemas que observamos, e você sabe que não mencionei quase nada, mesmo assim aposto muito na geração que desponta agora.
As informações às quais eles têm acesso são virtualmente infinitas. Seu processo de adaptação ao mundo é extremamente dinâmico. Acredito que eventuais arrependimentos e mudanças de rumo em suas trajetórias individuais serão muito mais fáceis do que seriam para as gerações que os precederam.
Devemos ficar atentos. Eles cuidarão de nossa casa até nós voltarmos…

Pais e filhos e as crianças índigo  

Pais e filhos e as crianças índigo
Você compreende seus pais? Não sei se algum outro vínculo afetivo exige tanta compreensão como em relação a nosso pai e mãe. Cada relação precisa de uma determinada qualidade obrigatória para a sua manutenção. Na relação conjugal é a tolerância, na relação entre irmãos o respeito, e por aí vai. Tudo pautado pelo amor, claro.
Mas compreender os pais é algo que devemos fazer, mais cedo ou mais tarde. Ter filhos ou não quase sempre é uma escolha, mas pai e mãe é compulsório. Se os escolhemos, foi antes de reencarnarmos, e sabe-se lá porque voltamos pra cá como filhos deles…
Filhos não vêm com manual de instruções. Não se aprende na escola ou na faculdade como educar filhos. É tudo na prática. Para quem recebe como filho um espírito amigo, parceiro de muitas vidas, o entendimento, a simpatia, os laços de amor facilitam a vida de todos. Mas isso não ocorre como um privilégio de uns poucos escolhidos. Isso ocorre por merecimento, por amadurecimento espiritual e objetivos nobres unindo pais e filhos.
No nosso estágio evolutivo, ainda é muito mais comum que recebamos como filhos antigos desafetos, velhos conhecidos com quem temos ajustes a fazer, companheiros de outras jornadas com quem contraímos dívidas, originadas de crimes e erros de toda espécie. A sabedoria infinita da Natureza faz com que recebamos às vezes um adversário ferrenho sob o disfarce irreconhecível de um bebê frágil e delicado, inspirando cuidados e carinhos.
A Lei de causa e efeito promove a oportunidade de reajuste sempre que a harmonia entre espíritos é quebrada. Cada vez que a harmonia entre dois ou mais espíritos for interrompida, a Lei de causa e efeito reconduz os partícipes dessa desarmonia para uma nova chance, para uma nova tentativa de fraternidade. E a forma mais eficaz dessa fraternidade acontecer talvez seja a convivência no mesmo lar, os laços fortes que unem mãe, pai, filhos.
Não é fácil ser mãe. Não é fácil ser pai. Não é fácil ser filho. Mas não estamos neste planeta pra achar facilidades. Aqui aprendemos a ser fortes, aprendemos a ser disciplinados, aprendemos a controlar nossos pensamentos, aprendemos a amar. Muitas mães e pais se cobram pelos erros que cometeram na criação de seus filhos. Mas essa cobrança, essa percepção do erro só vem com a experiência. Quando os erros foram cometidos, pareciam acertos. A esmagadora maioria das mães e dos pais deu o melhor de si mesma para os filhos, fizeram o que estava ao seu alcance.
É muito fácil perceber um erro depois que somos experimentados no assunto. Mas quando ele acontece é só mais um fato, mais uma ocorrência, mais uma tentativa de acerto. É bom se cobrar. É sinal de maturidade, é demonstração de busca de aperfeiçoamento, de reforma íntima. Mas essa cobrança interna não precisa gerar sofrimento. A única utilidade do sofrimento é alertar que houve um desvio da rota, que o caminho precisa ser corrigido.
Hoje se fala muito em crianças índigo. Busquei alguma coisa na literatura anos atrás, quando me deparei com o assunto, mas confesso que não formei opinião a respeito. Todos os autores se referem às crianças índigo como crianças especiais, que precisam de cuidados especiais. Não sei se é assim ou se não é assim. Mas se todos cuidassem de seus filhos como se fossem crianças índigo, se toda mãe e todo pai seguisse a orientação que se dá para lidar com as crianças índigo, todos os filhos seriam especiais. Filhos não vêm com manual de instruções. Mas as recomendações de como lidar e educar as crianças índigo deveriam ser seguidas em relação a toda e qualquer criança, índigo ou não. Seriam cometidos menos erros, haveria menos cobranças internas e aumentaria a compreensão dos filhos em relação aos pais.


Você dá o devido valor à sua família? Você gosta dos momentos de intimidade em família? Que bom se as imagens que vêm à sua cabeça são boas; que bom se a ideia que surge em sua cabeça ao pensar na família é uma ideia boa, positiva. A família deve ser valorizada, ela é o seu primeiro núcleo social e espiritual.
Mas a intimidade em família nem sempre é benéfica. Você sabe que a família é um grupo de espíritos ligados por desajustes ou necessidades de aprimoramento, a família é um laboratório de experiências reparadoras.  A proximidade entre os membros familiares, o compartilhamento do espaço, o conhecimento aprofundado das pessoas que nos são mais próximas nos possibilita um convívio sem máscaras.
Na vida em sociedade as máscaras são úteis e até necessárias. Ou você acha que pode se mostrar sempre exatamente como você é? Em nosso estágio evolutivo não podemos demonstrar permanentemente o que sentimos e o que pensamos sem ferir as pessoas à nossa volta. Então encarnamos personagens, na melhor das hipóteses não muito diferentes do que somos em realidade
Mas isso é na vida em sociedade, lá fora, na rua, no trabalho, entre colegas e vizinhos. No lar somos mais espontâneos, e quando tiramos a roupa ao chegar em casa tiramos também a máscara. E aí se mostra a face oculta do pacato cidadão. As pessoas economicamente ativas, na maior parte das vezes, passam mais tempo no trabalho do que em casa. E raramente o comportamento é o mesmo nesses dois ambientes, casa e trabalho. O funcionário humilde e cabisbaixo pode ser um pai rigoroso e severo em casa, a executiva exigente de uma organização mostra-se frágil e sem pulso no lar, o chefezinho autoritário não é respeitado por ninguém onde habita.
Mas o lado realmente nefasto das relações domésticas é a intimidade desrespeitosa que se cria com o tempo em muitas famílias. Tratam-se por apelidos pejorativos, procuram defeitos uns nos outros numa disputa baixa e cruel em que a maneira de elevar-se é rebaixando o próximo.
Você já parou pra pensar que não se dá a liberdade de fazer certas brincadeiras com colegas e amigos, mas que faz essas brincadeiras com os familiares? Você percebe que outra pessoa provavelmente se magoaria ou se aborreceria com essas liberdades? Você, que é uma pessoa de boa índole e bons modos, já percebeu que é em família que você se permite eventuais deslizes? Você se dá conta de que em casa você se despe do verniz social que o torna bem aceito pela sociedade e deixa transparecer o que há de podre em você? No entanto, você ama sua família, não ama? As pessoas que você mais ama não são justamente aquelas que fazem parte da sua família?
Se tivéssemos pelos colegas e amigos, se tivéssemos pelas pessoas em geral o mesmo afeto que temos por nossos familiares; e se tivéssemos pelos nossos familiares o mesmo respeito e a mesma noção de distanciamento que temos pelos outros, as relações estariam mais próximas do razoável. Mas o abuso e o desrespeito são mais comuns exatamente para com aqueles que amamos, para com aqueles que nos são mais caros. E aos outros, aos quais respeitamos mais e mantemos um certo distanciamento discreto, raramente dedicamos qualquer sentimento maior do que a simples simpatia.
Talvez a explicação para esse fenômeno seja justamente o fato de que formamos as famílias em busca de reparação de erros pretéritos, como forma de aprendizado conjunto que às vezes vem de milênios! Você sabe que é muito raro o caso de uma família unida unicamente por laços de simpatia e interesse afins.
Mas o conhecimento de que há uma causa milenar gerando efeitos em nosso cotidiano não nos isenta da responsabilidade de tentar, todos os dias de nossas vidas, vencer a nós mesmos. Nós não podemos nos esquecer de que o maior objetivo de estarmos aqui é a tentativa de superação dessas fraquezas que tanto aborrecimento nos causam. E nós já aprendemos que não há fórmula mágica para superar nossa fraquezas. O que há é apenas o bom e velho exercício da tolerância, e do respeito, e da paciência, e do amor, essas coisas todas que já sabemos, mas que precisamos estar sempre lembrando, sempre trazendo à mente, até que, um dia, passem a fazer parte de nossas características de espírito imortal.