O que é Orixá?
Orixás são elementos da natureza, cada orixá representa uma força da natureza.
Quando
cultuamos nossos orixás, cultuamos também as forças elementares
oriundas da água, da terra, do ar, do fogo, etc. Essas forças em
equilíbrio produzem uma enorme energia, que nos auxilia em nosso dia a
dia, ajudando para que nosso destino se torne cada vez mais favorável.
Sendo assim, quando dizemos que adoramos deuses, nós nos referimos a
estarmos adorando as forças da natureza, forças essas pertencentes a
criação do grande pai. Pai esse conhecido por nós como OLORUN ou ZAMBI
(Deus supremo).
Nosso
Deus jamais pune seus filhos tão pouco condena-os a fogueira eterna,
também nunca os entregou ao seu maior inimigo (Satanás) após cometer
erros divinos chamado de pecados eternos, nosso deus não destrói países e
não aniquila civilizações de filhos amados por ciúmes quando não
adorado, amado ou seguido... Como pai, jamais deixaria de perdoar seus
filhos, tão pouco condenaria-os ao extermínio por erros que cometem ou
possam cometer. O verdadeiro pai perdoa, ensina, ama e protege seus
filhos. Portanto nosso deus é um pai mais perfeito que qualquer outro
pai...
Nosso
panteão nada mais é que a junção das energias de todo os elementos da
natureza, cada elemento e força da natureza é por nós representado por
um Orixá...
Em
resumo, quase todos os Orixás tiveram uma curta passagem pelo nosso
mundo, após fatos heróicos ou divinos, encantaram-se e retornaram ao
céu, deixando para nós, segredos e ensinamentos, encurtando a ligação do
material ao espiritual. Ligação essa, que nós preservamos e usamos não
só para nós, mas também para as pessoas que nos procuram, mesmo sem ter
ligações diretas com a religião.
Em
nossa religião, é fundamental a integração com a natureza, pois quanto
maior o contato com a natureza, maior será seu desenvolvimento, sua
energia e, portanto, maior será o elo de ligação com seu orixá
aproximando mais de Deus o criador construtor de todo o universo.
Oxalá
"O
grande orixá", ocupa uma posição única e inconteste do mais importante
orixá e o mais elevado dos deuses yorubás. É o dono da argila e da
criação, onde molda os seres humanos em barro. Senhor do silêncio, do
vácuo frio e calmo, onde as palavras não podem ser ouvidas. Por apreciar
muito o vinho de palma, embriagando-se freqüentemente, perdeu a chance
de criar a terra e tornou-se responsável pela moldagem das pessoas e
ficou proibido de beber o vinho. Teimoso, às vezes passa por cima dessas
regras. Pessoas com defeitos de nascença, provocados por ele, lhe
pertencem. Ele as protege para se redimir. Muda de nome conforme a
situação. Lento como um caramujo, todo de branco como seu ritual exige, é
conhecido como Oxalufan. Enérgico e guerreiro, de colar branco com azul
real, é Oxaguian. Em todas versões é Oxalá, o rei do pano branco.
Características
Dia da semana: Domingo.Saudação: Êpa Êpa Babá ! (Viva o Pai).Sincretismo: Jesus Cristo.Cores: BrancaCandomblé: Oxaguian , branca e azul claro. Oxalufã, branca, marfim , pérola e chumbo.Símbolos: Oxaguian , espada e "mão de pilão" em metal branco. Oxalufã, opaxorô, cajado de prata , chumbo ou metal branco.Principais oferendas: Vela branca, rosa e flores brancas, suas comidas e frutas típicas.Elemento: Ar. (céu e atmosfera).Algumas ervas: Tapete de Oxalá (Boldo), Saião (Folha da fortuna), Folha da costa, Malva branca, Cana-do-brejo, Rosa branca.Animal: Pomba branca.Comida: Canjica branca cozida, acaçá, massa de inhame, arroz, milho branco, uva branca, pêra, maçã, obi branco.Domínio: Céu, Ar, Rios e Montanhas.Particularidades: Pai de todos os Orixás, ele quem permitiu a todos os Orixás escolherem seus domínios.Alheio a disputas, brigas, violência, gosta de ordem, da limpeza e da pureza.
Características: Equilibrado, tolerante, calmo, grande respeitabilidade, força de vontade, confiabilidade.
Arquétipos
Os
filhos deste orixá são pessoas calmas e dignas de confiança. São
dotados de grande sabedoria, pois estão sempre buscando os significados
de tudo o que ocorre ao seu redor, não cansam de estudar e buscar o
conhecimento. Os filhos de Oxalufã (velho) possuem tendência a serem
preguiçosos. O trabalho braçal não os atraí, preferem buscar lugares
onde possam colocar as suas idéias e projetos em atividade. Extremamente
responsáveis, são ótimos projetistas e organizadores. Seus principais
defeitos são: preguiça, teimosia e lentidão. Por serem calmos, nunca se
deve abusar da paciência, pois quando acaba... Os filhos de Oxaguian
(novo) já são mais ativos, guerreiros, alegres e trabalhadores. São
incansáveis em seus ofícios e projetos, possuem também tendências ao
estresse por se darem demais as suas funcões. Responsáveis como ninguém.
Assim como Oxalufã (velho) também são teimosos orgulhosos e
inteligentes. São os famosos senhores do tudo ou nada. Ou dá certo ou
não. Seja nos negócios no amor e nas amizades.
Ogum
Divindade
masculina, figura que se repete em todas as formas mais conhecidas da
mitologia universal, Ogum é o arquétipo do guerreiro. Bastante cultuado
no Brasil, especialmente por ser associado à luta, à conquista, é a
figura do astral que, depois de Exu, está mais próxima dos seres
humanos.
O
Guerreiro sempre foi a figura mística do deus mais invocado, já que é
sua função realizar no astral as guerras que os seres humanos não
conseguem travar ou vencer na sua luta cotidiana.
Foi
uma das primeiras figuras do candomblé incorporada por outros cultos,
notadamente pela umbanda, onde é muito popular. É sincretizado comumente
com São Jorge ou Santo Antônio, tradicionais guerreiros dos mitos
católicos, também lutadores, destemidos e cheios de iniciativa.
É
por extensão o orixá que cuida dos conhecimentos práticos, sendo o
patrono da tecnologia. É o símbolo do trabalho, da atividade criadora do
homem sobre a natureza, da produção e da expansão. Tem junto com Exu
posição de destaque logo no início do ritual. Tal como Exu, Ogum também
gosta de vir a frente.
Características
Dia da semana: Terça-feira.Saudação: Ogum nhê.Sincretismo: Em São Paulo é São Jorge - 23/04 e na Bahia é Santo Antônio - 13/06.Cores: VermelhoSímbolos: Espada, lança.Onde recebe oferendas: Nas estradas e estradas de ferroPrincipais oferendas: Charuto, rosas vermelhas, suas bebidas e comidas.Bebida: Cerveja Branca.Elemento: Fogo.Algumas Ervas: Espada de São Jorge, Abre caminho, Arruda, Folha de Seringueira.Animal: Cachorro.Comida: Feijoada com feijão fradinho, cará, inhame, carnes vermelhas.Domínio: Caminho, estradas, tudo que é feito com ferro.O que faz: Abre caminhos, executa a lei.
Características: Impulsivo, guerreiro, líder, intolerante.
Arquétipos
Os
filhos de ogun possuem temperamento um tanto violento, são impulsivos,
briguentos e custam a perdoar as ofensas dos outros. Não são muito
exigentes na comida, no vestir, nem tampouco da moradia, com raras
exceções são amigos, porém estão sempre envolvidos com demandas, são
mestres do atirar verde pra colher maduro, as vezes muitos desconfiados.
Despertam sempre interesse nas mulheres, tem seguidos relacionamentos
sexuais, mas não tendem a ser fiéis.
Possuem
uma energia física muito grande, raramente adoecem, seu lema principal é
vencer na vida, não importando qual tipo de trabalho ou esforço para
conseguir seus ideais.
Xangô
Deus
do raio, do trovão, da justiça e do fogo. É um orixá temido e
respeitado, é viril e violento, porém justiceiro. Costuma se dizer que
xangô castiga os mentirosos, os ladrões e malfeitores.
Seu
símbolo principal é o machado de dois gumes e a balança, símbolo da
justiça. Tudo que se refere a estudos, a justiça, demandas judiciais, ao
direito, contratos, pertencem a xangô.
Usa
o poder do fogo como seu símbolo de respeito. Galante e sedutor,
desperta a paixão da divindade oya, uma de suas três esposas - as outras
são oxum e obá.
Características
Dia
da semana: Quarta-feiraSaudação: Caô Cabiecilê!Sincretismo: São
Jerônimo - comemorado no dia 30 de setembro e também São João Batista
(24.6) e São Pedro (29.6).Cores: MarromSímbolos: O oxé, machado de
lâmina dupla feita em pedra e a pedra de raio. Onde recebe oferendas:
Nas montanhas e pedreiras.Principais oferendas: Velas, charutos, cravos
brancos e vermelhos, suas comidas e bebidas.Bebida: Cerveja
preta.Elemento: Fogo.Algumas ervas: Folha de fumo, taboa,
jatobá. Animais: TartarugaComida: Amalá, caruru (quiabo), bacalhau com
quiabo, fruta do conde. Domínio: A montanha, raio, trovão e
pedreiras. Particularidade: Trabalha principalmente com a
justiça. Características: Justiceiro, líder, calmo, egocêntrico,
vaidoso, mandão.
Quizila: Morte e mortos (eguns).
Arquétipos
Eloqüentes,
sociáveis e bons ouvintes. Mas gostam sempre de dar a última palavra,
mostrando que também são autoritários. Contraditórios, são
aristocráticos e libertinos; infiéis em seus relacionamentos, mas
conseguem estabelecer amizades duradouras.
Volúveis,
esquecem rapidamente as paixões passadas. Estão sempre envolvidos em
novas aventuras. E a paixão atual é sempre a maior, a única, a
verdadeira...
Oxossi
Senhor
das florestas seu habitat natural, onde vive e caça. É a divindade da
harmonia e do equilíbrio ecológico, protege os caçadores e a caça ao
mesmo tempo, não permite a caça predatória. Aceita somente a busca do
alimento.
Está
associado com a vida ao ar livre e com os elementos da natureza. Como
bom caçador, é solitário e individualista. Mas não dispensa das pessoas
no convívio social. E nunca vive sem um grande amor.
Características
Dia
da semana: Quinta-feira.Saudação: Okêaro!Sincretismo: São
Sebastião.Cores: VerdeSímbolos: O arco e a flecha de ferro fundido.Onde
recebe oferendas: Nas matas.Principais oferendas: Velas, charutos,
frutas, suas comidas e bebidas.Bebida: Cerveja branca e suco de
frutas.Elemento: Terra.Algumas ervas: Folha de guiné, peperigum, alecrim
do cruzamento, manjericão, samambaia, etc.Animais: Cervo, lebre e
outros animais da selva.Comida: Fruta, inhame, mandioca.Domínio: As
matas.Particularidade: Trabalha com cura e pajelança.
Características: Ágil, esperto, inteligente, calmo, responsável, sossegado, fiel e muito curioso.
Arquétipos
Solitários,
no trabalho exigem silêncio e concentração. Observadores e joviais,
ágeis e espertos, estão sempre atentos. Seus objetivos estão em primeiro
lugar, são lideres e independentes ao mesmo tempo que são pacientes com
as pessoas, são rápidos e espontâneos nas ações.
Comunicativos
e ordeiros, amantes e sonhadores, no fundo são pessoas românticas e
vaidosas, que passam por esnobes e exibicionistas e que necessitam do
convívio social para exercitar suas qualidades de liderança.
Iansã
Iansã
é orixás de um rio, conhecido como níge. orixás dos ventos, raios e
tempestades, também guerreira, ágil e agitada como o próprio vento.
Extrovertida e sensual como poucas. Esposa predileta de xangô, divide
com ele o domínio sobre as tempestades. Destemida, justiceira e
guerreira, não teme a nada.
Características
Dia
da semana: Quarta-feira.Saudação: Eparrei Oiá!Sincretismo: Santa
Bárbara, comemorado dia 4 de dezembro.Cores: Laranja.Símbolos: Chifres
de búfalo e um alfaje.Onde recebe oferenda: Cachoeira.Principais
Oferendas: Crisântemos amarelos, rosas amarelas.Bebidas:
Champanhe.Elementos: Fogo.Algumas ervas: Aguapé (gigoga vermelha),
espada de Iansã, carqueja, folhas de bambu.Animais: Búfalo.Comida:
Acarajé.Domínio: Ventos e raios.Particularidade: Enfrenta os Eguns, e é
guerreira.
Característica: Sensual, geniosa, alegre.
Oxum
Dona
das águas. Senhora da fertilidade, da gestação e do parto, cuida dos
recém-nascidos, lavando-os com suas águas e folhas refrescantes. Jovem e
bela mãe, mantém suas características de adolescente.Cheia de paixão,
busca ardorosamente o prazer. Coquete e vaidosa, é a mais bela das
divindades e a própria malícia da mulher-menina. É sensual e
exibicionista, consciente de sua rara beleza, e se utiliza desses
atributos com jeito e carinho para seduzir as pessoas e conseguir seus
objetivos.Quando olorun estava criando o mundo, escolheu Oxum para ser a
protetora das crianças. Ela deveria zelar pelos pequeninos desde o
momento da concepção, ainda no ventre materno, ate que pudessem usar o
raciocínio e se expressar em algum idioma. Por isso, Oxum é considerada o
orixá da fertilidade e da maternidade.
Por
sua beleza, Oxum também é tida como a deusa da vaidade, sendo vista
como uma orixá jovem e bonita, mirando-se em seus espelhos e abanando-se
com seu leque.
Características
Dia
da semana: Sábado.Saudação: Ora iêiê ô !Sincretismo: Nossa Senhora
Aparecida (12 de Outubro) Nossa Senhora da Conceição (08 de
Dezembro).Cores: Amarelo.Símbolos: leque com estrela e espelho.Onde
recebe oferendas: em rios, nascentes e cachoeiras.Principais oferendas:
velas, flores brancas e amarelas, perfumes, adereços, espelhos, suas
comidas e bebidas.Bebida: champanhe.Elemento: água.Algumas ervas:
catinga de mulata, oriri, malmequer, jasmim.Animais: arara.Comida:
omolocum, xinxim, ovos, canjica, banana.Domínio: água doce.O que faz: dá
riqueza, amor, fertilidade, protege o parto e o bebê.
Características: bonita, elegante, charmosa, doce, possessiva.
Arquétipos
São
pessoas graciosas e elegantes, com paixão pelas jóias, perfumes e
vestimentas caras. São o símbolo do charme e da beleza. Voluptuosos e
sensuais. Sob a aparência graciosa e sedutora, escondem uma vontade
muito forte e um grande desejo de ascensão social.
Iemanjá
Seu
nome significa a mãe dos filhos-peixe. Originária do rio ogum, em
abeokutá, nigéria, tem seus domínios nas profundezas das águas, de onde
emerge para atender seus devotos, principalmente as mulheres que
atribuem a elas poderes que favorecem a fertilidade e a fecundidade. É
maternal, sempre pronta para amamentar as crianças sob seu domínio. Mas
também sabe ser delicada, mantendo-se de espada em punho para defender
seus filhos.
Características
Dia
da semana: Sábado.Saudação: Odoiá.Sincretismo: Nossa Senhora da Glória
no Rio de Janeiro, Nossa Senhora dos Navegantes no Rio Grande do Sul e
Bahia e Nossa senhora da Conceição em São Paulo.Cor: Azul
claro.Símbolos: Um leque chamado abebé contendo uma sereia.Onde recebe
oferendas: Nas praias.Principais oferendas: Rosas brancas, perfume de
colônia.Bebida: Champanhe branco.Elemento: Água.Algumas ervas: Folha de
alfazema, folha de colônia, pariparoba, rosa branca.Animais: Peixe de
água salgada.Comida: Peixes do mar, arroz, milho, camarão com côco,
comidas brancas como canjica e manjar.Domínios: Oceanos.Particularidade:
Trabalha igualmente com todos acolhendo-os, fortalecendo-os, trazendo
esperança. Iemanjá "cria" a todos, desempenhando função de uma grande
mãe.
Características: Generosa, caridosa, acolhedora, serena, possessiva.
Arquétipos
São
autoritários e persistentes em relação aos filhos, são preocupados,
responsáveis e decididos. São amigos e protetores e chegam as vezes,
quando mulheres, a se comportarem como super mães. São agressivos e até
traiçoeiros, quando a segurança dos filhos e da família está em jogo;
são faladores, não gostam da solidão.
Exu (O Guardião)
Exu
é entidade de luz (em evolução) com profundo conhecimento das leis
magísticas e de todos os caminhos e trilhas do Astral Inferior. Não tem
nada a ver com as imagens vendidas nas casas de artigos religiosos, com
chifrinhos e rabos... Exu não é o Diabo.
São
os guardiões, são os espíritos responsáveis pela disciplina e pela
ordem no ambiente. São trabalhadores que se fazem respeitar pelo caráter
forte e pelas vibrações que emitem naturalmente. Eles se encontram em
tarefa de auxílio. Conhecem profundamente certas regiões do submundo
astral e são temidos pela sua rigidez e disciplina. Formam, por assim
dizer, a nossa força de defesa, pois vocês não ignoram que lidamos, em
um número imenso de vezes, com entidades perversas, espíritos de baixa
vibração e verdadeiros marginais do mundo astral, que só reconhecem a
força das vibrações elementares, de um magnetismo vigoroso, e
personalidade forte que se impõem. Essa é a atividade dos guardiões.
Sem
eles, talvez, as cidades estivessem à mercê de tropas de espíritos
vândalos ou nossas atividades estivessem seriamente comprometidas. São
respeitados e trabalham à sua maneira para auxiliar quanto possam. São
temidos no submundo astral, porque se especializaram na manutenção da
disciplina por várias e várias encarnações. Muitos do próprio culto
confundem os Exus com outra classe de espíritos, que se manifestam à
revelia em terreiros descompromissados com o bem.
Na
Umbanda a caridade é Lei Maior, e esses espíritos, com aspectos mais
bizarros que se manifestam em médiuns são, na verdade, outra classe de
entidades, espíritos marginalizados por seu comportamento ante a vida,
verdadeiros bandos de obsessores, de vadios, que vagam sem rumo nos
subplanos astrais e que são, muitas vezes, utilizados por outras
inteligências, servindo a propósitos menos dignos.
Além
disso, encontram médiuns irresponsáveis que se sintonizam com seus
propósitos inconfessáveis e passam a sugar as energias desses médiuns e
de seus consulentes, exigindo "trabalhos", matanças de animais e outras
formas de satisfazerem sua sede de energia vital. São conhecidos como os
quiumbas, nos pântanos do astral. São maltas de espíritos delinquentes,
à semelhança daqueles homens que atualmente são considerados na Terra
como irrecuperáveis socialmente, merecendo que as hierarquias superiores
tomem a decisão de expurgá-los do ambiente terrestre, quando da
transformação que aguardamos neste milênio.
Os
médiuns que se sintonizam com essa classe de espíritos desconhecem a
sua verdadeira situação. Depois, existe igualmente um misticismo
exagerado em muitos terreiros que se dizem umbandistas e se especializam
em maldades de todas as espécies, vinganças e pequenos "trabalhos", que
realizam em conluio com os quiumbas e que lhes comprometem as
atividades e a tarefa mediúnica. São, na verdade, terreiros de
Quimbanda, e não de Umbanda. Usam o nome da Umbanda como outros médiuns
utilizam-se do nome de espíritas, sem o serem.
Os
espíritos que chamamos de Exus são, na verdade, os guardiões, os
atalaias do Plano Astral, que são confundidos com aqueles dos quais
falei. São bondosos, disciplinados e confiáveis. Utilizam o rigor a que
estão acostumados para impor respeito, mas são trabalhadores do BEM.
São
eles os verdadeiros Exus da Umbanda, conhecidos como guardiões, nos
subplanos astrais ou umbral. Verdadeiros defensores da ordem, da
disciplina, formam a polícia do mundo astral, os responsáveis pela
manutenção da segurança, evitando que outros espíritos descompromissados
com o bem instalem a desordem, o caos, o mal. Têm experiência nessa
área e se colocam a serviço do bem, mas são incompreendidos em sua
missão e confundidos com demônios e com os quiumbas, os marginais do
mundo astral. NÃO EXIGEM NEM ACEITAM "TRABALHOS", DESPACHOS OU OUTRAS
COISAS RIDÍCULAS das quais médiuns irresponsáveis, dirigentes e pais de
santo ignorantes se utilizam para obter o dinheiro de muitos incautos
que lhes cruzam os caminhos. Isso é trabalho de Quimbanda, de magia
negra. NADA TEM A VER COM A UMBANDA!"
Robson Pinheiro
Fonte: Livro TAMBORES DE ANGOLA
Trabalho de um Exu
Estou
num canto do terreiro observando os trabalhos. Os médiuns já estão em
posição, velas foram firmadas, todos já bateram cabeça. Os pontos
invadem o salão.
Na
assistência pessoas que frequentam a casa com assiduidade e outras que
pisam pela primeira vez. Sinto que algumas estão visivelmente
emocionadas, seus protetores estão ali. Outras estão suando frio, passam
mal, estão agoniadas, afoitas para saírem dali.
Espíritos
trevosos estão atuando sobre elas, querem sair dali o mais breve
possível, pois temem serem descobertos. Certamente serão afastados e não
poderão perturbar aquelas pessoas.
A
Mãe de Santo vibra com intensidade, na corrente um médium balança a
cabeça, parece que vai cair. Percebo que seu caboclo está por perto. O
médium ainda é novo, não está totalmente integrado com seu guia, mas com
paciência e amor, em breve estará incorporando seu caboclo.
Na corrente, muitos estão incorporados.
O
caboclo chefe, toma a Mãe de Santo, como faz há décadas e brados de
guerra são ouvidos. Na medida em que os irmãos da mata chegam, trazem
forte energia para todos. Unidos numa só força, eles, através dos
passes, retiram da assistência os eguns e kiumbas, limpam as pessoas que
estão perturbadas, e transmitem força e esperança.
As
pessoas que antes choravam, agora sorriem aliviadas. Dores são
aplacadas. Vejo que muitas daquelas pessoas em breve, estarão também
recebendo os seus guias. Embora esteja acostumado a ver essas cenas,
sempre me emociono. Daqui do meu canto, serenamente acompanho os
trabalhos.
Repentinamente
uma jovem da assistência, põe-se a vociferar. Sua voz antes melodiosa e
serena, torna-se grave e arrogante. Ela tenta agredir os fiscais da
casa, que habilmente a conduzem para dentro do terreiro. Sem dúvida o
kiumba que a acompanha é muito perigoso. Os caboclos estão alertas, nem
bem cruza a porteira, o kiumba grita, xinga, tenta machucar a pobre
moça, diante da mãe desesperada que se encontra na assistência.
Os
caboclos abrem a roda, os atabaques soam mais alto. O caboclo chefe se
adianta sobre ele, forte energia circula sobre o corpo da jovem moça. O
caboclo não quer que ela se machuque, ele vibra sua maraca e o caboclo
da menina pela primeira vez aproxima-se da filha com força.
Chegou
minha hora, me aproximo calmamente. O kiumba evita meu olhar, se
desespera. Sorrio e caminho em sua direção, preparo minhas armas. Ele
grita, esbraveja. O caboclo pede meu apoio. Não me faço de rogado, para
desespero do kiumba, de um salto estou com minha espada em sua garganta.
Domino-o com facilidade. Chamo outros que o amarram e o levam para seu
devido lugar. Outros kiumbas menores que o acompanhavam, também são
capturados e receberão seus castigos.
A
moça acorda leve e feliz. Os caboclos terminam o descarrego, agradecem
meu auxílio. Eu volto para o meu canto, ali na cafua observo o fim dos
trabalhos. Minhas velas, meus charutos, meu marafo estão firmados. Os
trabalhos terminam, todos se vão felizes.
E eu, na porteira, estou de sentinela...
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