segunda-feira, 27 de maio de 2013

As lições do carma


Existem várias interpretações para o significado de carma, de acordo com as doutrinas hinduísta, budista, jainista, e posteriormente do espiritismo (que o chama, em realidade, de “lei da causa e efeito”), da teosofia e do movimento new age. A essência do termo pode ser associada a lei física que diz que “para toda ação existe uma reação de força equivalente em sentido contrário”. A analogia, no entanto, deve ser feita com cautela: primeiro porque o carma não é uma lei científica que possa ser medida em laboratório (embora seja uma lei natural); segundo porque a “reação a ação” geralmente não se dá imediatamente, como em reações físicas, e pode até mesmo levar anos, ou vidas.
Há uma forma superficial e outra profunda de interpretarmos o carma. Imaginemos um exemplo: um inquisidor acusa e mata inúmeros inocentes nas fogueiras durante a época negra medieval, numa outra vida, ele precisará “resolver seu carma”… Na visão superficial, entende-se que ele deva morrer queimado na nova vida, exatamente como suas vítimas. Na visão profunda, entende-se que ele possa também optar, por exemplo, por ser um médico de instituições que auxiliam em zonas de guerra, tratando das queimaduras daqueles que foram vítimas da ignorância dos homens. Existe a via da dor, e a do amor, mas nem sempre estamos aptos a cumprir nossas promessas de caridade – nem sempre o futuro médico se torna, efetivamente, um médico de almas.
É importante, portanto, compreender que o carma não é um sistema de crédito e débito, de “aqui se faz aqui se paga”. Seu mecanismo não atua para “punir os maus” com uma dose de seu próprio veneno. Na realidade, se trata de um remédio, às vezes de gosto amargo, mas que visa sempre impelir aos seres da ignorância para a sabedoria, dos instintos animais para a consciência abrangente, da terra para os espaços cósmicos adiante.
Tendo essa compreensão em mente, acredito que ela possa nos trazer algumas lições:
Adeus inveja
Para quem realmente crê no carma, a inveja não faz sentido. Ora, se tudo o que somos, tudo o que temos, é resultado direto do que fizemos com o tempo que nos foi dado, com as escolhas que nos coube a decisão, então invejar o que os outros têm ou são é tão somente uma forma de ignorância persistente.
Afinal, se tudo o que somos e temos é resultado de nossa própria caminhada, jamais poderemos conseguir alguma coisa apenas porque “desejamos”, porque invejamos de outro alguém… O que parece ser mais sábio é usar os outros como modelo, como incentivo, como a meta a ser alcançada. Não exatamente o que os outros têm, pois tudo o que temos é transitório, mas o que os outros são. Não devemos invejar nem desejar a sabedoria, devemos afinar nossa própria vontade para nos movermos em sua direção. O mero desejo é estagnação, pois nada “cairá do céu” – mas a vontade é o movimento em direção à luz.

A dor aguarda os que ficam para trás
Em dado momento, todos somos livres para escolher a via do amor ou da dor. Qualquer estudioso das doutrinas cármicas saberá que viemos ao mundo para desenvolver nossas potencialidades, e não nossos vícios. Viemos caminhar à frente, e não ficar estagnados na ignorância. Que a evolução espiritual segue a física: nada anda para trás, mas a natureza não costuma poupar os que se arrastam pelo caminho.
Nessa longa trilha, em que as vezes possa parecer que somos como
um cão selvagem acoleirado a uma velha carroça rodando lentamente pelos velhos sulcos, podemos optar por seguir a frente, antes que a coleira nos puxe, ou podemos ladrar como cães raivosos, e nosso latido não impedirá que a coleira nos force o pescoço, que nos provoque dor. No fim, seguiremos a frente, quer queiramos, quer compreendamos aonde vamos, quer não. Melhor escolher o amor, enquanto há tempo, pois as dores desse mundo não se comparam as dores da alma.
Suportamos o que podemos suportar
Conforme a roda avança, a cada um é dado apenas os desafios que podem suportar. Podemos imaginar uma universidade cósmica: o calouro de física não poderá compreender as equações de física quântica ou da teoria das cordas já em seu primeiro ano, mas aqueles que se arrastam nas repetências terão eventualmente que resolvê-las, pois os reitores sabem muito bem que eles já têm a capacidade para tal.
É preciso saber avaliar os desafios por aquilo que são: não desastres, tragédias, ou problemas insolúveis, mas oportunidades de progressão, de entendimento, de edificação de nossas potencialidades.
Muitas vezes, amamos e perdemos, e essa nos parece a maior dor do mundo. Porém, curioso de se pensar: é melhor amar e perder do que nunca haver sequer amado… Os seres vêm e vão, mas a capacidade de amar é uma das potencialidades que jamais andam para trás, e que molda nosso despertar da consciência desde as eras pregressas.
Da próxima vez que estiver a se lamentar por uma perda, e desejar se ver livre do amor que sentia, e que agora dói tanto, pense novamente: a sua dor é uma luz. Os seres que se arrastam nas sombras de si mesmos, que ainda não descobriram o amor, podem parecer mais felizes, mas sua dor é muito mais profunda do que a sua – e você certamente sabe disso, mesmo que de alguma forma obscura, pois todos já estivemos na escuridão.

Só Deus o sabe
Quando nos deparamos com tragédias humanas em pequena ou larga escala, existe essa tentação própria dos seguidores de doutrinas cármicas em elaborar teorias mirabolantes sobre o porque de tais seres terem sofrido este ou aquele infortúnio… Tudo em vão!
Assim como não podemos saber por que o vento sopra aqui ou acolá, jamais poderemos compreender exatamente o que outra parte da substância cósmica experiencia. Somos todos conectados, filhos da mesma substância, formados pelos mesmos átomos e as mesmas fagulhas divinas, mas cada um pode saber apenas de sua própria visão do Cosmos. Não há nenhum ser onisciente além de Deus, ninguém que possa realmente ter habitado nosso âmago profundo e visto o horizonte da mesma forma que nós, e experienciado a caminhada dando exatamente os mesmos passos.
Quando um espírito incorpora, ele habita um corpo, e não outro espírito. Jamais estaremos dentro uns dos outros, de modo que as razões que fazem o mecanismo do carma operar desta ou daquela maneira, só o próprio ser que ama e que sofre tem um breve entendimento, e só Deus o sabe. Ele está dentro de todos nós.

O aflorar da consciência
Se na evolução física das espécies,
a vida é a função do sistema, na evolução espiritual, da qual o carma é o mecanismo primordial, o afloramento da consciência é o grande objetivo a ser alcançado. Nosso caminho foi longo: de fagulhas divinas criadas sabe-se lá onde, neste ou nalgum planeta próximo habitamos coletivamente os reinos mineral, vegetal e boa parte do animal… Nas savanas africanas despertamos, compreendemos ao longo dos séculos que a vida era, afinal, muito mais do que caça e coleta, muito mais do que uma mera luta pela sobrevivência…
Até o dia em que optamos por viver, e não apenas sobreviver. Quando nossas potencialidades amorosas, artísticas e técnicas começaram a aflorar. Quando nos indagamos de onde viemos, e para onde vamos, e o que somos, e surpreendentemente começamos a encontrar elaboradas teorias para o que nos parecia inatingível. Quando olhamos para as estrelas e vimos deuses, e depois vimos fornalhas cósmicas, e depois vimos um turbilhão de galáxias além de tudo aquilo que poderíamos imaginar… Quando vimos o infinito, e lhe estendemos a mão.
A mente que adquire um novo conhecimento jamais retorna ao seu estado anterior. A alma que se abre para o Cosmos, jamais volta a se fechar novamente. A função do sistema não era, afinal, apenas a vida, mas a vida eterna.

A lei do carma
Faça ao próximo aquilo que gostaria que o próximo fizesse contigo.
Resta-nos saber quem são nossos próximos: será nossa família, nossos amigos, nossa cidade, nossa nação, nosso planeta? Serão apenas seres enquanto humanos, ou também os animais, os vegetais, os minerais, a natureza como um todo? Da próxima vez que levantar uma pedra, ou observar um galho partido, saiba que todo o infinito nos abarca, que o reino de Deus está em todo lugar… Apenas esperando que finalmente abra teus olhos para ver.
Como ocorrem as sessões de Umbanda?
Caro amigo,
Os procedimentos mudam de casa em casa. Como a Umbanda não possuí um comando central no plano físico, ao exemplo da Igreja Católica Apostólica Romana, cada centro é livre para organizar suas atividades.
Ilustração de Passes e Pontos de Firmeza
Alguns centros preferem não trabalhar com as legiões de Exu, ou pelo menos não trabalham com eles nas sessões abertas de atendimento. Este grupo em geral é conhecido, mesmo que não corretamente como “Umbanda Branca”. Indiferente de certos ou não, existem! Os outros centros, que são a maioria, trabalham com todas as legiões e vibrações de espíritos que se apresentem, são conhecidos como “Umbanda Cruzada”; nestes locais as entidades de “grupos menores” ou menos conhecidas adequam suas energias e passam a trabalhar em um grupo de vibração mais próxima. Isto pode ficar claro ao verificar um “Boiadeiro” trabalhando em uma sessão de Oxóssi. Quando a casa não esta preparada para ter um momento específico para os boiadeiros eles são forçados a trabalharem em outro grupo ja constituido na cultura do centro. Ainda neste exemplo vais ver muitos centros que não sabem ou não estão preparados, ou ainda preferem não trabalhar com entidades ciganas e suas formas; e portanto os ciganos trabalharão provavelmente nas sessões de exu.
Ilustração de um Congá
Você perceberá que alguns detalhes deveriam ser os mesmos em todas as casas, como a presença de um altar ou no vocabulário cultural da Umbanda um “Congá”, que é o centro de força principal do terreiro. Ali estarão representadas as forças e vibrações que trabalham no local, poderão ter inúmeros itens, desde imagens e pontos riscados, à velas, perfumes, flores, objetos de toda natureza. Os centros possuem um local próximo onde ficam os “ogãs” ou simplesmente cantores. O grupo responsável por conduzir os cânticos ou “pontos cantados”, que são as músicas utilizadas para ordenar as vibrações. Todo centro possuí uma disposição onde se pode observar os trabalhos de qualquer lugar do terreiro, e no geral tem um espaço reservado aos visitantes denominado de assistência.
O rito, ou a condução dos trabalhos mudam conforme cada casa, mas no geral seguem uma mínima sequência lógica:
A preparação do altar e dos centros de força, em geral com pontos riscados com pemba e velas. são focos de energia que serão importantes durante os trabalhos.
Os pontos cantados iniciais, que saudam as grandes forças da criação, muitas vezes começam por um ponto de Oxalá.
As orações de abertura, o Pai Nosso e a Ave Maria, mesmo de origem católica são largamente usados.
Os pontos “das cabeças da casa” são os pontos cantados que evocam e invocam os mentores dos chefes espirituais da casa, pedindo permissão para o início das atividades. Seguem as vibrações de todas as entidades auxiliares do centro.
Os pontos de defesa e proteção, pedindo defesas ao grupo como um todo; muito usados os pontos de Santo Antônio.
A descarga. Tanto com pontos cantados próprios quanto com a defumação, as vezes com pontos de fogo (pólvora) e outras formas de dissolver os miasmas e criações do baixo astral que acompanham os presentes.
A abertura propriamente das atividades do dia vem em seguida com os momentos relacionados as entidades de culto/trabalho do dia. São conduzidos os pontos de vibração, que servem para a aproximação fluídica dos médiuns, ato realizado por suas entidades, criando-se um momento de conexão. Muitas vezes o chefe da casa (entidade) ja incorporou e prefere conduzir pessoalmente deste momento em diante. E os pontos de “incorporação”momento onde as entidades tomam o controle do aparelho físico de seus médiuns.
Médiuns em uma Corrente
No geral existe um período onde estas entidades ficarão vibrando suas atividades pessoais, as responsabilidades de suas legiões e falanges, descarregarão mais um pouco seus aparelhos mediunicos e firmarão suas energias. Cada vez menos se percebe, mas nas casas mais tradicionais cada entidade ao incorporar vai imediatamente saudar as energias do altar central, depois à porta e toda a criação que esta depois do centro, bem como os guardiões “da rua”; vão saudar o chefe da casa, e então se direcionam a um local no terreiro onde vão atender as pessoas. Elas ali gravam seu ponto riscado em uma tábua, firmam uma ponteira de aço e uma vela (ai quase sempre branca) e um copo com água, pura, com sal ou com mel, conforme os trabalhos e a entidade. Se perceber, o que a entidade fez foi criar seu próprio centro de força além do da casa.
Nota deste blog: Os pontos de firmeza narrados acima nem sempre são utilizados. 
Na imensa maioria das vezes é neste momento que os atendimentos são feitos. As pessoas da assistência são convidadas a ingressarem na área de trabalhos da “corrente’” e a escolherem alguma das entidades para sua conversa. Nesta consulta a entidade também começa por conduzir uma limpeza aurica no consulente, de diversas formas, e posteriormente em questionar-lhe os motivos da consulta.
Ilustração da Assistência em um Terreiro de Umbanda
Muito mais se poderia dizer, mas tudo muda MUITO de centro para centro. Mas, no geral é isto. Depois de todos atendidos, os ritos de limpeza final com o intuito de destruir as cargas que foram retiradas das pessoas atendidas e que permanecem no local. O momento de afastamento das vibrações e desincorporação, a liberação dos médiuns e os ritos de encerramento, de forma tradicional são feitos novamente em grupo e com um culto rápido de agradecimento das forças superiores, uma saudação mútua entre todos e o altar principal e os pontos de encerramento no astral das atividades. isto constituí um encerramento energético da sessão e libera as vibrações utilizadas.