segunda-feira, 20 de maio de 2013

liuishtar | INTRODUÇÂO SOBRE UMBANDA

INTRODUÇÂO SOBRE UMBANDA

Aqueles que já conseguiram erguer um pouco o véu do conhecimento e encontrar meios para o seu aperfeiçoamento espiritual devem partilhar, até onde é possível, aquilo que descobriram e adotaram como verdade.
O que já alcançamos, embora nos pareça pouco, representará muito para os que nada têm e vivem debatendo-se em crenças errôneas, angústias, ignorância e preconceitos, procurando dignidade, sentido e coerência para o seu caminho espiritual. Estamos preocupados com os que caminham tropegamente pelos atalhos, procurando a mesma estrada que já encontramos, e a estes é dedicado esse pequeno trabalho. Talvez o tempo perdido batendo em portas falsas venha a desiludi-los de tal modo que não mais acreditem num portal que lhes seja aberto por alguém de boa vontade.
Nossa missão é, portanto, aqui e agora. A herança mais valiosa que poderemos deixar nessa existência será o grau de aperfeiçoamento e conhecimento que tivermos conseguido e transmitido ao nosso semelhante.
A intenção dessa página, que reúne parte dos assuntos ministrados em aula aos membros do Templo e Escola Umbandista Luz de Aruanda, é a de ser uma pequena semente que, se Oxalá permitir, germinará no interior de alguns e se transformará numa grande árvore de conhecimento.
Torna-se difícil conceituar, em poucas palavras, as bases principais da Umbanda que praticamos e cada aspecto será desenvolvido posteriormente com riqueza de detalhes. Mas, fundamentalmente, a nossa Umbanda se baseia:

o na existência de um Deus, Único, incognoscível, Criador, Onipresente, origem de todas as vibrações;
o na existência de Jesus, o Cristo, a quem chamamos Oxalá, modelo de perfeição e conduta que buscamos alcançar;
o na existência de vibrações no Universo que denominamos Orixás;
o na existência de entidades espirituais que se encaixam nessas vibrações;
o na existência de planos espirituais de evolução;
o na existência do espírito, sobrevivendo ao corpo físico do homem, em caminho de evolução e buscando aperfeiçoamento;
o na reencarnação e na lei kármica de causa e efeito;
o na prática da mediunidade sob as mais variadas apresentações, tipos e modalidades;
o na prática da caridade material e espiritual como meio de evolução;
o na crença de que o homem vive num campo de vibrações que influem em sua vida e que essas vibrações podem ser manipuladas quer para o seu próprio bem, como fazemos, ou para o seu próprio mal, como combatemos.

Tudo isso é Umbanda, religião de fé, luz, caridade, esperança e, primordialmente, de amor ao próximo.

Nossos agradecimentos aos babalorixás Paulo Newton de Almeida e Raul d'Almeida (in memoriam), respectivamente o babalorixá-chefe e o ex-pai-pequeno do Templo Umbandista A Caminho da Luz, que plantaram em nós essa mesma semente que agora procuramos multiplicar.

O Todo - Um conceito de Deus

Os hermetistas pensam e ensinam que o TODO - DEUS - em si mesmo é e sempre será incognoscível. Eles consideram todas as teorias, conjecturas e especulações a respeito da natureza íntima do TODO como esforços infantis das mentes finitas para compreender o segredo do infinito, e que tais esforços são totalmente inúteis.

Seriam ainda mais presunçosos aqueles que atribuem ao TODO personalidade, qualidades e propriedades, e querem que o TODO tenha emoções, sensações e outras características que estão bem próximas das pequenas "qualidades" do gênero humano, tais como a inveja, o desejo de lisonja e louvores, desejos de oferendas e adorações, e todos os outros atributos que sobrevivem desde a infância da raça humana. Tais idéias não são dignas de pessoas maduras e que conseguem pensar...

Mas, conquanto a natureza essencial do TODO seja incognoscível, existem certas verdades conexas com sua existência que a mente humana foi obrigada a aceitar. Afirma o Caibalion:

o "Aquele que é a verdade fundamental, a realidade substancial, está fora de uma verdadeira denominação, mas o sábio chama-o o TODO".

o "Na sua essência, o TODO é incognoscível".

o "Mas os testemunhos da razão devem ser hospitaleiramente recebidos e tratados com respeito".

A razão humana, cujos testemunhos devemos aceitar ao raciocinar sobre alguma coisa, nos diz o seguinte a respeito do TODO, mas sem pretender levantar o véu do incognoscível:

o O TODO é tudo o que é real. Nada pode existir fora do TODO porque, do contrário, o TODO não seria mais o TODO.

o O TODO é infinito, porque não há quem defina, restrinja ou limite o TODO. É infinito no tempo, ou eterno; existiu sempre sem cessar, porque não há nada que o pudesse criar, e se ele não tivesse existido antes, não poderia existir agora; existirá perpetuamente, porque não há quem o destrua, e ele não pode deixar de existir. É infinito no espaço; está em toda parte porque não há lugar fora do TODO; é contínuo no espaço, sem cessação, separação ou interrupção, porque não há nada que separe, divida ou interrompa a sua continuidade, e nada há para encher lacunas. É infinito ou absoluto em poder, porque não há nada para limitá-lo ou restringi-lo; não está sujeito a nenhum outro poder porque não há outro poder.

o O TODO é imutável, ou não está sujeito a ser mudado na sua natureza real, porque nada há que possa operar mudanças nele, nada há em que possa ser mudado, nem nada que tenha sido mudado. Não pode ser aumentado ou diminuído, nem ficar maior ou menor, seja qual for o motivo. Ele sempre foi e sempre será como é agora: o TODO. Nada houve, nada há e nada haverá em que ele possa ser mudado.

O TODO sendo infinito, absoluto, eterno e imutável, segue-se que tudo que é finito, passageiro, condicional e mutável não é o TODO. Não fiquem espantados: há uma reconciliação para o aparente estado contraditório atual do assunto.

Vemos ao redor de nós que aquilo que chamamos matéria constitui o princípio de todas as formas. Será o TODO simplesmente matéria? Absolutamente não! A matéria, por si só, não pode manifestar vida e mente, e como vida e mente são manifestas no universo, o TODO não pode ser matéria porque nada há fora do TODO e há alguma coisa fora da matéria: a vida e a mente.

Então o TODO é simplesmente energia? Não, porque energia é uma coisa cega e mecânica, privada de vida e mente. E assim, o TODO não pode ser simplesmente energia porque, se assim fosse, não teriam existência a vida e a mente, e nós sabemos muito bem que elas existem, porque nós mesmos temos vida e estamos empregando a mente para considerar esta questão.

Que é, pois, o TODO? O TODO é vida e mente. O TODO é a mente vivente, muito acima do que nós mortais conhecemos por essas palavras, como a vida e a mente são superiores à matéria e à energia; o TODO é a infinita mente vivente! Mas, que é, pois, o universo, se não o TODO separando a si mesmo em fragmentos? Que outra coisa poderá ser? De que coisa poderá ser feito? Esta é a grande questão. Examinemo-la bem, com o auxílio do princípio hermético da correspondência, que afirma: "o que está em cima é como o que está embaixo, e o que está embaixo é como o que está em cima". Examinando de que modo o homem cria, talvez possamos imaginar de que modo o TODO cria...

No seu próprio plano de existência, como cria o homem? Primeiramente, ele pode criar fazendo alguma coisa de materiais exteriores a si, transformando materiais já existentes. Mas assim não pode ser para o TODO, porque não há materiais exteriores ao TODO, com os quais ele possa criar. Em segundo lugar, o homem procria ou reproduz a sua espécie por meio da transformação de uma parte da sua substância na da sua prole. Mas assim também não pode ser para o TODO, porque o TODO não pode multiplicar ou transferir uma parte de si mesmo porque, nesse caso, haveria uma multiplicação ou adição do TODO e, idéia totalmente absurda, o TODO não seria mais o TODO.

Não há, então, nenhum outro meio pelo qual o homem cria? Sim, há: ele cria mentalmente! E deste modo, como o TODO, não emprega materiais exteriores a si mesmo, nem reproduz a si mesmo, e , apesar disso, o seu espírito penetra a Criação Mental.

Em virtude disso, temos razão para considerar que o TODO cria mentalmente o universo, de um modo semelhante ao processo pelo qual o homem cria as imagens mentais. Este é o testemunho da razão, que concorda perfeitamente com o testemunho dos Iluminados, como eles transmitem nos seus ensinos e escritos. Assim são os ensinamentos do Sábio. Tal era a doutrina de Hermes Trismegisto.

O TODO não pode criar de outro modo senão mentalmente, sem empregar qualquer material (nada há para ser empregado), e nem reproduzir a si mesmo (o que também é impossível). Não se pode escapar desta conclusão da Razão. Justamente como nós podemos criar um universo de nós mesmos na nossa mentalidade, assim o TODO cria o universo na sua própria mente. Mas o nosso universo é criação mental de uma mente ínfima, enquanto o do TODO é criação de uma mente infinita. Ambos são análogos em natureza, mas infinitamente diferentes em grau.

Concluindo o assunto, precisamos fixar nossas mentes na seguinte frase: "o universo, e tudo o que ele contém, é uma criação mental do TODO. Com efeito, o TODO é mente!".

A respeito do assunto, afirma o Caibalion:

o "O TODO cria na sua MENTE infinita inumeráveis universos, que existem por eons de tempo; e, contudo, para o TODO, a criação, o desenvolvimento, o declínio e a morte de um milhão de universos é como o tempo do pestanejar de um olho".

o "A Mente Infinita d'O TODO é a matriz dos Universos".

o "O TODO é mente; o universo é mental".

o "O Universo é mental: ele está dentro da mente d'O TODO".

OS MESTRES

Para conceber a existência dos mestres, é preciso recordar as etapas percorridas pela consciência humana. O homem é habitado por uma intenção diretora: esse Eu superior é a verdade no homem; trata se de um companheiro indestrutível que pode, agora mesmo, durante a vida terrestre, deixar por alguns instantes seu invólucro físico. Esse Eu superior é o próprio homem.

Na transição, o homem se torna sua própria história, e a integra ao sentido do universo. É então que compreende que sua existência na Terra foi uma prova para a sua evolução; a terra é um laboratório onde se prepara, nas provações, a promoção do homem; sua progressão é continua e ritmada alternadamente pelos estados impropriamente chamados vida e morte. Mas para onde progride o homem?
Mestre é um termo empregado para designar os seres que concluíram sua evolução humana e se tornaram entidades livres, libertas das prisões do visível e dotadas do saber superior. Naturalmente, é lícito ao homem contestar a existência desses mestres e se limitar à sua condição de homem. O invisível, porém, não se revela senão àqueles que queiram se abrir a ele. Aquele que, na Terra, harmoniza incessantemente seus pensamentos e seus atos que com os mestres, assume sua vibração e torna-se permeável à direção dos mesmos; sente que é guiado por eles nos eventos que balizam sua vida. Os mestres lhe concedem adiantadamente, ainda na Terra, um lampejo de sua eternidade.

A concepção da evolução, que significa uma expansão gradual da consciência, fundamenta o conceito da condição de mestre. O grau de aperfeiçoamento que sugere há de ser alcançado por todo ser humano e, certamente, este grau de aperfeiçoamento não pode ser conseguido durante uma breve vida humana. As diferenças entre um homem e outro , entre o gênio e o beócio, entre o santo e o criminoso, só são reconciliáveis com a justiça divina se cada ser humano estiver progredindo e estas diferenças forem apenas sinais dos diferentes estágios desse progresso. Nos estágios mais elevados de tão longa evolução encontram-se os mestres, e neles o exemplo dos mais altos resultados atingíveis por um homem desenvolvido moral, mental e espiritualmente.

Os mestres ajudam de inúmeras maneiras o progresso da humanidade. Dos planos mais elevados irradiam suas influências, e estas podem ser absorvidas e assimiladas tão livremente quanto a luz do Sol por todos aqueles que sejam o suficientemente receptivos para recebê-las.

São os mestres, estas entidades livres, que servem de canal à energia primeira para a direção da vida no mundo espiritual. A seguir, os mestres, os particularmente ligados às religiões, utilizam-nas como depósitos onde despejam a energia espiritual a ser distribuída aos "fiéis" de cada uma delas. Depois vem o trabalho intelectual, durante o qual os mestres emitem modelos de pensamento de alto valor para serem captados pelos homens de vocação, que terão que assimilá-los e divulgá-los ao mundo. Nesta fase, manifestam também seus desejos a seus discípulos, notificando-os sobre as tarefas que devem realizar.

No mundo material, eles fazem a vigia de possíveis acontecimentos, a correção e neutralização, até onde a lei o permite, das tendências do mal, o equilíbrio constante das forças que trabalham a favor e contra a evolução, o fortalecimento do bem e o enfraquecimento do mal. Estas são apenas algumas das atividades incessantemente levadas adiante pelas entidades espirituais que denominamos mestres.

O binômio saber/poder é a marca dos mestres. De nosso lado, saber/poder decorre do alinhamento de nossas forças interiores às de nossos mestres individuais. A força vem de cima e sem esse alinhamento ela não se manifesta em nós. Ora, se "como é em cima, é embaixo", o mesmo princípio se aplica àqueles que, do nosso ponto de vista, são os mestres. O saber/poder deles também se manifesta pelo alinhamento de suas forças a uma instância a eles superior.

Podemos encará-los como seres que, por seus próprios esforços, alcançaram o direito/dever de co-administradores da Criação. E isso conseguiram por aprenderem a se auto-administrar neste complexo jogo de forças que constitui a vida. Possivelmente haverá ocasiões em que precisarão decidir, recorrendo à orientação da instância superior, os rumos que deve tomar o que se encontra sob sua responsabilidade, se algo fora de suas próprias experiências passa a ocorrer. Serão passíveis de erro?

A maestria não uma condição em que os dignos do título de mestre detenham todos os conhecimentos e poderes do escalão em que se encontram; detêm, isto sim, os conhecimentos e poderes dos escalões inferiores. Quando um deles detém todo o saber e o poder do plano em que se encontra, ele passará, certamente, para um plano superior, onde a aprendizagem de um novo saber e um novo poder dará continuidade ao seu constante aperfeiçoamento. Os mestres não são, portanto, totalmente infalíveis ou falíveis, bons ou maus, perfeitos ou imperfeitos - adjetivos que tão-somente fazem denotar os dois extremos de uma escala comparativa.

Aos mestres atribuímos qualidades que ainda não conquistamos e a ausência dos defeitos que ainda possuímos. Há verdade em os considerarmos assim. Entretanto, nessa consideração deformamos a realidade e vemo-los com a lupa da compreensão humana; enxergamo-los como a criança que vê no adulto um semideus que tudo sabe e tudo pode. Ao contrário do que se costuma pensar, tais seres não são nem oniscientes nem onipotentes. Não são oniscientes porque a parte não pode abranger o Todo; não são onipotentes porque isso implicaria poderem eles até mesmo desviar o curso da Criação.

Essa constatação pode fazer ruir os sonhos de muitas pessoas, mas a verdade - e cremos que o que estamos dizendo é uma de suas expressões - é preferível à ilusão, porque só com ela o adulto pode e1aborar sua criança em bases mais sólidas, preparando-se para o que dele se espera para mais tarde.

A perfeição, um estado a que nada mais se possa aspirar, uma condição de absoluta completude, é uma abstração humana. É uma relatividade escalonada, cujo único ponto visível é o de partida, não o de chegada. É uma hierarquização que só não é total e completamente arbitrária porque os critérios de que nos servimos para avaliá-la baseiam-se em graus menores de perfeição. Quaisquer que sejam os padrões pelos quais a julguemos, sempre estaremos enxergando-a com a lente do discernimento humano. Não existe um estado assim, porque indicaria ele a impossibilidade de qualquer novo progresso, uma condição estática em que não mais haveria movimento algum, um término, enfim, em que tudo estaria em absoluto equilíbrio. E mesmo que houvesse uma tal perfeição, ela não seria desejável porque, em última instância, denotaria uma coisa só: estagnação.

Qual de nós desejaria ter, como mestre, uma entidade espiritual estagnada ?

Se a marca da entidade livre é saber/poder - e não perfeição -, seu empenho é serviço, ação, porque os primeiros só se justificam como instrumentos do segundo. 0 serviço à humanidade, essa ação das entidades livres que comentamos atrás, é a expressão mais cristalina do que é chamado de amor. É o amor que tudo dá e nada pede em troca; o que vê em cada homem a centelha divina, ainda que velada; o que não possui discriminação de qualquer espécie; o que está sempre pronto a orientar, a ajudar, a amparar, a curar, a amar.

O que nos cabe, portanto, é sermos canais de manifestação deste saber/poder/amor.

Nenhum comentário:

Postar um comentário