quarta-feira, 19 de junho de 2013



       “Sei viver em penúria e sei tam­bém viver em abundância.” — Paulo. (FILIPENSES, CAPÍTULO 4, VERSÍCULO 12.)

Em cada comunidade social, existem pessoas numerosas, demasiadamente preocupadas quanto aos sucessos particularistas, afirmando-se ansiosas pelo ensejo de evidência. São justamente as que menos se fixam nas posições de destaque, quando convidadas aos postos mais altos do mundo, estragando, desas­tradamente, as oportunidades de elevação que a vida lhes confere.
Quase sempre, os que aprenderam a suportar a pobreza é que sabem administrar, com mais proprie­dade, os recursos materiais.
Por esta razão, um tesouro amontoado para quem não trabalhou em sua posse é, muitas vezes, causa de crime, separatividade e perturbação.
Pais trabalhadores e honestos formarão nos fi­lhos a mentalidade do esforço próprio e da coope­ração afetiva, ao passo que os progenitores egoístas e descuidados favorecerão nos descendentes a inu­tilidade e a preguiça.
Paulo de Tarso, na lição à igreja de Filipos, re­fere-se ao precioso imperativo do caminho no que se reporta ao equilíbrio, demonstrando a necessidade do discípulo, quanto à valorização da pobreza e da fortuna, da escassez e da abundãncia.
O êxito e o insucesso são duas taças guardando elementos diversos que, contudo, se adaptam às mes­mas finalidades sublimes. A ignorância humana, en­tretanto, encontra no primeiro o licor da embriaguez e no segundo identifica o fel para a desesperação. Nisto reside o erro profundo, porque o sábio extrairá da alegria e da dor, da fartura ou da escassez, o conteúdo divino.

PÃO NOSSO
FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER
DITADO PELO ESPÍRITO EMMANUEL



É fato reconhecido que a maior parte das misérias da vida provém do egoísmo dos homens. Desde que cada um só pensa em si sem pensar nos outros e ainda só quer a satisfação dos próprios desejos, é natural que a procure a todo preço, sacrificando embora os interesses de outrem, quer nas pequenas, quer nas maiores coisas, tanto na ordem moral, como na material. Daí todo o antagonismo social, todas as lutas, conflitos e misérias, visto como cada um quer pôr o pé adiante dos outros.
O egoísmo tem origem no orgulho. A supremacia da própria individualidade arrasta o homem a considerar-se acima dos demais. Julgando-se com direitos preferenciais, molesta-se por tudo o que, em seu entender, o prejudica. Naturalmente a importância que, por orgulho, se atribui, o torna naturalmente egoísta.
O egoísmo e o orgulho têm origem num sentimento natural: o instinto de conservação. Todos os instintos têm razão de ser e utilidade, pois que Deus não faz coisa inútil. Deus não criou o mal; é o homem que o produz por abuso dos dons divinos, em virtude do livre-arbítrio.
Este sentimento contido em justos limites é bom em si; a sua exageração é que o torna mau e pernicioso. O mesmo acontece às paixões, que o homem desvia do seu fim providencial. Deus não criou o homem egoísta e orgulhoso, mas simples e ignorante; foi o homem que, ao malversar o instinto, que Deus lhe deu para a própria conservação, se tornou egoísta e orgulhoso.
Os homens não podem ser felizes enquanto não viverem em paz, isto é, enquanto não forem animados pelos sentimentos de benevolência, indulgência e condescendência recíprocas e enquanto procurarem esmagar uns aos outros. A caridade e a fraternidade resumem todas as condições e deveres sociais, mas reclamam abnegação. Ora a abnegação é incompatível com o egoísmo e com o orgulho; logo, com estes vícios não pode haver verdadeira fraternidade e, em conseqüência, igualdade e liberdade; porque o egoísta e o orgulhoso tudo querem para si. Serão sempre eles os vermes roedores de todas as instituições progressistas e, enquanto reinarem, os mais generosos sistemas sociais, os mais sabiamente combinados, cairão aos golpes deles.
Faz gosto ver proclamar o reino da fraternidade; mas de que serve, se vai de par com uma cauda de destruição? É construir na areia; é o mesmo que procurar um país insalubre para restabelecer a saúde. Para ali, se quiserem garantir os habitantes, não basta enviar médicos, que morrerão como outros; é preciso mandar os meios de estudar as causas de insalubridade.
Se quiserdes que os homens vivam como irmãos, na Terra, não basta dar-lhes lições de moral; é preciso destruir a causa do antagonismo existente e atacar a origem do mal: o orgulho e o egoísmo. É esta a chaga que deve merecer toda a atenção daqueles que desejam seriamente o bem da humanidade. Enquanto subsistir este obstáculo, estarão paralisados os seus esforços, não só pela resistência da inércia, como por uma força ativa, que trabalhará incessantemente para destruir o trabalho; porque toda idéia grande, generosa e emancipadora, arruina as pretensões pessoais.
Destruir o egoísmo e o orgulho é impossível, direis, porque esses vícios são inerentes à espécie humana.
Se assim fosse, impossível seria o progresso moral, ao passo que, quando considerarmos o homem em diversas épocas, reconhecemos à evidência um progresso incontestável; logo, se temos sempre progredido, em progresso continuaremos. Demais, não haverá, por ventura, algum homem limpo de orgulho e de egoísmo? Não há exemplos de uma pessoa dotada de natureza generosa, em quem o
sentimento do amor ao próximo, da humildade, do devotamento e da abnegação, parece inato? O número é inferior ao dos egoístas, bem o sabemos, e se assim não fora, estes não fariam a lei; mas não é tão reduzido, como pensam, e se parece menor é porque a virtude, sempre modesta, se oculta na sombra, ao passo que o orgulho se põe em evidência. Se pois o egoísmo e o orgulho fossem condições de vida, como a nutrição, então, sim, não haveria exceção.
O essencial portanto é fazer que a exceção passe a ser regra e para isso incumbe destruir as causas produtoras do mal. A principal é, evidentemente, a falsa idéia, que faz o homem da sua natureza, do seu passado e do seu futuro. Não sabe donde vem, julga-se mais do que é; não sabendo para onde vai, concentra todos os pensamentos na vida terrestre. Deseja viver o mais agradavelmente possível, procurando a realização de todas as satisfações, de todos os gozos. É por isso que investe contra o vizinho, se este lhe opõe obstáculo; então entende dever dominar, porque a igualdade daria aos outros o direito que ele quer só para si, a fraternidade lhe imporia sacrifícios em detrimento do próprio bem-estar, e a liberdade, deseja-a só para si, não concedendo a outrem senão o que não fira as prerrogativas. Se todos têm essas pretensões, hão de surgir perpétuos conflitos, que farão comprar bem caro o pouco gozo, que conseguem fruir.
Identifique-se o homem com a vida futura e a sua perspectiva mudará inteiramente, como acontece a quem sabe que pouco tempo deve estar em pouso ruim e que dele saindo alcançará um excelente lugar para o resto da vida.
A importância da presente vida, tão triste, tão curta e efêmera, desaparece diante do esplendor da vida futura infinita, que se abre à frente. A conseqüência natural e lógica desta certeza é o sacrifício voluntário do presente fugitivo a um futuro sem fim, ao passo que antes tudo era sacrificado ao presente. Desde que vida futura se torna o fim, que importa gozar mais ou menos nesta? Os interesses mundanos são acessórios, em vez de principais. Trabalha-se no presente, a fim de assegurar-se uma boa posição no futuro, sabendo quais as condições para alcançá-la. Em matéria de interesses mundanos, podem os homens opor obstáculos, que ocasionem a necessidade de combatê-los, o que gera o egoísmo. Se porém erguerem os olhos para onde a felicidade não pode ser perturbada por ninguém, nenhum interesse alheio precisa de ser debelado e, conseguintemente, não há razão de ser para o egoísmo, embora subsista o estimulante do orgulho.
A causa do orgulho está na crença, que o homem tem, da sua superioridade individual, e aqui se faz ainda sentir a influência da concentração do pensamento nas coisas da vida terrestre.
O sentimento de personalidade arrasta o homem que nada vê diante de si, atrás de si ou acima de si; então o seu orgulho não conhece medidas.
A incredulidade, além de não ter meio para combater o orgulho, estimula-o e dá-lhe razão, pelo fato de negar a existência de um poder superior à humanidade. O incrédulo só crê em si; é, portanto, natural que tenha orgulho, não vendo nos contratempos que oferecem senão obra do acaso; ao passo que o crente vê a mão do Senhor naqueles contratempos e curva-se submisso, enquanto o outro se revolta.
Crer em Deus e na vida futura é pois a principal condição para quebrar o orgulho; mas não é a única. Conjuntamente com o futuro, é preciso ter em vista o passado, para poder fazer justa idéia do presente. Para que o orgulhoso cesse de crer em sua superioridade, é preciso provar-lhe que ele não é mais que os outros e que todos lhe são iguais, que a igualdade é um fato e não uma teoria filosófica. São verdades que derivam da preexistência da alma e da reencarnação.
Sem a preexistência da alma, o homem, que crê em Deus, é levado a acreditar que lhe deve singulares vantagens, e o que não crê é levado a atribui-los ao acaso e aos méritos próprios. A preexistência, dando-lhe a nocão da vida anterior da alma, ensina-o a distinguir a espiritual, infinita, da corporal, temporária. Ele chega por aí a compreender que as almas saem iguais das mãos do Criador, têm o mesmo ponto de partida e o mesmo fim, que todos atingirão em mais ou menos tempo, segundo os esforços empregados; que ele próprio não chegou ao ponto, em que se acha senão depois de ter longa e penosamente vegetado como os outros, nos planos inferiores; que não há entre os mais e os menos adiantados senão questão de tempo; que as vantagens do nascimento são puramente corporais e não afetam o Espírito; que o proletário pode, noutra existência, nascer em um trono e o mais poderoso vir como proletário.
Se ele não considerar senão a vida corporal, vê as desigualdades sociais e não as pode explicar; mas se lançar a vista para o prolongamento da vida espiritual, para o passado e o futuro, desde o ponto de partida até o terminal, todas aquelas desigualdades se lhe desfazem perante os olhos e reconhecerá que Deus não deu a nenhum de seus filhos vantagens que negasse a outros; que fez a partilha com a mais rigorosa igualdade, não preparando o caminho melhor para uns do que para outros; que o mais atrasado de hoje, dedicando-se à obra do seu aperfeiçoamento, pode ser amanhã mais adiantado; enfim, reconhece que, não se elevando ninguém a não ser pelos esforços pessoais, o princípio da igualdade tem o caráter de um princípio de justiça e de lei natural, diante das quais não prevalece o orgulho dos privilégios.
A reencarnação, provando que os Espíritos podem renascer em diferentes condições sociais, quer como expiação, quer como prova, faz-nos saber que muitas vezes tratamos desdenhosamente uma pessoa, que foi noutra existência nosso superior ou igual, amigo ou parente. Se o soubéssemos, trata-lo-íamos com atenção, mas neste caso não haveria nenhum mérito; e se soubéssemos, que o amigo de hoje fora antes um inimigo, um servo, um escravo, não o repeliríamos? Deus não quis que fosse assim e por isso lançou um véu sobre o passado para que em todos víssemos irmãos e iguais, como é mister para estabelecer-se a fraternidade; sabendo que poderemos ser tratados como houvermos tratado os outros, firmaremos o princípio de caridade como dever e necessidade, fundados nas leis da natureza.
Jesus estabeleceu os princípios da caridade, da igualdade e da fraternidade, dos quais fez condições indispensáveis para a salvação; mas ao Espiritismo ficou reservada a terceira manifestação da vontade de Deus, pelo conhecimento da vida espiritual, pelos horizontes novos que descortina e pelas leis, que revela, como sanção daquele princípio, provando que não é somente uma doutrina moral, mas uma lei natural, que está no interesse dos homens cultivar e praticar. Ora, eles hão de praticá-la desde que deixarem de ver no presente o princípio e o fim, desde que compreenderem a solidariedade, que existe entre o presente, o passado e o futuro.
No infinito campo, que o Espiritismo lhes põe aos olhos, a sua importância pessoal anula-se, porque compreendem que, sós nada valem e nada podem, que todos precisamos uns dos outros não sendo nenhum mais que outro; duplo golpe desfechado contra o orgulho e o egoísmo.
Para isso, porém, é preciso terem fé, sem a qual ficarão detidos dentro do círculo do presente, mas não a fé cega, que foge da luz, que acanha as idéias e portanto alimenta o egoísmo, mas sim a fé inteligente, racional, que pede a luz e não as trevas, que rasga, ousadamente, o véu dos mistérios e alarga os horizontes. Essa fé, elemento essencial de todo progresso, é a que o Espiritismo proclama: fé robusta, porque se firma na experiência e nos fatos, dá as provas palpáveis da imortalidade e nos ensina de onde ela vem, para onde vai e porque está na Terra e, finalmente, fixa as nossas idéias a respeito do futuro.
Uma vez encaminhados por esta larga via, não daremos mais ao orgulho e ao egoísmo o pasto, que os alimenta, resultando daí o seu aniquilamento progressivo e a modificação de todos os laços sociais pela caridade e pela fraternidade bem compreendidas. Pode dar-se essa modificação de chofre? Não, isso é impossível, pois nada vai de um salto em a natureza; a saúde não volta subitamente; e entre a moléstia e a cura, há sempre a convalescença.
O homem não pode instantaneamente mudar de sentimentos e elevar os olhos da terra ao céu; o infinito deslumbra-o e confunde-o; precisa de tempo para assimilar as novas idéias.
O Espiritismo é, sem contestação, o elemento mais potente de moralização, porque alui os fundamentos do egoísmo e do orgulho, dando sólido fundamento à moral; faz milagres de conversão. Não são ainda, é certo, senão curas individuais e, quase sempre, parciais; mas o que ele produz nos indivíduos é prenúncio do que produzirá um dia nas massas populares. Não pode, de uma vez, arrancar toda a erva daninha; mas dá a fé, que é boa semente e que não precisa senão de tempo para germinar e frutificar. Eis porque ainda não são todos perfeitos. Ele encontrou o homem no meio da vida, no ardor das paixões, na força dos preconceitos, e se em tais condições tem operado prodígios, como não operará quando o tomar no berço, virgem de todas as impressões maléficas, quando lhe der, com o leite, a caridade, e o acalentar com a fraternidade, quando, enfim, uma geração inteira vier alimentada por idéias que a razão fortificará em vez de debilitar?(76) Sob o império dessas idéias, que serão mandamentos de fé racional para todos, o progresso, limpando a estrada de egoísmo e orgulho, penetrará nas instituições que se reformarão a si mesmas, e a humanidade caminhará rapidamente para os destinos que lhe são prometidos na terra, enquanto não chega a hora de alcançar o céu.
(76) Desde O Livro dos Espíritos Kardec insiste nessa tese da educação como instrumento básico de transformação do mundo. Felizmente a Educação Espírita já surgiu no Brasil e vem se desenvolvendo de maneira auspiciosa através de uma rede escolar que vai do grau pré-primário ao grau superior de ensino. No final de 1970 (Ano Internacional da Educação decretado pela UNESCO, órgão cultural da ONU, e Ano Nacional da Educação decretado pelo Governo Brasileiro) foi lançada em São Paulo a revista Educação Espírita, primeira revista pedagógica do Espiritismo no mundo. Lançamento da Edicel, essa publicação especializada abriu uma nova frente na batalha da cultura, iniciando a elaboração da Pedagogia Espírita. Dessa elaboração depende o que Kardec prevê para o futuro: uma geração inteira educada e fortalecida pelos princípios racionais do Espiritismo. (N. do Rev.) Livro: Obras Póstumas- Allan Kardec



Somos o que Atraímos




Você nasceu no lar que precisava,
Vestiu o corpo físico que merecia,
Mora onde melhor Deus te proporcionou, de acordo com suas posses,
Você nasceu no lar que precisava…
Possui os recursos financeiros coerentes com suas necessidades…
Nem mais, nem menos, mas o justo para as tuas lutas terrenas,
Seu ambiente de trabalho é o que você elegeu espontaneamente para a sua realização,
Teus parentes, amigos são as almas que você mesmo atraiu, com sua afinidade.
Portanto, seu destino está constantemente sob seu controle.
Você escolhe, recolhe, elege, atrai, busca, expulsa, modifica tudo aquilo que te rodeia a existência.
Seus pensamentos e vontades são a chave de seus atos e atitude…
São as fontes de atração e repulsão na sua jornada vivência.
Não reclame nem se faça de vítima.
Antes de tudo, analise e observa.
A mudança está em suas mãos.
Reprograma tua meta, busque o bem e viverá melhor.

“Embora ninguém possa voltar atrás e fazer um novo começo, qualquer um pode começar agora e fazer um novo fim”.

Vida a Dois (Casal Perfeito)


    É possível encontrar na Terra um casal perfeito? Um par feliz , em que cada um, com as suas possibilidades , complete o outro sem exigências , sem ferir e magoar? Podemos dizer que um casamento perfeito pressupõe a união de duas pessoas perfeitas. Porém, isso é impossível aqui em nosso mundo , ainda tão atrasado espiritualmente . No entanto, não obstante os defeitos que ainda predominam em nossa sociedade, sabemos de casais que vivem muito bem e gozam de uma relativa felicidade , já que a felicidade total só conheceremos em outro Mundo , conforme nos disse o Cristo. Esses casais felizes são pessoas comuns que lutam com dificuldades profissionais , familiares , e até mesmo íntimas ,porém, possuem o firme propósito de alcançarem a paz junto ao cônjuge e com as pessoas que os rodeiam. Então, é possível encontrar a harmonia no casamento ? Sim. É possível . Pelo menos alguns itens importantes para o êxito da união conjugal foram destacados , nas páginas deste volume despretensioso. Acrescentemos ainda que o começo de tudo é nos conscientizarmos de que , assim como eliminamos o amor, também o cultivamos . Devemos empreender esforços rumo a essa plantação que será cultivada dentro de nos, em nosso coração, todos os dias, com carinho e atenção, respeito e tolerância. A harmonia conjugal é obra de compreensão e respeito mútuo. O casal feliz é aquele que encontra tempo par amar. As horas divididas a dois somam muito, na estabilidade emocional de ambos. Os cônjuges que não têm tempo um par o outro viverão em mundos diferentes , particulares , e quase nada realizarão juntos. Quando isso ocorre , depois de alguns anos serão dois estranhos que vivem sob o mesmo teto, unidos apenas por um papel, sem que se amem verdadeiramente. Matrimônio feliz é aquele que tem por base o amor e a amizade sincera. Outro fator importante para a felicidade conjugal é a cumplicidade . Esse sentimento deverá alcançar todas as situações da vida . Isto significa gostar do jeito do outro, admirar suas realizações , vibrar com seus afetos , perdoar seus erros , empenhar-se em seus projetos , sofrer com as suas dores , repartir as derrotas , enfim , serem unidos de verdade. Quando o casal se une de verdade , as vitórias acontecem mais facilmente . E mesmo que haja derrotas, as lágrimas derramadas serão motivos para leva-los a encarar a oportunidade sem culpas e acusações. Casamento não é constituído por adversários , mas se isso ocorrer , a melhor forma de recuperar a união é tornar o outro nosso amigo parceiro. Não devemos , no casamento , lutar a fim de impor somente a nossa vontade ,para satisfação do nosso ego. Ao contrário de vencer, é preferível e os dois saiam vencedores. Precisamos , também, descobrir a alegria de doar e não somente receber. E se nos casamos é para fazer o outro feliz , também. Casal feliz é aquele que se doa mutuamente . Enfim, podemos enumerar vários outros ingredientes ,para que obtenhamos a felicidade conjugal, mas certamente com amor acharemos nossos próprios caminhos e conseguiremos êxito em nossa convivência. Basicamente saibamos que, informados de todas essas virtudes , nada obteremos sem que elas sejam colocadas em prática , incansavelmente , até os últimos dias de nossa convivência a dois. Devemos acreditar , sempre , que poderemos ser felizes. É com essa finalidade que aqui estamos . E seremos , se assim o quisermos.

    • Jamiro dos Santos Filho

Proteção da Vida Superior.


- Qual é a missão do Espírito protetor?
- A de um pai sobre seus filhos: guiar seu protegido no bom caminho; ajudá-lo com seus conselhos, consolar suas aflições, sustentar sua coragem nas provas da vida.
O Livro dos Espíritos – Questão 491.

Proteção da Vida Superior

Há mais de um século, conforme se depreende da Questão quatrocentos e noventa e um de “O Livro dos Espíritos”, inquiriu Allan Kardec dos mentores desencarnados que lhe presidiam a obra: “Qual a missão do Espírito protetor?” e o esclarecimento veio claro: “a de um pai com relação aos filhos; a de guiar o seu protegido pela senda do bem, auxiliá-lo com seus conselhos, consolá-los nas suas aflições, levantar-lhe o ânimo nas provas de vida”.
Tracemos reduzidas anotações aos cinco pontos enunciados:
Um pai consagra-se aos filhos, durante a existência terrestre, pavimentando-lhes o caminho com todas as facilidades que o amor lhe possibilite, entretanto, não consegue exonerá-los das tribulações, referentes às dívidas contraídas por eles, em passadas reencarnações.
*
Determinado educador abraçará generosamente o compromisso de orientar alguém, nas trilhas da virtude, contudo, o aprendiz traz a consciência livre para aceitar ou não as indicações que se lhe sugere.
O amigo ampara a outro amigo, administrando-lhe avisos oportunos, todavia, é provável que o beneficiário não os admita resolvendo tomar experiências difíceis, à própria conta.
*
Devotado companheiro dispensar-nos-á reconforto nas aflições, mas se está consciente do respeito à justiça, não intentará suprimi-las, na certeza de que as recebemos da vida por inevitável necessidade.
*
Compassivo irmão dar-nos-á coragem para vencer nos transes de rudes provas, no entanto, se realmente nos deseja felicidade, procederá conosco, à maneira do professor que instrui o discípulo, nas dificuldades do ensino, sem furtar-lhe os méritos da lição.
*
Longe de nos classificarmos por espíritos protetores, de vez que somos simples e imperfeitos servidores de todos aqueles que ainda sofrem o esmeril das lutas humanas, compreendemos as dores e os constrangimentos de quantos imploram socorro e exceção, em nossas casas de fé, mas a clareza da doutrina recomenda se proclame que o Evangelho não promete gratificações do mundo e que o Espiritismo não anuncia vantagens materiais, no que concerne à ilusão.
Nós todos, espíritos vinculados ainda à Terra, estamos evoluindo e resgatando, aprendendo e edificando, no burilamento da alma.
Estendamos mãos fraternas, amparando-nos mutuamente.
Reconheçamos, porém, que progresso reclama esforço, quitação pede reajuste, estudo exige atenção e trabalho roga suor.

Autor:Chico Xavier (médium)
Emmanuel (espírito)
Fonte:Livro: Opinião Espírita


segunda-feira, 17 de junho de 2013

Umbanda e Assistência



Qual o papel de fato da Umbanda na vida das pessoas que freqüentam seus rituais e ao mesmo tempo, qual deve ser a postura de uma pessoa enquanto participante da assistência em um ritual de Umbanda. Estas duas questões, guardam íntima relação entre si.
A primeira questão tenta descobrir como as pessoas que participam de assistências de cultos de Umbanda, vêem esses cultos e a própria Umbanda. O que destes cultos e das vivências neles apreendidas, elas levam para suas vidas quotidianas? Como essas pessoas se definem em termos de religião?
É certo que não podemos generalizar. Assim como em qualquer coletividade, também em uma assistência estarão presentes pessoas com pensamentos, anseios e posturas diferentes. Mas a questão que se impõe é se é necessário que essas pessoas tenham um mínimo de conhecimento do que é a Umbanda e seus cultos. E se realmente precisam enxergar a Umbanda como religião e até mesmo como a religião delas. Uma premissa muito importante enunciada pela Umbanda é que não se deve negar ajuda a ninguém. Assim, partindo deste princípio não podemos cobrar de uma pessoa que se ela freqüenta os cultos de uma casa de Umbanda, ele se declare como Umbandista.
Sabemos que a Umbanda ainda sofre de muitos preconceitos, e que decorrente disso muitas pessoas que freqüentam cultos de Umbanda têm medo de serem rotulados pejorativamente. Também pela origem multifacetada da Umbanda e também pela premissa de ajudar a todos, não podemos e nem devemos proibir a participação de irmãos oriundos de outros religiões. Por outro lado, podemos considerar que a falta de identificação pode causar uma falta de compromisso. Por isso talvez, sejam tão comuns as queixas sobre pessoas da assistência que vão às sessões de Umbanda apenas para “pedir coisas” mas não honrem as sessões com comportamentos condizentes com os de uma casa religiosa, ou seja, vestem-se de maneira imprópria, conversam em momentos inoportunos, entre outras coisas. Algumas pessoas apenas visitam uma casa de Umbanda quando estão com problemas. Isso significa que não fazem da Umbanda uma opção religiosa constante. Utilizam as sessões de Umbanda como “fast-food de consulta”, isto é, quando precisam, vão até lá, pedem o que precisam e vão embora abandonando o local até que a próxima necessidade os faça regressar.
Outras há que vão apenas aos dias de festas. Elas podem estar encarando a Umbanda como uma bonita manifestação da “cultura popular brasileira”, ou seja, uma atração turística ou ainda “coisa para inglês ver”. Visitam, acham bonito, mas não apreendem o real significado da religião praticada ali. A outra questão, também de extrema importância, é o que a participação da assistência contribui para a sessão. Uma assistência participativa tem o mesmo resultado para uma sessão do que uma assistência apática? O que é mais interessante para a Umbanda, uma assistência ignorante sobre os conhecimentos ou uma assistência consciente do que são os rituais e dos porquês destes rituais. Essas duas questões estão inter-relacionadas porque que quanto mais as pessoas que compõem uma assistência estão integradas no culto, mais elas respeitarão este ritual, participando ativamente dele, entendendo como e porque devem se comportar a cada momento.Elas entenderão melhor que a religião não se pratica somente dentro dos templos, mas em todo o lugar. Elas aprenderão que também elas têm a responsabilidade de fazer a caridade e semear a paz e amor ao próximo.

Umbanda do Futuro

Uma das mais importantes notícias da semana foi muito pouco divulgada: o governo americano destinará três bilhões de dólares ao estudo das sinapses  que ocorrem em nosso cérebro, mapeando o que ocorre a cada memória que temos, a cada informação que recebemos. Dentro de dez anos poderemos desvendar um pouco do quem somos, além de ter condições de ter uma infinidade de possibilidades de cura. Enquanto isto não acontece,gostaria de levá-los a uma tempestade mental, digna de uma filha de Yansã.
Lendo "O Dogma de Cristo" de Erich Fromm, publicado em 1930 as minhas sinapses quase entraram em colapso. Não é um livro que discute o aspecto espiritual, mas faz uma análise psicossocial do fenômeno e não há como não traçar um paralelo com a Umbanda. Nos primeiros cem anos do cristianismo, a religião era praticada pelos membros de classe mais baixa, de forma quase secreta, pois a perseguição que sofriam era muito grande. A comunidade era unificada apenas pelo laço comum da fé,esperança e amor, o que os dava uma liberdade de ação, pela despreocupação com instituições e fórmulas. Naquela irmandade cristã primitiva era comum a assistência econômica e o apoio mútuos, que foi essencial para o desenvolvimento da religião.Como se sentiam peregrinos e estranhos na terra, não havia necessidade de instituições permanentes.Não é o posto que faz a pessoa, mas a pessoa que prestigia o posto.E eles não precisavam disto.
A princípio o cristianismo foi uma atitude revolucionária, contra a pressão e opressão dos governantes, e do próprio judaísmo que era dividido em castas e elitizado. A partir do seu segundo século o cristianismo começou com o apoio de pessoas de pessoas mais intelectualizadas e com mais poder econômico. Aos poucos os governantes começaram a ver no cristianismo também uma excelente ferramenta de controle da população que acreditava que só por bons atos se chegaria ao paraíso espiritual. Assim começou a formação de uma hierarquia centralizada, começaram a formular questões de ordem e ingresso, fazendo que muito se perdesse ao longo de todos estes séculos da idéia original.
A idéia original da Umbanda é que o acesso ao mundo espiritual e do mundo espiritual para nós pode ser feito de maneira simples e direta. Uma religião de consolo, de luta e de cura. Uma religião em que os desvalidos, o que estão à margem da sociedade não ficariam sem uma palavra, uma mão forte que os elevasse. Nasceu justamente no seio do espiritismo que apregoava um nível intelectual mais alto para se ter acesso aos seres de luz. 
Nos primeiros 100 anos da Umbanda, fomos perseguidos, ameaçados, presos. Nos unimos em fé, caridade e esperança e ultrapassamos o primeiro século a salvo. Mas o que será de nós nos próximos cem anos? Preocupa-me de sobremaneira a possibilidade de acreditarmos que precisamos de uma hierarquia unificada, que por consequência será ditatorial. Hierarquia dentro de um terreiro é essencial, até por uma questão de segurança e organização, mas com limites no entendimento de seu poder. Não podemos nunca esquecer que a maioria das entidades que nos protegem foram escravos de alguma forma, para que hoje nos passem noções de liberdade real. A verdadeira beleza da Umbanda está na multiplicidade de rituais e a possibilidade que nos dá de servi-la onde ela nos chamar. E se há este "chamamento" é porque através do nosso potencial, poderemos agir de uma forma mais consistente na fé, caridade e amor ao próximo. Somos todos iguais e podemos ser livres se tivermos a consciência das limitações que temos ,assim como as têm também nossos pais e mães de santo, para podermos continuar vivenciando uma religião com alegria e vida longa. Saravá!

LENDAS



LENDAS
Bará 1
Bará, sabedor de que uma rainha fora abandonada pelo esposo, procurou-a, entregou-lhe a faca e ordenou-lhe que cortasse alguns fios da barba do rei, dizendo “traga-me esses fios de barba que lhe farei um amuleto que trará seu real marido de volta”.
Mas Bará também procurou o filho do rei, e disse ao príncipe que o rei irá partir para uma guerra e pedia seu comparecimento á noite, ao palácio acompanhado dos seus guerreiros.
Finalmente, Bará foi ao rei e disse-lhe: ”a rainha, magoada com sua frieza, deseja matá-lo para se vingar. Cuidado esta noite!”.
E a noite veio. O rei deitou-se, fingiu dormir e viu, logo depois a rainha aproximar uma faca na sua garganta. Ela seguia as instruções de Bará, e queria apenas um fio da barba do rei, mas ele acreditou que a esposa deseja sua morte e ambos lutaram.
O príncipe que chegara ao palácio com seus guerreiros, escutou os gritos e correu aos aposentos dos pais.
Chegando e vendo o rei com a faca na mão, pensou que ele queria matar sua mãe.
Por seu lado, o rei ao ver o filho chegar com seus guerreiros, acreditou que eles desejavam matá-lo. Gritou socorro. Seu guarda acudiu e houve grande luta.
Massacre generalizado.


Bará 2
Bará fazia arruaça nas ruas. O rei então resolveu prendê-lo, porém ele fugiu e após alguns anos e morreu.
Após sua morte quando iam fazer axés vinte e um negros morriam.
Procurado o Babalaô, ele leu os búzios, e escutou a voz do Bará dizendo: “se me derem o sacrifício por primeiro não desaparecerão mais os pretos da seita”.
Desde então todo axé inicia com a toada à Bará. O primeiro sacrifício também é seu.


Bará 3
Por vingança por não haver recebido certas oferendas, quando Oxalá foi enviado por Olodumaré, o deus supremo, para criar o mundo. Bará provocou uma sede tão imensa que Oxalá bebeu vinho de palma em excesso.


Bará 4
O rei de Congo tinha três filhos, Xangô, Ogum e Bará. Este último não era exatamente um mau rapaz, mas era muito malicioso e turbulento, brigão e lutador.
Depois de sua morte sempre que os africanos faziam um sacrifício aos espíritos, ou celebram uma festa religiosa, nada dava certo, as preces dirigidas aos Deuses não eram ouvidas, os rebanhos foram dizimados pelas epidemias, as colheitas secaram sem produzir frutos, os homens caiam doentes.
O Babalaô consultou os obis e estes responderam que Bará tinha ciúmes que queria sua parte nos sacrifícios. Como as desgraças não pararam, continuando a assolar a todos, o rei voltou a consultar o Babalaô. A resposta foi a mesma: Bará quer o privilégio de ser servido em primeiro lugar.
Mas quem é esse Bará? Como? Não vos lembrais mais dele? –Ah sim, aquele pretinho tão amolante.
A partir deste dia toda oferenda é precedida de ofertório para o Bará.


Bará
Certo homem tinha duas esposas, que eram amadas e tratadas iguais, modelo de harmonia conjugal e familiar, todos comentavam que jamais alguma coisa poderia perturbar a felicidade de toda família.
Bará escutou e tomou como desafio. Assim, esquematizou uma armadilha de modo astuto e usual. Fez um filá muito bonito, transformou-se num comerciante e tomou cuidado de não vender a ninguém, até que aparecesse uma das esposas para comprá-lo.
Uma delas apareceu, comprou e levou para presentear o marido. O marido gostou tanto que não pode esconder o contentamento, o que despertou o ciúme na outra esposa. Esta porém foi atrás de Bará, o mercador e adquiriu um melhor ainda mais que primeira esposa.
Como a intenção do Bará era aguçar a rivalidade, e já estava, conseguindo fez mais uma venda para cada uma e sumiu, criando na casa daquela família grande confusão.



Oiá 1
Os ojés se tinham como os todos poderosos sobre os eguns, fazia-os aparecer e desaparecer, obrigando-os a satisfazer todos os seus desejos sem o consentimento de Oiá. Sabendo disto, Oiá resolveu pregar uma peça nos ojés.
Vestiu-se de Egum e saiu pela floresta.
Vendo aquilo os ojés pegaram os ixãs e saíram em sua perseguição de repente Oiá viu um buraco na terra e ali entrou. Os ojés disseram: ele entrou por aqui e por aqui tem que sair. Ali ficaram até o anoitecer e quando, ao longe, ouviram o ilá de Oiá perceberam no alto da montanha que ela tirava a roupa de Egum. E desde aquele dia só com o consentimento de Oiá pede-se qualquer coisa para Egum.


Oiá 2
Não tendo facilidade em conceber, Iansã procurou um Babalaô. Ele revelou que se fizesse sacrifício conseguiria concebê-los. Alertou ainda que a causa do problema era o desrespeito ao seu regime, onde era proibido comer carne de carneiro.
Como pagamento, o sacrifício seria 18 mil búzios, a própria carne de carneiro e uma quantidade de panos coloridos.
O Babalaô deu-se ao preparo de um remédio utilizando-se da carne de carneiro e os panos como oferenda.
Para sua glória, deu-se a luz a nove filhos que na numerologia tornou-se o axé de Iansã.
Tornando-se mãe, passou a ser tratada pelo nome de Oyá como Mésan – “a mãe dos nove filhos”.


Oxum
Oxum era rainha de um grande e rico território. Este foi invadido pelos Ionis, atraídos pelo renome dessa riqueza fabulosa. Triunfaram da rainha, apoderaram-se da capital, saquearam o país, tomaram conta da fortuna da soberana.
Oxum, para não ser aprisionada, foi obrigada a fugir aproveitando a escuridão da noite; subiu numa jangada e dirigiu a Deus oração fervorosa. Depois, sob inspiração divina, pediu para seus súditos que preparassem abarás e os deixassem nas margens. Quando os invasores chegaram a beira da praia, estavam famintos; precipitaram-se sobre os abarás e os comeram.
Dentro não havia veneno, e sim, força divina – axé -. Todos caíram mortos. E assim Oxum pode retomar posse, ao mesmo tempo, de sua fortuna e de seu território. Daí por diante, devido a vitória tomou o nome de Oxum-Ioni.


Xangô
Conta-se que Xangô, quando pequeno teve uma queda, sendo obrigado a andar de muletas, durante sete anos. No peji de muitos Candomblés são encontradas em lugar condignos as muletas de Xangô, e observe que tendem a tomar a forma do machado duplo, símbolo de Xangô.


Oxum e Xangô
Mesmo depois e casado com Oxum, Xangô continuou indo a festas, a fazer farras aventuras com mulheres. Oxum queixava-se de solidão, e brigavam. Ela era muito dengosa. Por isso ele a trancou na torre do palácio de Xangô.
Um dia Bará dono da encruzilhada veio para uma encruzilhada defronte ao palácio de Xangô.
Viu a Oxum chorando e perguntou o porquê. Ela contou e ele foi dizer a Orumilá. Este preparou um Axé mandou dizer a ela que deixasse a janela aberta. Ele soprou o pó que entrando pela janela, transformou Oxum numa Pomba.
Ela voou para a casa do pai e aí ele a transformou de novo.
É por isso que determinada Oxum não come pomba.


Oiá e Xangô
O carneiro andava difamando Oiá, dizendo ser ela infiel a Xangô. Todos debochavam dela e tudo ela suportava.
Sempre que podia Oiá subia a colina e reclamava a Orixalá, ele procurava lhe acalmar e aconselhava que bebesse água para acalmar-se, e ela descia a colina. Várias vezes Oiá seguiu o conselho de Orixalá. Certa vez ao descer a colina, ela não mais suportou, e ao ouvir cochichos e risadas, olhou para a aldeia e soprou seus ventos, destruindo tudo.
O carneiro foi a Xangô e contou sua versão, Xangô ficou furioso.
Oiá indignada viu passar uma carroça carregando palhas. Oiá ali se escondeu e ao passar pelas terras de Omulú saiu coberta de palhas e todos lhe deram passagem. E na terra de Omulú, Oiá invocou os mortos e ordenou que fossem atrás de Xangô. Vendo tal exército Xangô fugiu.


Ifá e Iemanjá
Ifá, o adivinho, passeava junto com os Barás, quando avistou outro cortejá, onde se destacava a beleza de uma mulher.
Ifá ficou assombrado diante de tanta beleza e mandou um dos Barás perguntar quem era ela. Ela disse que era Iemanjá, rainha e mulher de Oxalá. Bará voltou a presença de Ifá e disse quem era ela.v Ela mandou novo recado dizendo querer vê-la em seu palácio. Ela não aceitou de imediato, mas um dia foi falar com ele.
Não se sabe bem o teor da conversa, apenas que ela engravidou de Ifá.
Quando nasceu a criança Ifá chamou Bará pra verificar se Omolei tinha um caroço, sinal ou mancha na cabeça, indício certo de ser mesmo filho dele.


Iemanjá e Odé
Conta-se que Iemanjá fora alertada por um Babalaô para não deixar Odé ir para o mato pois poderia se perder e ter conseqüências desastrosas. Iemanjá alertou Odé; teimoso não deu ouvidos.
Como avisara o Babalaô, Odé se perdeu e foi recolhido por Ossaim, que se afeiçoou a Odé, vestindo-o de penas e deu-lhe arco e flecha e ensinou-lhe manejo.
Iemanjá quando sentiu falta do seu filho começou a procurar com a colaboração de Ogum.
Odé foi encontrado, mas não queria retornar, e quando voltou, continuou a usar arco e flecha.


Iansã e Oçanhe
Ossaim é o dono das folhas, ervas e plantas sagradas, possuidoras de axé. De certa feita Iansã para agradar Xangô, que queria e reivindicava suas folhas, fez soprar forte vento, dispersando os axés de Ossaim.
Houve então uma grande correria aos Orixás atrás das ervas de Ossaim.
Ossaim não gosta de vento, lembra Iansã varrendo suas folhas.


Odi e Ifá
Odi discípulo de Ifá, desde pequeno tinha características de ser muito nervoso. Ao lado de Ifá, manifestara-se como de caráter misterioso, pois estava sempre afastado nas aldeias.
Nas aulas mostrava-se se muito inteligente, foi ele que esclareceu a divisão dos andróginos em homem e mulher, momento em que elas se outorgaram, como atributos, a menstruação e a maternidade, inato ao homem. A eles foi dado o sêmen, a partir do qual consumou sua união e conseguiu a partir desse fato procriar, como recurso para perdurarem a espécie.
Devido a essas respostas, Orumilá outorgou-lhe a primazia de comandar a formação do gênero humano.


Oxalufã e Bará
Oxalufã vivia com Oxaguiã em seu reino, como sentia-se muito velho e próximo o seu fim resolveu visitar o seu outro filho, Xangô.
Como de costume antes de viajar Oxalufã consultou com o Babalaô, que desaconselhou a viagem, dizendo que havia risco de morte. Oxalufã não se intimidou e quis uma solução, quer seja através de oferenda ou procedimento.
O Babalaô, fez as oferendas e recomendou que na viajem não poderia recusar a ninguém o menor serviço durante todo o trajeto e jamais se queixar.
No caminho Oxalufã encontrou três vezes Bará que lhe pediu sucessivamente para ajudá-lo a carregar na cabeça uma barrica de azeite-de-dendê, uma carga de carvão e outra de óleo de amêndoas, as três vezes Bará derramou o conteúdo sobre o velho. Mas Oxalufã, sem se queixar, continuava a caminhada.
Penetrando finalmente no reino de Xangô avistou o cavalo deste, que tinha fugido e, capturou-o para devolvê-lo ao proprietário, Xangô. Mas os servidores pensaram que Oxalufã era um ladrão, julgando-o pelo aspecto (sujo de azeite-de-dendê, carvão e óleo); caíram sobre ele, quebraram-lhe os braços e pernas à pauladas, atirando-o finalmente numa prisão.
Nela permaneceu sete anos. O reino de Xangô virou em caos. As mulheres tornaram-se estéreis, as colheitas minguaram. Xangô triste e aflito buscou ajuda consultando um Babalaô, e este revelou que todas as desgraças provinham do fato de um inocente estar sofrendo injustamente na prisão.
Xangô ordenou que os prisioneiros comparecessem diante dele, reconhecendo seu pai.
Vestiu os escravos de branco sem falar em sinal de tristeza e ordenou que fossem lavar Oxalufã numa fonte vizinha.
Como tinha mãos e pernas quebradas Oxalufã foi lavado, roupa trocada, perfumado e carregado de volta ao reino e grandioso banquete foi servido pelo retorno do Pai.


Oxum, Ogum e Xangô.
Oxum estava casada com Ogum, mas Xangô a tinha visto e se enamorado dela; seguia-a por toda a parte, esperando o momento de a encontrar à sós num local deserto. O dia chegou e Xangô excitado por tão longa espera, precipitou-se dobre ela para violentá-la.
Os caminhos pertencem a Bará, e Bará surgiu a fim de separar o par amoroso.
Mas não o fez.


Oxum, Odé e Obaluaê.
Oxum conheceu o príncipe Odé, cuja delicadeza e a finura a cativaram, acabaram se casando.
O casamento foi muito festejado, mas assim que começaram a vida íntima, Oxum começou a compreender mais profundamente os pensamentos do esposo. Ele queria construir uma cidade destinada a abrigar odadis ealakuatás (homossexuais masculinos e femininos).
Já erguida a cidade, nasceu Logum, uma criança hermafrodita.
Horrorizada abandonou a cidade dos odadis.
O jovem ficou ali e foi o primeiro a ajudar Oxumaré.
Enquanto isso Oxum fez uma viagem em busca de Iemanjá, irmã de sua mãe.
Oxum ofereceu a sua irmã e aos sacerdotes Iorubás a ir buscar Ogum que estava recluso na mata desde que perdera a disputa com Xangô por causa de Oyá.
Retornando ao palácio de Iemanjá, depois da festa de boas vindas Ogum e Oxum conheceram Obaluaiê, homem já de certa idade mas de aspecto majestoso e viril. Oxum e Obaluaiê casaram-se e partiram para a terra de jejes onde Obaluaiê era rei.


Ifá, Oxum e Elegbá.
Ifá era um pobre pescador que vive miseravelmente. Fez um dia contrato com Elegbá, comprometendo-se a lhe servir de escravo devotado durante dezesseis anos. Elegbá enviou-o a floresta buscar coquinhos-de-dendê e ensinou-o a prepará-los para a adivinhação. Mas chegava tanta gente para consultá-lo que Ifá teve necessidade de uma mulher que se ocupasse de sua casa, tomou afetebi, que não era outra senão Oxum.
As pessoas que não conseguiam chegar a ver o próprio Ifá pediam a Oxum que fizesse favor de tirar a sorte para elas.
Então Oxum se queixou ao marido de que não conhecia a arte de ler o futuro e, depois de muita insistência, Ifá tomou dezesseis coquinhos, preparou-os e pediu a Elegbá que respondesse por intermédio deles à perguntas feitas por Oxum.
Elegbá aceitou de má vontade, e se hoje realmente responde às questões das afetebis em represália persegue os filhos de Oxum com mais furor ainda do que os filhos de outros Orixás.


Xangô, Iansã, Oxum e Obá.
Xangô tinha três mulheres Iansã, Oxum e Obá. Oxum a preferida e Obá em abandono. Desejando Xangô mais com ela pediu ajuda a Oxum, que maliciosa disse possuir um feitiço mágico, escondendo a cabeça num turbante para não ser descoberta a mentira, disse que cortara a orelha para cozinhá-la no caruru de Xangô. Ao comer seu prato predileto, este último contraia com ela perpétua aliança.
Ao preparar o prato de seu marido, Obá cortou então a orelha, cozinhou-a, mas Xangô assim que pôs uma colherada na boca, chamou Obá para saber o que continha a comida, pois o gosto era ruim.
Obá chegou com o rosto desfigurado, ainda ensangüentado, em prantos.
Xangô explode de ira, e expulsa sua terceira mulher, para deleite de Iansã e Oxum.


Nanã, Obaluaiê e Iemanjá.
De volta de uma de suas viagens á África. Nanãburuquê deu a luz a um menino, Obaluaiê.
Verificando, a seguir que seu filho tinha adquirido a lepra, não quis saber dele e o abandonou.
Iemanjá, irmã de Obaluaiê apiedou-se do irmão e resolveu tomar conta dele.
Criou Obaluaiê dando-lhe pipoca com mel. Cuidava de suas feridas com dendê.


Xapanã
Certo dia quando os deuses estavam reunidos em uma festa no palácio de Obatalá, Xapanã tentou tomar parte nas danças instigado pelos outros Orixás que sabiam que Xapanã era manco não conseguia dançar como os demais.
E foi o que aconteceu, Xapanã, tropeçou e caiu.
Todos debocharam e o humilharam.
Por vingança infectou a todos com a varíola, sendo Obatalá obrigando a pô-lo fora do castelo usando sua espada de fogo.


Pemba
Contam as lendas das tribos Africanas o seguinte sobre a PEMBA.
M. PEMBA era o nome de uma gentil filha de SOBA LI-U-THAB. SOBA, poderoso dono de grande região e exercendo a sua autoridade sobre um grande número de TRIBOS.
M.PEMBA estava destinada a ser conservada virgem para ser ofertada às divindades da TRIBO, acontece porém que u jovem estrangeiro audaz, conseguiu penetrar os sertões da ÁFRICA, e se enamorou perdidamente de M. PEMBA.
M.PEMBA por sua vez correspondeu fervorosamente a este amor e durante algum tempo gozaram as delícias que estão reservadas aos que se amam.
Porém não há bem que sempre dure, o SOBA poderoso foi sabedor destes amores e uma noite de luar mandou degolar o jovem estrangeiro e jogar seu corpo no RIO SAGRADO U-SIL para que os crocodilos o devorassem.
Não se pode descrever o desespero de M. PEMBA e para prova de sua dor esfregava todas as manhãs o seu lindo corpo e rosto com o pó extraído dos MONTES BRANCOS KA-BANDA e a noite para que seu pai não soubesse dessa sua demonstração de pesar pela morte de seu amante, lavava-se nas margens do RIO DIVINO U-SIL.
Assim fez durante algum tempo, porém, um dia pessoas de sua tribo que sabiam desta paixão de M. PEMBA, e que assistiam ao seu banho viram com assombro que M. PEMBA elevara-se no espaço ficando em seu lugar uma grande quantidade de massa branca lembrando um tubo.
Apavorados correram a contar ao SOBA o que viram, este, desesperado quiz mandar degolar a todos, porém, como eles houvessem passado nas mãos e corpo pó deixado por M. PEMBA, notaram que a cólera do SOBA se esvaia e tornando-se bom não castigando os seus servos.
Começou a correr a fama das qualidades milagrosas da massa deixada por M. PEMBA e com o nome simples de PEMBA atravessou esta, muitas gerações chegando até nossos dias prestando grandes benefícios àqueles que dela se têm utilizado.


O tema era para ser o aborto, ou seja, a interrupção voluntária ou involuntária de uma gravidez. Mas, quando comecei a pensar em escrever este assunto imediatamente me veio uma pergunta:

quando o espírito desencarnado se liga à matéria? Quando este espírito se liga à mãe e ao embrião? No momento da concepção, no feto ou no nascimento?



Diante destes questionamentos decidi escrever primeiro sobre o processo de reencarnação: a gravidez e a ligação do espírito à nova vida material.Logicamente que deste tema teremos como base a compreensão que a Umbanda é uma religião espiritualista e assim acredita na vida após a morte, na sobrevivência do espírito após a morte carnal, e na existência do ciclo das reencarnações, ou seja, acreditamos na existência de múltiplos nascimentos e desencarnes.

Para a Umbanda a encarnação, e assim a reencarnação, é a oportunidade sagrada e abençoada de um espírito esquecer seu passado delituoso, seus inimigos, suas desavenças, e de encontrar situações semelhantes às vividas no passado com outra roupagem, uma segunda (terceira, quarta, etc.) chance. Enfim, um método divino de crescimento e iluminação espiritual.



A reencarnação, portanto, é a porta para a nossa remissão, é um dos momentos em que nosso trabalho espiritual se depara com situações semelhantes, que um dia falhamos, para que nossos espíritos aprendam a arte do amor, do perdão, do desapego e da solidariedade, ao mesmo tempo em que aprende a não ser egoísta, orgulhoso, etc.

Diante disto, fica claro que, para nós, a reencarnação é uma oportunidade muito importante para a nossa evolução espiritual, um dos grandes instrumentos para o burilamento espiritual e um caminho intensivo de libertação.

A porta de entrada desta oportunidade é a gravidez. Ou seja, quando em situações normais um homem e uma mulher realizam um ato sexual e o espermatozóide consegue fertilizar o óvulo. Ou, em situações laboratoriais, um cientista introduz um espermatozóide em um óvulo, e depois insere o embrião dentro do útero feminino.

Entendendo que é a gravidez, e assim o nascimento, a porta de entrada para a oportunidade da reencarnação, pergunta-se: quando este espírito reencarnante começa a se fixar no novo corpo?
Os espíritos responsáveis pelo mecanismo da reencarnação (a meu ver trabalhadores de Omolu/Obaluaê) se aproximam da mãe e do pai e apresentam em sonho o novo filho. Estes espíritos começam a viver juntos para que a energia de todos se harmonize a facilite a concepção. (Não se preocupem o momento da relação sexual é um momento privado os espíritos não ficam assistindo)

Após a relação sexual milhares, centenas de milhares de espermatozóides iniciam seu trajeto em busca do óvulo. Em geral apenas um consegue perfurar o óvulo e fecundá-lo.
Por que aquele espermatozóide, no meio de tantos milhares, foi o que fecundou o óvulo? Muitos dirão que ele foi o mais rápido, o mais forte, o que chegou primeiro ao óvulo. E estes vão descobrir que a ciência já demonstrou que não é o primeiro a chegar ao óvulo, nem mesmo o aparentemente mais forte é o que fecundará. O fato de ser este ou aquele espermatozóide que perfurará o óvulo é aleatório.

Mas será que é aleatório? Ou será que aqueles espíritos que estão trabalhando na reencarnação não dão uma “ajudinha” no espermatozóide que trará a herança genética mais apropriada para a nova vida que surgirá?

Será que a escolha deste espermatozóide não obedece a uma lógica que facilitará o aparecimento de doenças, de deficiências, de qualidades, de atributos que virão ao encontro dos propósitos deste novo reencarnante?

Eu acredito que sim, há uma escolha, uma facilitação para que o espermatozóide mais apto a trazer este conjunto de genes que propiciarão as tarefas e as missões que o espírito deverá passar aconteça.

Se você já começou a concordar comigo já percebeu que antes mesmo da fecundação, ou seja, da existência de um embrião, há a aproximação do espírito que irá reencarnar, pois a própria seleção do espermatozóide vencedor se dá para que a missão daquele espírito reencarnante aconteça nos moldes traçados pelos Orixás.

Para contribuir para o entendimento deste pensamento: por inúmeras razões kármicas a pessoa deveria nascer portadora de uma deficiência física, deveria ser portadora de algumas doenças genéticas, ser médium, ser alto, ser baixo, ter problemas em determinados órgãos, ser mais apto as ciências exatas, mais apto nos reflexos, ser esportista, não ter um órgão, ter um dom, ter um QI elevado ou reduzido, etc. Como é que isto é feito para garantir uma reencarnação adequada à evolução daquele espírito?

Começa, em minha opinião, na escolha do espermatozóide e do próprio óvulo, pois são eles que carregarão a herança genética e assim um conjunto de atributos e características físicas.
Mas, você não concorda comigo, afinal você não gosta de genética, não acredita na escolha do espermatozóide, ou simplesmente não ficou convencido. Vamos então seguir entendendo que o espermatozóide que perfurou o óvulo foi fruto de uma ação aleatória.

O espermatozóide ao adentrar no óvulo se funde ao mesmo criando o ovo, o embrião. Este ovo é uma célula que imediatamente começa a se dividir, se divide de forma frenética, de uma única célula em pouco tempo já são milhares de células.

Nesta divisão celular, em que já se tem o embrião, há a presença do futuro encarnado? Já se iniciou a ligação entre este espírito e seu futuro corpo? Se você como eu acredita na escolha do espermatozóide a resposta já está dada, mas se você não acredita tem que concordar que neste momento o espírito tem que estar presente.

Porque tem que estar presente? Porque nestas divisões celulares começa-se a criar o novo ser. E assim algumas células serão o sistema nervoso, outras os ossos, e assim por diante. Logicamente aqui também já se começa a propensão para os defeitos e para as aptidões. Se este novo ser tiver que ser portador da síndrome de Down, já no início das divisões celulares há a duplicação de um par de cromossomos. Se ele terá uma perna muito mais curta que a outra, se ele tiver um cérebro dotado para as artes plásticas, etc., tudo já começa na divisão e na especialização das células no embrião. Somente com a presença deste espírito é que as características de sua vida serão traçadas.

Imagine se fosse o contrário. Se a mãe gerasse um feto que não tivesse as mãos. No momento do nascimento os espíritos iriam buscar um espírito para encarnar com estas condições? Seria aquele que estivesse passando por perto? Seria alguém sem nenhuma ligação com a família? Não, certamente que não, pois esta deficiência terá uma razão de reparação kármica para o novo encarnado e para a sua família e não um ato caótico sem razão.

Neste argumento começamos a perceber que os novos encarnados têm uma relação com a família, seja ela de amizade, de amor, ou mesmo de inimizade, ocasião em que a reencarnação permite o resgate entre estes espíritos.

Além dessas razões vamos a outras: depois de nosso reencarne teremos a aparência muito semelhante a que possuímos atualmente. Para renascermos devemos abrir mão desta forma e adotarmos a forma de um bebê. Como isto se processa? De uma hora para outra? Um choque? Certamente que isto faz parte de um processo em que junto com o desenvolvimento do feto vamos nos adaptando a nova forma física, vamos nos religando a matéria, pouco a pouco, de forma gradual. Vamos criando uma ligação com a matéria e vamos entrando em uma espécie de sono, suspendendo nossa memória, esquecendo nosso passado, nossa última reencarnação, ou nossas últimas reencarnações, para que possamos iniciar tudo de novo e termos a oportunidade de aprender novamente.

Neste processo vamos recebendo o impacto da energia de nossas mães, de nossos pais e de nossos familiares. Já está provado pela ciência do homem encarnado que as alterações emocionais, psicológicas da mãe afetam o desenvolvimento físico e mental do filho. Psicólogos estão defendendo teses em que alguns traumas psicológicos são trazidos de momentos traumáticos e tensos durante a gravidez. E estas pessoas não são espiritualistas, ou seja, não acreditam nas reencarnações, mas acreditam que a personalidade pode começar a se formar no útero materno. Se a personalidade começa no útero (para nós é uma sequência de vidas) é certo que o espírito já estava ligado ao feto, uma vez que a personalidade não é material, e sim espiritual.

Com todas estas informações e estes argumentos quero demonstrar que tenho uma convicção que a ligação do espírito reencarnante na matéria começa muitas vezes antes da própria concepção, e sempre começará ou seguirá no momento imediato da fecundação do óvulo pelo espermatozóide.

Este tema permitirá que possamos debater o aborto e outras práticas provocadas durante a gravidez. Mas isto é assunto para outro artigo.

Fiquem a vontade para questionar, discordar, debater. O tema traz para nós muitas dúvidas, e como sempre os guias nos falam: as dúvidas devem servir para enraizar nossa fé. Portanto fico a disposição para discutirmos o tema.


Saravá


Autor: Pai Caetano de Oxossi
Todos os direitos reservados
se for republicar favor citar a fonte, garantir a autoria e não editar sem prévia autorização. Obrigado



Recentemente, em alguns sites e em alguns encontros, pairou sobre a nossa comunidade umbandista o debate, já realizado diversas outras vezes, sobre o homossexualismo, em especial sobre a possibilidade da celebração do casamento entre pessoas do mesmo sexo na Umbanda, ou como preferem alguns se a Umbanda poderia, ou deveria, abençoar estes relacionamentos.

Antes de falarmos de casamento é preciso compreender, ou buscar entender, como a Umbanda vê as questões do homossexualismo. Logicamente não sou eu quem dirá como a Umbanda pensa, afinal nem que quisesse teria este direito ou a capacidade de fazê-lo. Mas, posso dizer como a Umbanda que pratico, a Umbanda de nosso terreiro - Cabana do Pai Tobias de Guiné - vê, entende e ensina sobre este tema.

Quando falamos de homossexualidade imediatamente as mentes reduzem a questão a seus aspectos sexuais, ou seja, pessoas do mesmo sexo realizando práticas sexuais. Mas, a questão da opção sexual vai muito além da simples relação sexual, do coito propriamente dito.

A questão envolve a afetividade, a relação de atração, de amor a outra pessoa com a qual queremos nos relacionar, queremos construir uma vida em conjunto. É o amor conjugal, a que estamos nos referindo.

A questão começa ao pensarmos como vemos os espíritos. O espírito tem sexo? Nascemos um espírito masculino ou feminino? Em nossas inúmeras reencarnações sempre vestimos a carne com o mesmo sexo biológico?

Eu penso que reencarnamos em diversas roupagens materiais, hora em uma roupa biologicamente masculina, hora em uma biologicamente feminina. Entretanto, temos uma maior tendência em reencarnarmos em determinada roupagem.

Então será que quando reencarnamos na roupagem adversa ao nosso costume acabamos por sentir atração pelo mesmo sexo? Será esta a razão da homossexualidade? Os muitos espíritas (kardecistas) que conheço, e assim fui ensinado quando espírita, entendem que a homossexualidade é, entre outras teorias, como uma inversão dolorosa do sexo, ou seja, aquele espírito que teve inúmeras reencarnações como homem, e hoje encontra-se em um corpo de mulher teria atrações por outras mulheres. Apesar de simplificar esta definição, acredito que a tenha feito de forma apropriada, caso contrário por favor sintam-se a vontade em questioná-la.

Hoje já não tenho esta convicção. Acredito que estas questões sexuais, de opção sexual, estão muito atreladas a nossa cultura, aos nossos costumes. Na Grécia antiga muitos afirmavam que o único amor verdadeiro era o praticado entre os homens, as mulheres eram apenas procriadoras. Neste cenário todos os homens eram espíritos de mulheres em inversões dolorosas sexuais? Acredito que não.

Quando as pessoas julgam e tecem comentários sobre o homossexualismo acabam por gerá-los em função da prática sexual, como dissemos acima. Ou seja, o homossexualismo é feio porque dois homens ou duas mulheres buscam trocar carícias, buscam o prazer entre si.
Vejamos então a seguinte sentença: O sexo é para a procriação? O sexo é para a geração de filhos exclusivamente?

A resposta será não! O sexo, a relação sexual, quando feita com respeito pelo parceiro ou parceira, com amor, é uma relação que busca a troca de energias, de carícias, de prazer e também de sentimentos. Se o sexo tem esta natureza qual a diferença em ter uma relação com uma pessoa do mesmo sexo ou de sexo oposto? Na minha opinião, a diferença está na opção da pessoa, na natureza daquele espírito reencarnado que sente atração por este ou por aquele sexo.

Não estamos aqui falando de promiscuidade, de bacanais, etc., pois isto, independente se homossexuais ou se heterossexuais é uma prática que diminui a vibração, que traz obsessores e nos prende aos prazeres materiais, enfim, nos fragiliza e nos prejudica. Estamos aqui falando das relações que envolvem o sentimento do amor conjugal.

Assim, o que eu entendo é que não importa a sua opção sexual, não importa se você é um heterossexual ou um homossexual, o que importa é a tua vontade em seguir os passos de Jesus, de praticar a caridade, de amar toda a forma de vida, de buscar o fim do seu egoísmo, do seu orgulho, de sua raiva e de seu ódio. Importa que seu espírito trabalhe incansavelmente para a libertação própria e a iluminação de todos que lhe rodeiam.

Se você ama (no sentido conjugal, matrimonial do verbo) uma pessoa do mesmo sexo, ou uma pessoa do sexo oposto, deve apreciar este sentimento, deve ter com ele ou com ela uma relação de companheirismo. Buscar nesta pessoa aquela que dividirá com você as angústias e as alegrias da vida. Deus nos permite o casamento para isto; para trilharmos um caminho com outro espírito.

Ou seja, para mim, a Umbanda realiza os matrimônios, abençoa as relações não com a exclusiva intenção de colocar um macho e uma fêmea para procriarem, mas o faz para que dois espíritos possam, a partir daquele momento, dividir um só caminho. Como disse o Caboclo Mata Virgem em recente casamento em nossa casa:

“Até aqui vocês caminharam por caminhos próprios, estes caminhos se aproximaram, e hoje se unem. O que eram dois caminhos se torne um, o que eram duas chamas se torne uma.”

O matrimônio é um ato de amor, de união de espíritos para a consecução de seus objetivos com companheirismo. E é assim independente de um casamento hetero ou homoafetivo.
Neste sentido o nosso querido Preto-velho, Pai Tobias de Guiné, em recente consulta teceu o seguinte comentário:

“Vocês não param de ficar apegados a forma, ficam sempre querendo julgar um rio pela sua superfície. Dois espíritos se amam e querem compartilhar um mesmo caminho de vida, chegam a este terreiro e pedem uma benção, pedem para que realizemos seu casamento. Qual será a resposta?
Respondemos pelos espíritos ali presentes, ou vamos responder de acordo com a roupa que estão usando naquele momento? Para nós, falangeiros da Umbanda, não interessa a roupa, ou seja o corpo físico, interessa se estes espíritos se amam de verdade. Quando percebo isto, o amor, fico grato a Zambi, aos Orixás, por poder presenciar e atuar na benção deste casal.”

A homofobia e o preconceito pela opção sexual só atrasam a vida de todos, só trazem desarmonia, vibrações de ódio, e não de amor e de caridade. Neste sentido peço a todos que leiam o texto
Mais uma palavra sobre preconceito, o caso ali relatado é sobre o preconceito realizado a um homoafetivo.

Será que há qualquer justificativa espiritual para este tipo de preconceito?

Assim, a opção sexual, o fato de sermos homoafetivos (homossexuais), ou heteroafetivos (heterossexuais), não faz de nós diferentes, certos ou errados, pecadores ou não pecadores. O que nos torna melhores ou piores é o que fazemos em relação à vida, em relação às pessoas, em relação aos espíritos e a nós mesmos, ou seja, quão orgulhosos, quão egoístas, quão amorosos e caridosos nós somos. Isto é o que revela a nossa natureza e não as formas, e não as aparências.

Por fim quero fazer uma última reflexão:

Na época em que Jesus viveu encarnado o pior de todos os pecados era a da mulher adúltera, ou seja, a mulher que traia o homem. Para esta mulher a condenação era o apedrejamento em praça pública, e isto esta escrito na Bíblia (antigo testamento).

O que Jesus fez ao ver uma mulher adúltera sendo apedrejada? Levantou-a, e olhou para a multidão de julgadores e disse: “atire a primeira pedra aquele que nunca pecou”. Ou seja, mesmo diante do maior pecado para seu povo, Jesus afirmou que jamais devemos julgar o nosso irmão ou nossa irmã. Com isso quero dizer que não interessa como você pensa a questão, se você concorda comigo, com a Umbanda, com os espíritas, com os demais cristãos, importa que pense como pensar, jamais julgue o seu semelhante, jamais se preocupe com o argueiro no olho do teu vizinho, e sim com a trave que cega a sua visão.

Jesus nos ensinou a amar incondicionalmente, amar a todos, até nossos inimigos, nossos queridos guias também ensinam isto para nós diariamente, vamos então praticar o amor incondicional. Ou seja, convencido da naturalidade das relações homossexuais, ou não, o que não podemos aceitar é que os umbandistas julguem, discriminem.

A Umbanda, para mim, não julga e não vê de forma anormal a homossexualidade, ou a heterossexualidade. Se esta pessoa é homo ou heterossexual, pouco importa, pois, todos somos espíritos iguais, filhos do mesmo pai, com livre arbítrio.

Para mim a Umbanda está preocupada e focada na elevação espiritual, na prática da caridade e no exercício do amor. Assim, para mim e para a Umbanda que pratico, o casamento, o matrimônio, ou a benção de casais acontece em virtude do amor conjugal, da parceria e do companheirismo, por isto, seja ele um casamento de pessoas do mesmo sexo ou de sexos biológicos diferentes, acredito que a benção, o sacramento pode e deve ser realizado.

Saravá a Umbanda, saravá o respeito e o amor entre todos os seres.

terça-feira, 4 de junho de 2013

Ponto Cantado

É o conjunto de músicas próprias utilizadas em rituais umbandistas. Servem para os mais diversos fins, como por exemplo, receber uma visita, homenagear uma entidade etc.
Os pontos cantados na Umbanda são as prece e as invocação das falanges, chamando-as ao convívio das suas reuniões que, no momento, se iniciam.
Todas as religiões têm os seus cânticos. Assim, a Umbanda usa os seus pontos cantados, dos quais, entretanto não se deve abusar, pois eles representam as forças falangistas que se aproximam dos terreiros ou centros, para os trabalhos, sejam de magia, de descarrego ou de desenvolvimento de médiuns. Mas prestem  bem atenção. Não deturpem os pontos com excesso de cantos, muitas vezes impróprios para o momento, pois um ponto mal tirado (cantado), fora do seu âmbito, não produzirá o efeito desejado, prejudicando a aproximação das falanges e até mesmo perturbando o ambiente, pois essas falanges não estão sendo chamadas como deveriam ser. Cantem os seus pontos em harmonia, sem exageros, com cadência própria, porque a harmonia dos sons, é uma das mais importantes partes da magia e dela depende, dentro da Umbanda, a vinda dos guias e protetores espirituais, para darem a luz necessária, na verdadeira construção dos trabalhos que se processarão dentro dos rituais, impostos pelas preces em forma de canto, que formam uma das maiores forças mágicas da Umbanda. Em resumo, nós umbandistas, utilizamos os pontos cantados para entrar-mos em sintonia com as forças do astral. Em outras palavras, através dos pontos cantados, conseguimos buscar as forças espirituais das entidades, para atuarem diretamente sobre os trabalhos que estão sendo realizados..
Para entoar as melodias dos pontos cantados, são formadas as curimbas nos terreiros de Umbanda. A curimba geralmente é composta de: Ogãs Curimbeiros (somente canto), Ogãs Atabaqueiros (somente percussão) e Ogãs Curimbeiros e Atabaqueiros (canta e toca percussão).
A curimba de um terreiro, exerce uma função de suma importância e, em razão disso, deve desenvolver um trabalho altamente sério e bem intencionado, pois todo o andamento dos trabalhos (gira), é ligado diretamente a curimba.
Vale também lembrar, que a palavra “Ogã”, é de origem Yorubá, que significa em nossa língua “Senhor da minha casa”. Portanto, a curimba deve ser encarada como uma função de grande honra e importância, para quem dela participa diretamente.
É obrigação de todo Ogã, conhecer os diversos ritmos dos pontos e o momento certo de cantá-los. Devem também,  saber o nome de todas as entidades espirituais que trabalham em seu terreiro, saber distinguir rapidamente uma entidade de outra, e  saber sempre, na ponta da língua, todas as saudações destinadas aos guias, protetores e orixás, da nossa querida Umbanda.
Émuito importante, que o ponto seja cantado de forma correta. Devemos analisar a letra e a melodia , e cantar com muito respeito e emoção, sem gritaria e sem brincadeiras. Afinal, o ponto é uma prece, portanto, vamos cantar com muito amor e devoção.
A curimba é responsável pela preparação do ambiente, tornando-o propício e harmonizado com o plano espiritual.
É costume dizer que a curimba é responsável pela segurança do terreiro, pois é através da firmeza dos responsáveis pela curimba que a gira transcorre normalmente ou pode virar.
Quando falamos em virar a gira, estamos dizendo que, é através do chamado dos ogãs, que as entidades positivas ou negativas atuam diretamente sobre os rituais que estão sendo realizados.
Devemos tocar os instrumentos ritualisticos e não bater de forma desordenas. Deve existir uma harmonia, uma simetria, uma afinação entre os instrumentos de couro, os instrumentos de metal e a voz humana, dentro da curimba.
Os instrumentos devem ser afinados conforme as condições de tempo (temperatura) e espaço físico. Por exemplo: no verão devemos deixar o couro dos atabaques um pouco mais folgados, pois o calor agrupa as moléculas do couro, fazendo com que os mesmo fiquem mais apertados, a medida em que são tocados, coisa que não acontece no inverno, onde o frio faz com que o couro se torne úmido e mole.
Os instrumentos mais comuns dentro do ritual umbandista são os atabaques, em conjunto de três, agogô, afoxé, pandeiro, maracas, triângulo, ganzá, adjá  e o berimbau.
O conjunto dos atabaques são constituídos por três tamanhos diferentes, sendo o menor chamado de rum, o médio chamado de rumpí e o maior chamado de lê.
Nem todos os instrumentos são utilizados nos terreiros e centros, o mais comum é a utilização somente dos atabaques.
As palmas, também estão incorporadas nos rituais umbandistas, pois também é uma forma de comunicação com o plano astral, pois através delas, podemos expressar nossas emoções e a satisfação em ver uma entidade espiritual em terra.
Os pontos cantados são divididos conforme suas caraterísticas, pois cada tipo de ponto serve para um determinado fim.

HINOS

São entoados em cerimônias especiais, tais como a comemoração de fundação de um terreiro, formaturas de sacerdotes, apresentações públicas, e em reuniões onde encontram-se várias personalidades civis da Umbanda.

ABERTURA

São entoados para dar início aos trabalhos espirituais, sejam eles de qualquer natureza.

ENCERRAMENTO

São utilizados par encerrar os trabalhos espirituais, sejam eles de qualquer natureza.

BATER CABEÇA

Utilizados pelo corpo mediúnico em geral, para fazerem suas saudações aos guias, protetores e orixás, diante do congá.

DEFUMAÇÃO

Cantados quando é efetuada a queima das ervas aromáticas, durante o ritual de defumação.

CHAMADA

Pontos utilizados para chamar as entidades espirituais, no local onde estão sendo realizados os trabalhos.

SUBIDA

São entoados no momento em que, as entidades que estão em terra, estão se preparando para fazerem o retorno ao plano espiritual. 

DESCARREGO

São cantados para firmar as linhas que irão trabalhar no descarrego, e também, para firmar as falanges que vão atuar na cobertura.

VISITA

São apropriados para receber, saudar e despedir-se de um visitante, ou para entrar e sair de um terreiro visitado.

SAUDAÇÕES

São melodias usadas para homenagear autoridades, presentes no terreiro, ou em apresentações publicas.

POVOS

São utilizados para exaltar os povos (Baianos, Ciganos, Marinheiros, Boiadeiros, Povo da Rua e etc.). São pontos secundários (cruzados) e exclusivos a estas entidades, onde através dos mesmos, fazemos nossas saudações e  agradecimentos. Não existe pontos primitivos para os povos, pois todas essas entidades espirituais, obedecem ao comando de um determinado orixá.

PRIMITIVOS

São pontos que citam especificamente um orixá. Nesses pontos entram somente, o nome do orixá, armas, adereços costumes e etc. Não entram nomes de caboclos ou entidades espirituais que trabalham nas respectivas linhas dos orixás, nem o nome de um outro orixá.
Quando os pontos primitivos são utilizados?
  • Homenagem ao orixá.
  • Obrigações.
  • Quando não se sabe o nome de uma entidade que trabalha na vibração de um determinado orixá.

CRUZADOS

São os pontos que citam mais de um orixá, ou entidades espirituais que trabalham na vibração desse orixá. Nestes pontos é comum o cruzamento do orixá e tudo que diz respeito a ele e aos guias de sua falange.
Quando os pontos cruzados são utilizados?
  • Para especificar o nome de uma ou mais entidades.
  • Para especificar o nome do orixá e seus guias.
  • Para chamada especifica de uma entidade.
  • Na necessidade de se cruzarem duas ou mais vibrações.

SACRAMENTOS

São cantados em ocasiões especiais, onde são realizadas cerimônias de casamentos, batizados etc.