quarta-feira, 29 de maio de 2013


 

Oxalá, Oxum, Iansã, Exu Ogum, Xangô e Oxossi em Toy Art

ASSIM NASCEU O CANDOMBLÉ

Candomblé é uma religião derivada do animismo africano onde se cultuam os orixás (a saber), Voduns ( dos Bantus é o mesmo Vudu cultuado no Haiti), Nkisis (originário do povo Kimbundu no norte de Angola) dependendo da nação.


Culto de origem totêmica e familiar, é uma das religiões afro-brasileiras praticadas no Brasil, pelo chamado povo do santo, mas também em outros países como Uruguai, Argentina, Venezuela, Colômbia, Panamá, México, Alemanha, Itália, Portugal e Espanha. Diferente de como acontecia na África onde estes orixás eram cultuados independentemente em cada nação, aqui no Brasil o culto sofreu uma junção em decorrência da importação de escravos onde, agrupados nas senzalas nomeavam um zelador de santo também conhecido como babalorixá.

Assim como nos horóscopos, todas as pessoas tem orixás que regem a sua vida; os orixás de cabeça ou orixás de frente, a energia básica, fundamental de um individuo e o orixá ‘Ajuntó’ de características mais sutis, que ameniza o caráter do orixá de cabeça.

Para entender mais como o candomblé é tido no Brasil conheça a lenda yorubá (povo Nigério-Congolês) que explica o nascimento dos orixás e do próprio candomblé:

No começo não havia separação entre o Orum, o Céu dos orixás, e o Aiê, a Terra dos humanos.

Homens e divindades iam e vinham, coabitando e dividindo vidas e aventuras.

Conta-se que, quando o Orum fazia limite com o Aiê, um ser humano tocou o Orum com as mãos sujas.

O céu imaculado do Orixá fora conspurcado.

O branco imaculado de Obatalá se perdera.

Oxalá foi reclamar a Olorum.

Olorum, Senhor do Céu, Deus Supremo, irado com a sujeira, o desperdício e a displicência dos mortais, soprou enfurecido seu sopro divino e separou para sempre o Céu da Terra.

Assim, o Orum separou-se do mundo dos homens e nenhum homem poderia ir ao Orum e retornar de lá com vida. E os orixás também não podiam vir à Terra com seus corpos. Agora havia o mundo dos homens e o dos orixás, separados. Isoladas dos humanos habitantes do Aiê, as divindades entristeceram.

Os orixás tinham saudades de suas peripécias entre os humanos e andavam tristes e amuados.

Foram queixar-se com Olodumare, que acabou consentindo que os orixás pudessem vez por outra retornar à Terra.

Para isso, entretanto, teriam que tomar o corpo material de seus devotos.

Foi a condição imposta por Olodumare.

Oxum, que antes gostava de vir à Terra brincar com as mulheres, dividindo com elas sua formosura e vaidade, ensinando-lhes feitiços de adorável sedução e irresistível encanto, recebeu de Olorum um novo encargo:

preparar os mortais para receberem em seus corpos os orixás.

Oxum fez oferendas a Exu para propiciar sua delicada missão.

De seu sucesso dependia a alegria dos seus irmãos e amigos orixás.

Veio ao Aiê e juntou as mulheres à sua volta, banhou seus corpos com ervas preciosas, cortou seus cabelos, raspou suas cabeças, pintou seus corpos.

Pintou suas cabeças com pintinhas brancas, como as pintas das penas da conquém, como as penas da galinha-d’angola. Vestiu-as com belíssimos panos e fartos laços, enfeitou-as com jóias e coroas.

O ori, a cabeça, ela adornou ainda com a pena ecodidé, pluma vermelha, rara e misteriosa do papagaio-da-costa. Nas mãos as fez levar abebés, espadas, cetros, e nos pulsos, dúzias de dourados indés.

O colo cobriu com voltas e voltas de coloridas contas e múltiplas fieiras de búzios, cerâmicas e corais.

Na cabeça pôs um cone feito de manteiga de ori, finas ervas e obi mascado, com todo condimento de que gostam os orixás.

Esse oxo atrairia o orixá ao ori da iniciada e o orixá não tinha como se enganar em seu retorno ao Aiê.

Finalmente as pequenas esposas estavam feitas, estavam prontas, e estavam odara.

As iaôs eram as noivas mais bonitas que a vaidade de Oxum conseguia imaginar. Estavam prontas para os deuses.

Os orixás agora tinham seus cavalos, podiam retornar com segurança ao Aiê, podiam cavalgar o corpo das devotas.

Os humanos faziam oferendas aos orixás, convidando-os à Terra, aos corpos das iaôs.

Então os orixás vinham e tomavam seus cavalos.

E, enquanto os homens tocavam seus tambores, vibrando os batás e agogôs, soando os xequerês e adjás, enquanto os homens cantavam e davam vivas e aplaudiam, convidando todos os humanos iniciados para a roda do xirê, os orixás dançavam e dançavam e dançavam.

Os orixás podiam de novo conviver com os mortais.

Os orixás estavam felizes.

Na roda das feitas, no corpo das iaôs,

eles dançavam e dançavam e dançavam.

Estava inventado o candomblé.

Pai de Santo ao centro em frente ao altar, músicos da esquerda para a direita Agogo, Xequerê, Rum, Rumpi e Lé. Freqüentadores a esquerda e orixás na roda de Candomblé: -Exú, Ogum, Oxossi, Xangô, Oxum e Iansã e Oxalá.

Na mitologia Yorubá, há menção de mais de 600 orixás primários, divididos em duas classes, aproximadamente 400 dos Irun do Orun ("céu") Imole e 200 Igbá Imole da Aiye ("Terra").

Estes grupos ainda se dividem em os orixás Funfun (brancos, que vestem branco, como Oxalá e Orunmilá), e os orixás Dudu (pretos, que vestem outras cores, como Obaluayê e Xangô).

Saiba um pouco mais dos orixás mais conhecidos:



Toy Art - Exú Orixá


Exu
É o orixá da comunicação. É o guardião das aldeias, cidades, casas e do axé. A palavra Èsù em yorubá significa “esfera” e, na verdade, Exu é o orixá do movimento (associado a figura de Mercúrio ou Hermes)
É ele quem deve receber as oferendas em primeiro lugar a fim de assegurar que tudo corra bem e de garantir que sua função de mensageiro entre o Orun e o Aiye, seja plenamente realizada.
As saudações de Exu são - Laroyê exú! (yorubá)   ou ainda, Exú é mojubá!
“Saudação amiga à Exú” ; móju (viver à noite) bá (armar emboscada) -  “Exú gosta de viver a noite, sempre capaz de armar emboscadas”.;


Toy Art - Ogum Orixá

Ogum
O senhor dos metais. O próprio Ogum forjava suas ferramentas, tanto para a caça, como para a agricultura, e para a guerra.
Era o filho mais velho de Oduduwa e de Obatalá, o casal primordial e propulsor da criação, os fundadores de Ifé, a antiga cidade Yoruba no sudoeste da Nigéria onde atribui-se o nascimento da lenda dos candomblé.
Associado a São Jorge e a Marte ou Ares
Saudação de Ogum é - Patakori Ogun! (yorubá)  ou ainda, Ogunhê! (brado que representa o força de Ogun) pàtàki (principal); ori (cabeça) – Muita honra em ter o mais importante dignitário do Ser Supremo em minha cabeça!;
Toy Art - Oxalá Orixá



Oxalá
É o Orixá associado à criação do mundo e da espécie humana. Apresenta-se de duas maneiras: moço (chamado Oxaguian, identificado no jogo do merindilogun pelo odu ejionile) e velho (chamado Oxalufan e identificado pelo odu ofun e ejiokô).
A cor de Oxaguiam é o branco levemente mesclado com azul; a de Oxalufam é somente branco. O dia consagrado para ambos é a sexta-feira.
Sua saudação é ÈPA BÀBÁ! Oxalá é considerado e cultuado como o maior e mais respeitado de todos os Orixás do panteão africano. Simboliza a paz, é o pai maior nas nações das religiões de tradição africana. É calmo, sereno, pacificador; é o criador e, portanto, é respeitado por todos os Orixás e todas as nações. A Oxalá pertencem os olhos que vêem tudo;
Toy Art - Oxum Orixá
Oxum
Na religião yoruba, é uma orixá que reina sobre a água doce dos rios, o amor, a intimidade, a beleza, a riqueza e a diplomacia. No candomblé. Oxum é dona do ouro e da nação ijexá.
O seu nome deriva do Rio Osun, que corre na Iorubalândia, região nigeriana de ijexá e Ijebu.
Nas religiões afro-brasileiras é sincretizada com diversas Nossas Senhoras. Na Bahia, ela é tida como Nossa Senhora das Candeias ou Nossa Senhora dos Prazeres. No Sul do Brasil, é muitas vezes sincretizada com Nossa Senhora da Conceição, enquanto no Centro-Oeste e Sudeste é associada ora à denominação de Nossa Senhora, ora com Nossa Senhora da Conceição Aparecida.
Toy Art - Oxossi Orixá



Oxossi
É o orixá da caça e da fartura. Pierre Verger, em seu livro Orixás, diz que o culto de Oxóssi foi praticamente extinto na região de Ketu, na Iorubalândia, uma vez que a maioria de seus sacerdotes foram escravizados, tendo sido enviados à força para o Novo Mundo ou mortos.
Aqueles que permaneceram em Ketu deixaram de cultuá-lo por não se lembrarem mais como realizar os ritos apropriados ou por passarem a cultuar outras divindades.
Saudações de Oxossi são - Okê arô! (yorubá)
Okê (monte); arô (título honroso dado aos caçadores) – Salve o grande Caçador!.
Toy Art - Xangô Orixá

Xangô
No seu aspecto divino, permanece filho de Oranian, divinizado porém, tendo Yemanjá como mãe e três divindades como esposas: Oyá, Oxum e Obá.
Foi ele quem criou o culto de Egungun, sendo ele o único Orixá que exerce poder sobre os mortos.
Xangô é viril e justiceiro; castiga os mentirosos, os ladrões e os malfeitores. Sua ferramenta é o Oxê: machado de dois gumes. Xangô é o Orixá do Poder, ele é a representação máxima do poder de Olorun
Para saudar Xangô diz-se - Kawô Kabiecile! (yorubá)
Ká (permita-nos); wô (olhar para); Ka biyê si (Sua Alteza Real); le (complemento de cumprimento a um chefe) – Permita-nos olhar para Vossa Alteza Real!.
Toy Art - Iansã Orixá

Iansã
Os devotos costumam lhe oferecer sua comida favorita, o àkàrà (acarajé), ekuru e abará.
No candomblé a cor utilizada para representá-la é o marrom, ainda que seja mais identificada com a cor Rosa ou o dourado. No Brasil houve uma grande distorção com relação as suas regências e origens.
Inhansã ou Oiá, como é também chamada no Brasil, é uma divindade da Mitologia Yoruba associada aos vento e as águas, sendo mulher de Xangô, o senhor dos raios e tempestades.
É saudada como "Iya mesan lorun", título referente a incumbência recebida como guia dos mortos.
Em Salvador, Oyá ou Iansã é sincretizada com Santa Bárbara;
Toy Art - Obaluayê Orixá


Obaluaye
Obaluaye em iorubá Obaluàyé é traduzido por (rei e senhor da terra), Oba (rei) aiyê (terra), Obaluaiyê, Obaluaê, Xapanã, também é conhecido como (Babá Igbona = pai da quentura) deus da varíola e das doenças contagiosas, é ligado simbolicamente ao mundo dos mortos.
Tem como emblema o Xaxará (Sàsàrà), espécie de cetro de mão, feito de nervuras da palha do dendezeiro, enfeitado com búzios e contas, em que ele capta das casas e das pessoas as energias negativas, bem como "varre" as doenças, impurezas e males sobrenaturais.
Para saudar Obaluaye - Atoto! (yorubá)
Atoto (Silêncio) – Silêncio! Ele está entre nós!
Toy Art - Iemanjá Orixá

Yemanjá
Iyemanjá, Yemanjá, Yemaya, Iemoja, Iemanjá ou Yemoja é um orixá africano, cujo nome deriva da expressão Iorubá Yèyé omo ejá ("Mãe cujos filhos são peixes"), no Brasil, a orixá goza de grande popularidade entre os seguidores de religiões afro-brasileiras e até por membros de religiões distintas.
Em Salvador, ocorre anualmente, no dia 2 de fevereiro, a maior festa do país em homenagem à "Rainha do Mar".
Yemanjá é saudada como - Odô-fe-iaba! (yorubá)   ou ainda, Odô iá!
Odô (rio); fe (amada); iyàagba (senhora) – Amada Senhora do Rio (das águas) !

Obaluaiê                                                                                                                    Omolu
3omolu
Ictoon

Obaluaiê, Obaluaê, Abaluaiê (de Ọbalúayé, "rei dono da terra", em iorubá), Omolu (Ọmọlu, "filho do senhor", idem) e Xapanã (Ṣànpònná) são os nomes dados ao orixá da varíola e das doenças contagiosas, tanto para enviá-las quanto para curá-las. Ora são considerados nomes diferentes do mesmo orixá, ora se reconhece pelo menos dois: Obaluaiê, mais velho, sincretizado na Bahia com São Roque e Omolu, jovem, sincretizado com São Lázaro.
Seu culto, assim como o de Nanã Burucu, parece fazer parte de sistemas religiosos anteriores a Odudua. Não constam da lista dos companheiros de Odudua ao chegar em Ifé, mas algumas lendas de Ifá dizem que Obaluaiê já estava instalado em Òkè Itaṣe antes da chegada de Orunmilá, que pertence ao grupo. A antiguidade desses cultos é também sugerida por um detalhe dos sacrifícios que lhe são feitos, realizados sem o emprego de instrumentos de ferro, o que sugere que ambos fazem parte de uma cultura anterior à Idade do Ferro e à chegada de Ogum. Diz-se que é filho de Nanã Burucu e originário, como ela e Oxumaré, do país Mahi. No Brasil, os pejis (altares, assentamentos) dessas três divindades são reunidos numa mesma cabana, separada das dos outros orixás.
Segundo Frobenius, haveria dois Xapanãs: um de origem tapá, que ele chama de Ṣànpònná-Airo e o outro,que teria ido a Oyó, vindo do Daomé, que chama de Ṣànpònná-Boku, aproximando-o de Nanã Burucu. Existe muita confusão a respeito de Ṣànpònná, Ọbalúayé, Ọmọlu e Mọlu, que se misturam em alguns lugares e em outros são orixás distintos, e também com Nanã Burucu, igualmente confundida com eles. Segundo Pierre Verger, é possível tanto que se trate de:
  • - ou um sincretismo entre duas divindades, uma do leste, Ṣànpònná-Ọbalúayé (Nàná-Buruku), e outra do oeste, Ọmọlu-Mọlu (Nàná-Brukung), que se juntaram e tomaram um caráter único em Kêto;
  • - ou então, tratar-se-ia de uma divindade única, trazida por migrações leste-oeste, como as dos Ga, que foram de Benim para a região de Acra, durante o reino de Udagbede, no fim do século XII e levada depois para seu lugar de origem, com um novo nome que, no início, era apenas um epíteto.
Seus iaôs dançam inteiramente revestidos de palha da costa. A cabeça é coberta por um capuz da mesma palha, cujas franjas recobrem o rosto. Em conjunto, parecem pequenos montes de palha, em cuja parte inferior aparecem pernas cobertas por calças de renda e, na altura da cintura, mãos brandindo um xaxará, espécie de vassoura feita de nervuras de folhas de palmeira, decorada com búzios, contas e pequenas cabaças que se supõe conter remédios. Dançam curvados para a frente, como que atormentados por dores, e imitam o sofrimento, as coceiras e os tremores de febre. A orquestra toca para Obaluaiê um ritmo pesado, lento triste e quebrado por pausas, chamado opanijé, o que significa em iorubá "ele mata qualquer um e o come".
No Brasil como em Cuba (onde é chamado Babalú Ayé), considera-se perigoso pronunciar o nome de Xapanã, chamado Obaluaiê ou Omolu por prudência. É sincretizado com São Lázaro e São Roque na Bahia e em Cuba, e com São Sebastião no Recife e Rio de Janeiro. As pessoas que lhe são consagradas usam dois tipos de colares: o lagidiba, feito de pequenos discos negros enfiados, ou o colar de contas marrons com listas pretas. Quando o orixá se manifesta sobre um de seus iniciados, é acolhido pelo grito "Atotô!" ("respeito e submissão!"). A festa anual de oferendas chama-se "Olubajé" e em seu decorrer lhe são apresentados pratos de aberém (milho cozido enrolado em folhas de bananeira), carne de bode, galos e pipocas. As segundas-feiras lhe são consagradas. Nesse dia, o chão do adro da Igreja de São Lázaro, na Bahia, é coberto de pipocas que as pessoas passam no corpo para se preservar de doenças contagiosas. As proibições alimentres das pessoas dedicadas a Obaluaiê são, como na África, carne de carneiro, peixe de água doce de pele lisa, caranguejos, banana-prata, jacas, melões, abóboras e frutos de plantas trepadeiras.
O arquétipo de Obaluaiê, segundo Verger, é o das pessoas com tendências masoquistas, que gostam de exibir seus sofrimentos e as tristezas, das quais tiram uma satisfação íntima. Pessoas que são incapazes de se sentirem satisfeitas quando a vida lhes corre tranqüila. Podem atingir situações materiais invejáveis e rejeitar, um belo dia, todas essas vantagens por causa de certos escrúpulos imaginários. Pessoas que em certos casos sentem-se capazes de se consagrar ao bem-estar dos outros, fazendo completa abstração de seus próprios interesses e necessidades vitais.

Mitos de Obaluaiê/Omolu Editar

  • Por causa do feitiço usado por Nanã para engravidar, Omolu nasceu todo deformado. Desgostosa com o aspecto do filho, Nanã abandonou-o na beira da praia, para que o mar o levasse. Um grande caranguejo encontrou o bebê e atacou-o com as pinças, tirando pedaços da sua carne. Quando Omolu estava todo ferido e quase morrendo, Iemanjá saiu do mar e o encontrou. Penalizada, acomodou-o numa gruta e passou a cuidar dele, fazendo curativos com folhas de bananeira e alimentando-o com pipoca sem sal nem gordura até o bebê se recuperar. Então Iemanjá criou-o como se fosse seu filho.
  • Omolu tinha o rosto muito deformado e a pele cheia de cicatrizes. Por isso, vivia sempre isolado, se escondendo de todos. Certo dia, houve uma festa de que todos os Orixás participavam, mas Ogum percebeu que o irmão não tinha vindo dançar. Quando lhe disseram que ele tinha vergonha de seu aspecto, Ogum foi ao mato, colheu palha e fez uma capa com que Omulú se cobriu da cabeça aos pés, tendo então coragem de se aproximar dos outros. Mas ainda não dançava, pois todos tinham nojo de tocá-lo. Apenas Iansã teve coragem; quando dançaram, a ventania levantou a palha e todos viram um rapaz bonito e sadio; e Oxum ficou morrendo de inveja da irmã, que Omolu recompensou dividindo com ela o poder de controlar eguns (espíritos dos mortos).
  • Quando Obaluaiê ficou rapaz, resolveu correr mundo para ganhar a vida. Partiu vestido com simplicidade e começou a procurar trabalho, mas nada conseguiu. Logo começou a passar fome, mas nem uma esmola lhe deram. Saindo da cidade, embrenhou-se na mata, onde se alimentava de ervas e caça, tendo por companhia um cão e as serpentes da terra. Ficou muito doente. Por fim, quando achava que ia morrer, Olorum curou as feridas que cobriam seu corpo. Agradecido, ele se dedicou à tarefa de viajar pelas aldeias para curar os enfermos e vencer as epidemias que castigaram todos que lhe negaram auxílio e abrigo.
  • Euá era uma exímia e bela caçadora. Sua beleza não só ofuscava os admiradores, como também cegava, devido ao veneno que ela lançava em quem ousasse lhe encarar ou lhe dar uma simples piscadela de olhos. Um dia ela encontrou Omolu e por ele se apaixonou perdidamente. Casaram-se, porém Omulu era extremamente ciumento e um dia, julgou estar sendo traído e prendeu Euá em um formigueiro, deixando-a entregue à própria sorte. As formigas fizeram um banquete com a carne da rainha da caça e da beleza, e quando Euá ameaçou dar o último suspiro, Omolu apareceu e a levou para casa. Euá ficou deformada pelas picadas das formigas e seu rosto ficou feio e disforme, tomado pelas cicatrizes. Omulu a cobriu de palha-da-costa, de coloração vermelha, para que ninguém visse sua feiúra nem o repreendesse pelo castigo dado à esposa por uma simples suspeita.

Obaluaiê/Omolu na Umbanda

Tradicionalmente, como ainda se dá em muitos centros, Omolu/Obaluaiê foi considerado pelos umbandistas como "Exu Omolu Rei", "Exu Omulu", "Anjo da Morte" e senhor Supremo dos Cemitérios, incumbido de zelar pelos mortos ali enterrados. Apresenta-se nos terreiros coberto por um lençol ou toalha branca e comanda a Linha das Almas na Quimbanda como um senhor de grande poder, comparável apenas ao Maioral, "Seu Lúcifer". Quando solicitado, trabalha para minimizar o sofrimento dos filhos e recebe obrigações, presentes e solicitações no cruzeiro do cemitério. É ajudado por Exu Caveira e Exu da Meia-Noite. Todavia, se observa uma deturpação nessa concepção, pois tratam-se de orixás diferentes, embora relacionados à zona de vibração similar (cemitérios ou calunga pequena). Na verdade, o Exu na Umbanda não é visto como um demônio, mas como um guardião, responsável pela execução da lei de causa e efeito,auxiliando na proteção de médiuns e terreiros contra as investidas de espíritos atrasados (quiumbas).
Mais recentemente, há uma tendência crescente a dar-lhe uma função mais elevada e identificá-lo com Yorimá (São Cipriano), orixá de caráter abstrato, desconhecido fora da umbanda, que é considerado líder da sétima linha de espíritos da Umbanda, correspondentes às "Almas", pretos-velhos e africanos.