segunda-feira, 18 de março de 2013




O suicídio, como ninguém mais ignora, constitui para o Espírito, que a ele se aventurou em tão adversa hora, um estado complexo de semiloucura, situação crítica e lamentável de descontrole mental, forçando estudos e exames especiais dentro da própria Revelação Espírita. Entretanto, existem nele certos traços gerais, que convêm examinados ainda uma vez:

Os suicídios que tiveram por causa a obsessão de um Espírito perverso, sobre o encarnado, apresentam certa parcela de atenuantes para a vítima e agravantes para o algoz.

Existem suicidas que se viram sugestionados a cometerem o ato terrível, através do sono de cada noite, por uma pressão obsessora do seu desafeto espiritual, desafeto que poderá ser também um espírito encarnado, e à qual não se puderam furtar, tal o paciente que, recebendo do seu magnetizador uma ordem durante o transe sonambúlico, cumpre-a exatamente dentro do prazo determinado por este, mesmo quando se passaram já muitos meses depois da experiência.

Outros existem que não querem absolutamente morrer, não desejam o suicídio; que relutam mesmo contra a idéia por que se vêem atormentados e se horrorizam ao compreender que algo desconhecido
os arrasta para o abismo, abismo esse que temem e ante o qual se apavoram. Apesar disso, sucumbem, precipitam-se nele, uma vez que, deseducados da luz das verdades eternas, desconhecedores do verdadeiro móvel da vida humana, como da natureza espiritual do homem, não lograram forças nem elementos com que se libertarem do jugo mental terrível e malfazejo, cujo acesso permitiram.

Eles vêem junto a si antes de efetivado o ato, com impressionante segurança, tais se materializados fossem diante dos seus olhos corporais, os quadros mentais que o obsessor fornece através da telepatia ou da sugestão: — um receptáculo de veneno ou substância corrosiva; um revólver engatilhado, que misteriosa mão sustém, oferecendo-lho; uma queda de grande altura, onde eles próprios se vêem despenhando; um veículo em movimento, sob o qual se deverá arrojar etc.

Sofrem assim, por vezes, durante meses consecutivos, sem ânimo para confidenciarem com amigos, uma agonia moral extenuante e arrasadora, uma angústia deprimente e inconsolável, que lhes agravam os males que já os infelicitavam, angústia que nenhum vocábulo humano será eficiente para bem traduzir.

Notemos, todavia, que tratamos tão somente da obsessão simples,
ou seja, daquela que é ignorada por todos, até mesmo pelo obsidiado, da que se não revela ostensivamente, objetivando alteração das faculdades mentais, mas que, sutilmente, ocultamente, através de sugestões lentas, sistemáticas, solapa as forças morais da vítima, tornando-a, por assim dizer, incapaz de reações salvadoras.

Pouco a pouco, sob tão doentia pressão magnética, uma tristeza suprema e avassalador desânimo comprometem as energias do assediado. Aterrador alarme desorienta-o, todos os fatos da vida, mesmo os mais vulgares, se lhe apresentam ao raciocínio contaminados pela infiltração obsessora, dramáticos, maus, irremediáveis! Esquece-se ele de tudo, até mesmo do seu Criador, ao qual, em verdade, jamais considerou, mas em cujo amor encontraria proteção e forças para resistir à tentação. E somente se preocupa com o meio pelo qual se furtará aos males que o afligem. Então sucumbe sem apelação, curva-se à vontade que conseguiu dominar a sua vontade, servindo-se da sua fraqueza de homem despreocupado das razões da Vida e ignorante de si mesmo, que da existência só conheceu, muitas vezes, a feição meramente animal.

Daí se concluirá, então, da necessidade de os homens procurarem conhecer a si mesmos, isto é, que possuem nos recessos da personalidade um sexto-sentido, um dom natural
capaz de permitir tais desastres, se se conservar ignorado, e se eles próprios, os seus portadores, preferirem viver alheios às causas sérias e elevadas, que lhes permitiriam a harmonização com estados psíquicos superiores, que de tudo isso os eximiriam, uma vez que o obsidiado possuirá, forçosamente, para que se torne obsidiado, os ditos dons mediúnicos, tal como toda a Humanidade os possui.

Ora, o suicídio, assim efetuado, transformou-se antes num assassínio gravíssimo, contornado de agravantes, cometido pelo obsessor, que responderá pela crueldade exercida, perante a justiça do Criador Supremo.

Quanto ao obsidiado, sua responsabilidade certamente foi profunda, em razão de haver permitido acesso às arremetidas inferiores, por se conservar igualmente inferior, não desejando o próprio progresso com a renovação dos próprios valores morais à procura do ser espiritual e divino existente em si, não tentando reações de ordem moral e mental para dignamente se equilibrar nos deveres impostos pela existência.

Responderá, portanto, pela fraqueza e a descrença que testemunhou, enfrentando, após o suicídio, momentos críticos, decepcionantes, da vida do Além, e retornando à Terra para, em existência nova, terminar a que fora interrompida pela fragilidade demonstrada ao entregar-se às mãos do algoz, sem tentar defender-se com as devidas diligências, ou reações.


Adolfo Bezerra de Menezes
A Lei de Causa e Efeito

 é conhecida, desde civilizações remotas, sob a designação de Carma.

Nenhum acaso rege os destinos. É a Lei do Carma, Lei de Causa e Efeito ou a Providência Divina, que tudo coordena, ajusta e opera, intervindo tanto nos fenômenos sutis do mundo microscópico, como na vastidão incomensurável do macrocosmo. Ela tem, por objetivo único, dirigir o aperfeiçoamento incessante de todas as coisas e seres que compõem a harmonia da Criação.

O Carma constitui, portanto, a Lei de Causa e Efeito, com o seu saldo credor ou devedor para com o Espírito. As regras inflexíveis de que “a semeadura é livre, mas a colheita obrigatória”, e de que “a cada um será dado conforme as suas obras”, não abrem exceções a quem quer que seja, mas ajustam as criaturas à disciplina coletiva, tão necessária ao equilíbrio e harmonia da Humanidade.

O principal meio de modificar o nosso Carma para melhor reside no controle dos nossos pensamentos, palavras e ações, pois, à medida que nos melhorarmos, reduziremos ou modificaremos os débitos do passado e criaremos um novo Carma para o futuro.


Bibliografia:

Livro dos Espíritos, Allan Kardec, Parte 2ª, Cap. VI.
O Céu e o Inferno, Allan Kardec, 1ª Parte, Cap. VII.
A Gênese, Allan Kardec, Cap. XV, item 15.
O que é o Espiritismo, Allan Kardec, Cap. II, itens 100 a 103.


* * *


A Lei de Causa e Efeito deveria ser estudada, espiritualmente, pelos homens, com o máximo esmero, meditando todos sobre ela o bastante para se forrarem ao seu gládio severo e inevitável, que desfere represálias impressionantes, porém, justas, criteriosas e sábias, as quais representam a reação da Natureza, ou da Criação, contra a desarmonia estabelecida em suas diretrizes pela própria criatura.

Os homens, no entanto, jamais se aplicam a essa nobre investigação que lhes evitaria desgraças, apoucamentos e ignomínias que, absolutamente, não estariam no seu roteiro, se eles, mais comedidos nas ações diárias, não os criassem para si mesmos, com atitudes verificadas a cada passo na sociedade como dentro do lar.

Oh! Quão severa e temível é a lei que rege os destinos da Criação! Os homens terrenos precisam ser avisados destas impressionantes verdades, a fim de que melhor se conduzam durante as obrigatórias travessias das existências.

Leitor! Ama e respeita a Doutrina do Consolador prometido por Jesus! Zela, prudentemente, pela Revelação, que ela te concede, das Verdades eternas! Difunde-a com clareza e dedicação, porque somente ela, com os ensinamentos das leis que dirigem os destinos humanos, corrigirá tais desarmonias existentes no seio das sociedades terrenas.





Se dificuldades e provações te visitam, no relacionamento com o próximo, não te permitas requentar mágoas no coração.
Deixa que a confiança na Sabedoria Divina te dissipe qualquer sombra do pensamento, lembrando o Sol a desfazer nuvens diariamente para vitalizar e revitalizar os processos da vida....
Para isso, é imperioso que a compreensão te presida os impulsos. E a compreensão te fará saber que os outros são criaturas autônomas, gravitando sempre na direção de objetivos diferentes dos
teus.

A certeza disso te livrará da solidão negativa, capaz de induzir-te a desânimo e desespero.

A verdade nos ensina que ninguém realiza o bem e nem caminha para o bem, sem os outros, mas porque isso aconteça, ninguém pode exigir que os outros lhe carreguem a existência, nas sendas a
percorrer.

Os outros serão nossos cooperadores, intérpretes, associados e companheiros, enquanto isso se lhes faça possível, ocorrendo o mesmo conosco, em relação a eles.

À vista disso, ama aos amigos sem prendê-los.

Esse terá sido o sustentáculo de tuas esperanças, por muito tempo; entretanto, é possível surja um dia em que não consiga permanecer inteiramente ao teu lado, em face de novas tarefas que lhe
despontam na senda.

Outro te entendia os propósitos, até ontem; no entanto, experiências, que se lhe fizeram necessárias, alteraram-lhe provisoriamente os raciocínios.

Aceita-os quais se mostram, continuando a agir no exercício do bem e seguindo adiante na construção da vida melhor em ti mesmo.

Ninguém aprende algo de bom e nem melhora a si mesmo, sem os outros, mas ninguém pode depender totalmente dos outros nas realizações que demande.

Nos momentos de mudanças e renovação para aqueles a quem mais amas, afasta de ti a ideia de separação e não te lastimes.

Prossegue trabalhando, porque, pelos Desígnios da Vida Superior, outros virão ao teu encontro para a execução das tarefas que o mundo te conferiu e os que se afastam de ti voltarão depois, com mais força de amor, a fim de te auxiliarem ou serem auxiliados.

A verdade não se deteriora.

Somente perde os seres queridos aquele que possessivamente os procura, quando se fazem distantes, porquanto quem ama, ama sempre, e de tal modo que, ainda mesmo quando os corações
amados se distanciam, o coração que ama prossegue amando-os e abençoando-os, sabendo conscientemente que, pelas forças do espírito, jamais deles se afastará.

Emmanuel - Psicografia de Chico Xavier
 

Casamento, Divórcio, Culpa...



Recebemos uma mensagem, da qual reproduzimos o essencial:

(...) "hoje estamos namorando, mas temos muita pena dela, as vezes remorso, culpa pelo sofrimento dela, e nos amamos, quero saber se vamos pagar todo esse sofrimento ocorrido, nunca desejamos mal a ela, sentimos que nosso amor e verdadeiro" (...)

É ainda motivo de alguma confusão para quem se interessa por Espiritismo, a questão do divórcio, e das suas possíveis consequências reencarnatórias.

A maior parte das pessoas que se interessam por Espiritismo são oriundas de famílias católicas, e foram elas próprias católicas durante muitos anos. E todos sabemos que o Catolicismo condena o divórcio, não o admitindo sequer e afastando dos sacramentos os católicos que se divorciem, e fazendo assim pesar sobre as suas cabeças uma culpa sem remissão.

Como não somos católicos, não nos cabe questionar esses procedimentos. As nossas fontes para uma análise do problema são a nossa consciência, o senso-comum, e, dado que o Espiritismo é o Cristianismo Redivivo, temos como fonte a palavra de Jesus.

Em "O Evangelho Segundo o Espiritismo", uma das cinco obras basilares da Doutrina Espírita, é analisado pormenorizadamente o "não separe o homem o que Deus uniu". Entendem os Espíritos, e entendemos nós em consciência, que o sentido desta passagem bíblica é o de que ninguém deve separar duas pessoas que se amam, seja em nome de raça, religião, fortuna, ou qualquer outro tipo de preconceito.

Ninguém pode separar o que está já separado de facto. Há casos de casais que permanecem unidos anos a fio, mas apenas na aparência, pois afectivamente a separação já se consumou há muito.

O que fazer nesses casos? Jesus nunca celebrou casamentos, não mandou que se celebrassem nem ditou regras para os mesmos. O casamento, à época de Jesus, era, tanto para Romanos como para Judeus, um acordo firmado na afinidade entre dois seres e na disposição mútua de fazerem vida em comum. O Direito era simples e claro nessa matéria, admitindo a separação com justa causa, decidida entre cônjuges. A figura do "casamento indissolúvel" é uma criação eclesiástica posterior, a par com as missas, as confissões, e tantos ouros preceitos religiosos.

O Espiritismo não "encoraja" o divórcio, nem leva o casamento de ânimo leve. Não existe "casamento espírita". para os espíritas, o essencial de qualquer casamento, seja ele religioso, civil ou informal, é o amor e a lealdade.

O Espiritismo não prescreve regras de vida. Por isso, neste caso como em todos os outros, cabe a cada um e a cada par, decidir de acordo com a sua consciência, pesando bem os prós e os contras da decisão.

Na nossa óptica, não existe qualquer tipo de fatalidade no divórcio. O pensamento católico que subsiste em muitos de nós ainda nos leva a temer o "castigo divino", por via de algo que, no fundo, consideramos uma desobediência às leis de Deus. Ainda nos acorre a ideia de que mais tarde vamos "pagar" por causa de nesta vida termos querido pôr termo a uma situação de infelicidade e procurar viver mais felizes.

No entanto, nada na doutrina espírita nos diz que será assim. Nada nos obriga a viver um casamento sem amor, ou, pior, um casamento em que reine o ódio, a violência, ou inclusive haja perigo de alguma ocorrência grave para um ou ambos os cônjuges.

Observado o superior interesse dos filhos, caso os haja, e tendo concluído ambos que estão esgotadas as tentativas de uma vida em comum feliz e harmoniosa, a separação não nos parece uma solução pior do que manter um casamento de fachada, em nome do "parece bem ou parece mal" ou de qualquer convenção religiosa.

Estamos convictos de que, em última análise, para Deus contará a pureza das intenções de cada um. O que decidirmos em consciência será o melhor, pois é o melhor que conseguimos, com a inteligência e discernimento que possuímos.

Todos os dias erramos. Erramos até em coisas que só Deus sabe que estão erradas, já que nós ainda nem o descortinamos. Erramos em coisas que sabemos que estão erradas, mas que ainda não conseguimos evitar. O divórcio, contudo, parece ser uma daquelas situações que bulem com o que de mais recôndito existe no nosso ser, pois que mexe com a busca da Felicidade, algo que tradicionalmente associamos ao "pecado", tal como associamos o sofrimento a uma hipotética "virtude".

A Visão Espírita da Pedofilia




Assunto delicado e grave. Vejamos alguns aspectos iniciais:
Como o espiritismo vê a questão da pedofilia?
Como um grave desequilíbrio mental e espiritual, necessitando severo tratamento multidisciplinar, isto é envolvendo diversos profissionais além de tratamento espiritual complementar.

Qual a razão de existirem pedófilos?
A mesma razão de existirem quaisquer outros desequilíbrios psíquicos. São atitudes doentias que se estruturaram ao longo de uma ou mais existências ou seja reencarnações. Ninguém foi criado pedófilo.
O que se passa nas suas mentes?
Cada um deles tem uma história. Não há como colocar todos em um mesmo rótulo. Mas poder-se-ia dizer que tem um impulso sexual doente e destituído de ética.
Quais os traumas que eles têm?
Diversos, e variam conforme cada caso. Podem ter sofrido: violência infantil, abandono, desprezo, presenciado quando em tenra idade, sexo entre os pais, enfim outras distorções de educação ou de vivência.
Como se explica tal comportamento?
A resposta é tão difícil como explicar qualquer outra grave alteração de comportamento. São espíritos que pelo seu atraso, imaturidade, ignorância e sobretudo pelo livre arbítrio desviaram-se da linha normal de conduta.
E as vitimas, por que isso?
Em diversas oportunidades, quando fizemos palestra sobre reencarnação, fomos questionados posteriormente sobre a dolorosa e delicada circunstância da pedofilia. Principalmente, ao se propiciar perguntas nos serem dirigidas por escrito viabilizava-se este questionamento.
Embora o tema seja potencialmente polêmico e desagradável, não há como ignorá-lo no contexto de nossa situação planetária.
Nossa abordagem será pelo ângulo transcendental e reencarnacionista considerando que são dois espíritos, no mínimo, envolvidos na tragédia em questão. Cumpre-nos esclarecer que o livre arbítrio é o maior patrimônio que nós, espíritos humanos, temos alcançado ao atingirmos a faixa evolutiva pensante. Livre arbítrio que não legitima atitudes, mas oportuniza às criaturas decidir e se responsabilizar pelas consequências de seus atos posteriores.
Outra premissa que deveremos estabelecer é aquela da maior ou menor repercussão dos atos perante a Lei Universal, em função do nível de esclarecimento que possuímos. Importante também salientar que não há atos perversos que tenham sido planejados pela espiritualidade superior. Seria de uma miopia intelectual sem limites, a ideia de que alguém deve reencarnar a fim de ser violentado ou sofrer pedofilia. A concepção do Deus punitivo e vingativo já não cabe mais no dicionário dos esclarecidos sobre a vida espiritual. Deus é a fonte inesgotável de amor. É a Lei maior que a tudo preside, uma lei de amor que coordena as leis da natureza.
Então, como conceber a violência física? Como enquadrar a onipresença divina em situações e sofrimentos que observamos? Deus estaria ausente nestas circunstâncias? Ou estaria presente? Para muitos indivíduos se estivesse presente já seria motivo para não crer na sua existência ou na sua infinita bondade e onisciência.
Outra questão importante: Quem é a “vítima”? Analisemos. Cada um de nós ao reencarnar trouxe todo o seu passado impresso indelevelmente em si mesmo, são os núcleos energéticos que trazemos em nosso inconsciente construídos no passado.
Espíritos que somos e pelas inúmeras viagens que percorremos, representadas pelas inúmeras vidas, possuímos no nosso “passaporte” inúmeros “carimbos” das pousadas onde estagiamos em vidas anteriores. Hoje, a somatória dessas experiências se traduzem em manancial energético que irradia constantemente do nosso interior para a superfície desta vida.
Assim, é também a “vítima”. A criança, que hoje se apresenta de forma diferente, podem trazer de seu passado profunda marcas de atitudes prejudiciais a irmãos seus. Atitudes de desequilíbrio que são gravadas em si mesma.
Algumas dessas, hoje crianças, participaram intelectualmente de verdadeiras emboscadas visando atingir de maneira dolorosa a intimidade sexual de criaturas; outras foram executoras diretas, pela autoridade que eram investidas, de crimes nesta área. Enfim, são múltiplas as situações geradoras da desarmonia energética que agora pulsa constantemente nos arquivos vibratórios da criança, nossa personagem neste drama.
Pela Lei Universal da sintonia de vibrações, poderá ocorrer, em um dado momento, uma surpresa desagradável. O espírito, criança agora, poderá atrair e sintonizar com o agressor, ou seja, o pedófilo, e ser agredida.
Identificados dois dos protagonistas (agressor e criança), temos também que considerar o frequente processo obsessivo que vinha se desenvolvendo. Uma outra entidade pode estar fixa perifericamente ou até profundamente à trama perispiritual de um ou dos dois envolvidos no processo.
Lembramos, novamente, não foi em hipótese alguma programada a violência ou o estupro, nem ele em qualquer circunstância teria justificativa. No entanto, o crime existindo, necessário compreender em uma visão mais ampla o que está acontecendo. A espiritualidade sempre fará o máximo para evitar o “mal” ou não sendo possível, apoiar aos que sofrem.
O espírito submetido à violência da pedofilia sofre intensamente no processo, conforme o seu grau de maturidade espiritual. Não houve a programação, mas a tendencia que trazia era forte e havia o risco em passar por algo do gênero, que a espiritualidade não conseguiu evitar.
A violência da pedofilia gera, muitas vezes, profundos traumas em todos os envolvidos, exacerbando a dolorosa situação kármica da constelação familiar.
Há, também, espíritos afins e benfeitores que visam amparar os envolvidos nesta dor. Amigos do extrafísico cheios de ternura em seu coração, com projetos de dedicação e amparo, sempre se fazem presentes. O tempo se encarregará de cicatrizar os ferimentos da alma.
Artigo publicado na Revista Cristã de Espiritismo, edição 76.
Ao reproduzir o texto, favor citar o autor e a fonte.


 

 
Diz a doutrina espírita que, depois da morte, há uma nova vida: esta é uma jornada certa e cheia de revelações para os espíritos desencarnados. Agora, descubra mais sobre o lado de lá.

A VIAGEM CONTINUA

Há quem diga que a morte é a única certeza que temos na vida. Para os adeptos do espiritismo, no entanto, há uma certeza ainda mais significativa: o fato de que, depois da morte do corpo físico, o espírito se liberta, tornando-se consciente e verdadeiramente vivo.
 Mas, afinal, como é essa tal de vida espiritual? Para onde vamos, o que fazemos, com o que nos preocupamos quando chegamos ao lado de lá? Segundo os kardecistas, há várias respostas possíveis. Após a morte, os caminhos de cada um se abrem conforme diferentes circunstâncias, desde a forma como morremos até a maneira como agimos na Terra. Uma coisa é certa: cada ser une-se a outros que possuem o mesmo padrão vibratório de pensamento. Assim, todos têm possibilidade de desenvolver-se ao lado de seus semelhantes, como em uma escola, até que estejam aptos a alcançar níveis superiores da espiritualidade.

RECÉM-CHEGADOS

Como o espírito é totalmente ligado ao pensamento, a consciência da vida após a morte não é a mesma para todos. Seja por desconhecimento do mundo espiritual ou, simplesmente, porque sofreram morte repentina, muitos recém-chegados nem sequer têm noção de que desencarnaram. Em casos assim, é muito comum manter o indivíduo dormindo enquanto ele é preparado, por espíritos socorristas, para receber e entender a notícia da morte sem grandes choques. Segundo os ensinamentos de Allan Kardec, há também os casos de pessoas que morrem por problemas de saúde ou acidentes violentos e, ao chegar do outro lado, acabam indo para verdadeiros hospitais, a fim de que se recuperem completamente da doença. “Quem desencarna doente continua o tratamento no mundo espiritual até estar curado”, explica Regina Helena Tuma Carlini, uma das diretoras da Federação Espírita do Estado de São Paulo.
Os socorristas, segundo Regina, podem ser espíritos próximos, como parentes desencarnados há mais tempo, grandes amigos e, também, aqueles que já trabalhavam no auxílio ao próximo na vida terrena, como médicos e enfermeiros que já passaram pela aprendizagem do outro lado da vida, evoluiram e, agora, podem auxiliar os que chegam.

NECESSIDADES TERRENAS

Quando o espírito finalmente entende que a morte não é o fim de tudo, começa a descobrir como tocar sua vida do lado de lá. Nessa fase, é comum perceber que muitas de suas necessidades terrenas ainda continuam bastante presentes. “O alcoólatra tenderá a unir-se com outros alcoólatras e buscar lugares onde possam absorver essa energia, principalmente, em bares que frequentavam quando encarnados”, exemplifica Regina.
Isso acontece porque as impressões da vida terrena ainda estão marcadas no perispírito, o laço que une o espírito à matéria do corpo e que continua conosco no próximo plano. Assim, existem espíritos com sede, com fome e com necessidade de sexo, por exemplo. Em casos extremos, eles se ligam a pessoas vivas, como um obsessor, para poder receber as energias que lhe interessam.
Quando são bem orientados, aos poucos os espíritos vão se conscientizando de que não precisam mais de alimentos e bebidas para conseguir energia, por exemplo. “Quando finalmente conseguem libertar-se das necessidades terrenas, os espíritos passam a se satisfazer com alimento fluídico, que é bem mais sutil e o sustenta plenamente”, esclarece Regina, lembrando que Gandhi, detentor de um grau superior de evolução espiritual, conseguia fazer greve de fome, tirando energia da própria respiração, pois sua mente já estava preparada para sustentá-lo.

O GRANDE DESPERTAR

Com o tempo, os espíritos se libertam das necessidades materiais e se curam das mazelas terrenas, cada um em seu ritmo de evolução. Quando entendem plenamente sua nova condição de vida, já estão prontos para começar a trabalhar – no mundo espiritual há muito trabalho a ser feito, desde cuidar de crianças e amparar doentes até construir casas e vigiar as entradas das colônias espirituais.
Depois de algum tempo, o próprio espírito deve se dedicar ao estudo de suas próprias ações, para descobrir e determinar como deve voltar à Terra, ou seja, que provas terá de enfrentar para reparar seus erros. Ana Gaspar, fundadora do centro espírita Nosso Lar, em São Paulo, esclarece que, antes da reencarnação, somos nós próprios quem escolhemos as provas pelas quais iremos passar, seja cuidar de um filho doente, passar por um casamento difícil ou, até mesmo nascer em uma família rica e ter de lidar com os perigos e conseqüências de nosso livre arbítrio.

UM LAR PARA TODOS NÓS

Entre as colônias espirituais, a Nosso Lar é uma das que se tornou mais conhecidas, tendo sido descrita em detalhes pelo espírito André Luis, que teve 19 livros psicografados por Chico Xavier. Em um de seus mais impressionantes relatos, o espírito descreve a paisagem da colônia, destacando seu formato de estrela de seis pontas e as fontes luminosas multicoloridas e flores delicadas e graciosas que enfeitam suas praças. No geral, Nosso Lar se parece com as cidades que conhecemos no plano material, com a diferença ser muito limpa, organizada, harmoniosa e cheia de energia positiva.

COLÔNIAS DO BEM

Enquanto desencarnados, muitos espíritos vivem nas chamadas colônias espirituais. Estruturalmente parecidas com as cidades do plano físico, as colônias são espécies de comunidades que se reúniem em prol de uma causa em comum.
Muitas vezes, essas colônias estão ligadas a cidades específicas da Terra – por exemplo, existe uma colônia conectada à cidade de São Paulo, uma relacionada a Recife, outra ligada a Nova York etc. O mais importante sobre as colônias espirituais, no entanto, é que elas geralmente reúnem moradores com semelhança de pensamento. Assim, existem colônias para amantes da poesia, defensores da ecologia, profissionais da música, pesquisadores de novas tecnologias, estudiosos do kardecistmo etc. Isso para citar só alguns exemplos.
As colônias também são uma forma de evitar um choque ainda maior com mudanças, pois, se alguém só fala em português, não pode cair em uma colônia de americanos ou chineses, por exemplo, pois, por um bom tempo, ainda precisará se comunicar da forma com a qual estava acostumado.

NAS SOMBRAS DO UMBRAL

Os espíritos que ainda não estão suficientemente evoluídos para se juntar a uma colônia, tem grandes chances de ir parar em mundos inferiores do plano espiritual, em uma região conhecida como Umbral.
Apesar de escuro e cheio de energias negativas, o Umbral não é, como geralmente descrito o inferno do catolicismo, um castigo eterno. Segundo os ensinamentos de Allan Kardec, lá os espíritos tem chance de evoluírem e, passo a passo, alcançarem as esferas superiores.
Nessa região, assim como na Terra, nas colônias ou em qualquer lugar do plano material ou espiritual, os espíritos têm a chance de aprender através do estudo, da prece e da evocação de bons pensamentos.
O importante de verdade, em qualquer etapa do caminho, é lembrar que a viagem está apenas começando.

SUICÍDIO: VOLUNTÁRIO OU NÃO

Ana Gaspar afirma que, em certa altura do livro Nosso Lar, André Luis ouve vozes que o chamam de suicida. Ele fica indignado, pois, como pode ser um suicida se ele ficou hospitalizado até morrer? Então, os mentores explicam que ele foi um suicida “indiretamente”, porque sua morte foi acelerada pelo estilo de vida abusivo que teve, com excessos de álcool e sexo, levando-o a ter um câncer que abreviou sua vida. Se cuidasse melhor de si, não morreria tão cedo. “São muitos os chamados de suicidas indiretos. É preciso cuidar bem de sua morada na Terra, para que não desencarne antes da hora”, avisa Ana Gaspar.
Já aquele que conscientemente decide acabar com a própria vida, geralmente está tão atormentado que chega ao plano espiritual e se une a outros seres com o mesmo padrão vibracional, sofrendo muito ao relembrar o momento da própria morte. Até que conseguem ser ajudados por espíritos socorristas. Uma dessas colônias de vibração muito pesada, o vale dos suicidas, é mostrado no livro Memórias de um suicida, de Ivone Pereira. Mas, avisamos, é uma obra muito densa e não é uma leitura recomendável para quem está começando a receber informações sobre espiritismo. O ideal é começar com Nosso Lar ou o O livro dos espíritos, para que os bons pensamentos o acompanhem.


TÍTULO.: VIDA APÓS A MORTE: O PARAÍSO ESPÍRITA
TEXTO: VÂNIA SILVA
PUBLICADO POR REDAÇÃO EM 31/01/2011 às 15h35
FONTE.: SITE TRIADA – EVOLUA EM TODOS OS SENTIDOS
IMAGEM.: DO PRÓPRIO ARTIGO

DESENCARNAÇÕES COLETIVAS - EMMANUEL


Emmanuel



Sendo Deus a Bondade Infinita, por que permite a morte aflitiva de tantas pessoas enclausuradas e indefesas, como nos casos dos grandes incêndios?


(Pergunta endereçada a Emmanuel por algumas dezenas de pessoas em reunião pública, na noite de 23-2-1972, em Uberaba, Minas).

RESPOSTA:

Realmente reconhecemos em Deus o Perfeito Amor aliado à Justiça Perfeita. E o Homem, filho de Deus, crescendo em amor, traz consigo a Justiça imanente, convertendo-se, em razão disso, em qualquer situação, no mais severo julgador de si próprio.

Quando retornamos da Terra para o Mundo Espiritual, conscientizados nas responsabilidades próprias, operamos o levantamento dos nossos débitos passados e rogamos os meios precisos a fim de resgatá-los devidamente.

É assim que, muitas vezes, renascemos no Planeta em grupos compromissados para a redenção múltipla.

***

Invasores ilaqueados pela própria ambição, que esmagávamos coletividades na volúpia do saque, tornamos à Terra com encargos diferentes, mas em regime de encontro marcado para a desencarnação conjunta em acidentes públicos.

Exploradores da comunidade, quando lhe exauríamos as forças em proveito pessoal, pedimos a volta ao corpo denso para facearmos unidos o ápice de epidemias arrasadoras.

Promotores de guerras manejadas para assalto e crueldade pela megalomania do ouro e do poder, em nos fortalecendo para a regeneração, pleiteamos o Plano Físico a fim de sofrermos a morte de partilha, aparentemente imerecida, em acontecimentos de
sangue e lágrimas.

Corsários que ateávamos fogo a embarcações e cidade na conquista de presas fáceis, em nos observando no Além com os problemas da culpa, solicitamos o retorno à Terra para a desencarnação coletiva em dolorosos incêndios, inexplicáveis sem a reencarnação.

***
Criamos a culpa e nós mesmos engenhamos os processos destinados a extinguir-lhe as conseqüências. E a Sabedoria Divina se vale dos nossos esforços e tarefas de resgate e reajuste a fim de induzir-nos a estudos e progressos sempre mais amplos no que diga respeito à nossa própria segurança.
É por este motivo que, de todas as calamidades terrestres, o Homem se retira com mais experiência e mais luz no cérebro e no coração, para defender-se e valorizar a vida.

***
Lamentemos sem desespero, quantos se fizerem vítimas de desastres que nos confrangem a alma. A dor de todos eles é a nossa dor. Os problemas com que se defrontaram são igualmente nossos.
Não nos esqueçamos, porém, de que nunca estamos sem a presença de Misericórdia Divina junto às ocorrências da Divina Justiça, que o sofrimento é invariavelmente reduzido ao mínimo para cada um de nós, que tudo se renova para o bem de todos e que Deus nos concede sempre o melhor.

(Transcrito do livro: XAVIER, Francisco C. Autores diversos. Chico Xavier pede licença. S.Bernardo do Campo: Ed. GEEM. Cap. 19).



"Não, o coração que amou de fato jamais esquece. Mas, continua amando até o fim. Como o girassol volta para o seu Deus, quando ele se põe, o mesmo olhar que lhe dirigiu quando ele nasceu ", Thomas Moore 
 
Uma das maiores dores que podem atingir a um coração na Terra é a separação de pessoas que se amam. É humano sofrer com a morte física de alguém. É necessário, no entanto, que não se faça do fim natural a que chega a vida física, um palco de revolta contra Deus. A vida física tem seu início, meio e fim. Término esse que todos sabem que um dia chegará. Por que não se preparar? Não a esperando para qualquer momento, mas se conscientizando de que nada na vida lhes pertence, posto que "são depositários e não proprietários".

Apegam-se às pessoas, tornando-se delas donas, razão pela qual chega a revolta da separação. Como alguém que é meu me pode ser tirado, sem o meu consentimento?

A saudade fará com que suas lágrimas caiam para sempre, diminuindo com o tempo, mas estarão sempre em sua face. Mas, creia, o dia do reencontro chegará. Aguarde com confiança e sem qualquer precipitação. Não chantageie a vida se entregando à autodestruição, isto só o levará a se afastar mais e mais das vibrações de refazimento e reequilíbrio.

Não retenha quem se foi além do necessário para que tenha boas recordações. Desfaça-se dos excessos de correntes que podem aprisionar o seu amor ao seu lado. A vida dele prosseguirá em outras paragens, não mais na que você se encontra. Não o chame para ajudá-lo diante das suas dificuldades de vida. Elas são suas.

Deus não é cruel. Jamais o faria reencontrar ou encontrar um amor para depois o lançar fora de sua vida, eternamente. Seu sofrimento não é o maior do mundo, portanto não agrida a quuem quer que seja com a justificativa de que o seu coração está de luto.

Alguém partiu, não faça com que os outros partam também, afastando-se de sua compahia. Ore, pedindo pela paz do que se foi, lembrando-se que ele também sofre a saudade da separação. Mas em suas preces nuunca se esqueça de dizer: "Vá adiante amor, aqui ficaremos bem e, quando Deus assim quiser, nós nos veremos..."

NA HIGIENE DA ALMA




O perdão é comparável à água lustral do espírito, lavando
 todas as nódoas que nos assaltam o tecido da existência.


Não te alegrarás, exibindo a veste salpicada de lama e nem te resignarás a conduzir, cada dia, o lixo da própria casa na concha das próprias mãos.


Ao invés disso, obrigas-te cada manhã ao ritual da limpeza, a começar por teu próprio corpo, a fim de que a saúde e a higiene te marquem as horas. 


No terreno da própria alma, aguardar ressentimentos e mágoas, melindres e dissabores, ante a conduta alheia, é o mesmo que transportar, no reduto do próprio ser, os detritos de nossa marcha, intoxicando-nos a vida.


Odiar é render culto ao desequilíbrio, maldizer é abrir chagas íntimas, censurar é ferir a esperança, exigir, quase sempre, é aborrecer.

Lembra-te de que todos temos necessidade da desculpa recíproca, a fim de que a estrada se nos desimpeça do pedregulho nela atulhado por nossos próprios erros.
Recorda o reconforto que recolhes da palavra de estímulo e a bênção de alívio que te afaga o coração, quando as tuas faltas possíveis são recebidas por outrem com tolerância e perdoa, sem condições, a todos os golpes da senda, na certeza de que todo mal desaparecerá para que o Bem permaneça.

Aqui, agora e sempre, seja onde for, aprendamos a esquecer tudo o que representa poeira inútil da caminhada, procurando simplesmente a luz da compreensão e do Amor que tudo renova e doura, a caminho da Vida Maior e abrir-se-á renovado caminho na longa peregrinação de trabalho e de experiência em que nos cabe evoluir para Deus.


TÍTULO: NA HIGIENE DA ALMA
EMMANUEL E CHICO XAVIER

Somos o que Atraímos



Você nasceu no lar que precisava,
Vestiu o corpo físico que merecia,
Mora onde melhor Deus te proporcionou, de acordo com suas posses,
Você nasceu no lar que precisava…
Possui os recursos financeiros coerentes com suas necessidades…
Nem mais, nem menos, mas o justo para as tuas lutas terrenas,
Seu ambiente de trabalho é o que você elegeu espontaneamente para a sua realização,
Teus parentes, amigos são as almas que você mesmo atraiu, com sua afinidade.
Portanto, seu destino está constantemente sob seu controle.
Você escolhe, recolhe, elege, atrai, busca, expulsa, modifica tudo aquilo que te rodeia a existência.
Seus pensamentos e vontades são a chave de seus atos e atitude…
São as fontes de atração e repulsão na sua jornada vivência.
Não reclame nem se faça de vítima.
Antes de tudo, analise e observa.
A mudança está em suas mãos.
Reprograma tua meta, busque o bem e viverá melhor.

“Embora ninguém possa voltar atrás e fazer um novo começo, qualquer um pode começar agora e fazer um novo fim”.

Visão Retrospectiva, no Momento da Morte





Este é um dos fenômenos mais singulares que ocorrem em todos os casos de morte natural e, até mesmo, em algumas mortes subitâneas, por acidentes diversos.
A pessoa, nos instantes finais de sua existência, vê passar diante de si, como numa tela de cinema ou num monitor de vídeo, toda a Vida que está prestes a deixar. Os primeiros meses do renascimento, a pré-infância, a infância, a puberdade, a adolescência, a juventude e a fase adulta, tudo, tudo que foi experimentado em cada um desses estágios do desenvolvimento bio-psicológico do ser humano, vem à tona com uma riqueza de pormenores, absolutamente, incomum.
Deve-se este fenômeno ao registro minucioso feito pelo corpo perispiritual de todos os acontecimentos vividos pelo ser humano em cada uma de suas existências. Nada deixa de ser fixado pelo envoltório sutil da alma, e é, graças a essa transcrição minuciosa, que podemos, aqui mesmo, em nosso mundo e, mais tarde, na Vida Espiritual, lembrar-nos de todas as nossas existências pregressas.
Essa visão retrospectiva possibilita ao ser uma contemplação crítica e analítica de todas as ações por ele praticadas, durante a última existência, num prévio julgamento consciencial, com vistas à situação que ele merece na Pátria Espiritual.
Através desse retrospecto, pode o espírito avaliar a imensa distância que ainda o separa de um viver, realmente, pautado dentro da legislação divina. Por outro lado, verifica-se, também, que até o centavo que um dia doamos, como esmola, ao mais humilde dos pedintes, ali está registrado.
0 fenômeno é instantâneo. Acontece num átimo. 0 que mais importa, entretanto, não é a sua duração, mas a sua qualidade. Mesmo os segredos mais íntimos que, por vezes, o ser humano reprime para o seu inconsciente, vêm à tona com absoluta fidelidade, numa demonstração de que nada permanecerá enterrado, para sempre, nos porões da mente.
E isto apenas confirma as palavras de Jesus, quando disse:
Nada há oculto que não venha, um dia, a ser conhecido.
Nessa retrospectiva, os fatos negativos servem de advertência, e possibilitam ao espírito entrever as conseqüências cármicas que, no futuro, eles desencadearão. Isto nas almas -mais esclarecidas, com senso de responsabilidade e noções precisas de Vida Eterna e reencarnação. Já os fatos positivos, também recordados, servem como estímulo a um maior crescimento moral e espiritual nas novas dimensões da Vida em que a alma está penetrando.
0 grande vate português Luiz de Camões, em soneto célebre, afirma: - Numa hora, encontro mil anos e é de jeito que em mil anos não encontro uma hora... De fato, o tempo psicológico do espírito e suas vivências espirituais não são medidos exteriormente com os parâmetros habituais dos ponteiros dos relógios. Esse tempo não cronológico, representado pelo acúmulo de experiências vividas, só pode ser avaliado, interiormente, em visões retrospectivas, no instante da morte, ou nos estados de emancipação da alma. No sonho, no sono hipnótico ou sonambúlico, é perfeitamente possível ao espírito reviver, em segundos, fatos que ocuparam, por vezes, metade de uma existência.
Ao despertar no Além e na posse integral dessa visão panorâmica de sua última existência, o espírito transformar-se-á no grande juiz de si mesmo, no tribunal silencioso de sua consciência...